Safra forte, juros altos: entenda o que impactou o IBC-Br

A economia brasileira iniciou 2025 com um ritmo mais forte do que o esperado, mesmo diante de um cenário de juros elevados e aperto monetário. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado um termômetro do PIB, registrou alta de 0,9% em janeiro, superando a projeção de 0,22% da pesquisa da Reuters. O avanço do indicador representa uma recuperação significativa após a queda revisada de 0,6% em dezembro.

IBC-Br: desempenho e perspectivas para 2025

Na comparação anual, o IBC-Br cresceu 3,6%, enquanto o acumulado em 12 meses aponta um avanço de 3,8%. O resultado contraria as expectativas de desaceleração econômica, especialmente considerando o crescimento de 3,4% do PIB em 2024.

Apesar do desempenho positivo no início do ano, analistas ainda projetam uma perda de fôlego da economia ao longo de 2025, com o impacto mais evidente da política monetária restritiva. A Pesquisa Focus do Banco Central aponta que o mercado espera um crescimento do PIB de 1,99% neste ano e de 1,60% em 2026. No entanto, uma safra agrícola robusta pode ajudar a sustentar a atividade econômica nos primeiros meses do ano.

Juros e decisão do Banco Central

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta semana para definir os rumos da taxa Selic, atualmente em 13,25%. Com um cenário de inflação elevada e desvalorização do real, a expectativa é de que o Banco Central opte por um novo aumento de 1 ponto percentual, reforçando o tom mais rígido da política monetária.

Setores da economia ainda mostram fraqueza

Apesar da alta do IBC-Br, alguns setores-chave registraram desempenho abaixo do esperado em janeiro:

  • Setor de serviços: queda de 0,2%;
  • Vendas no varejo: recuo de 0,1%;
  • Produção industrial: estagnação.

A divergência entre o avanço do IBC-Br e o desempenho negativo desses segmentos levanta dúvidas sobre a sustentabilidade desse crescimento ao longo do ano.

O impacto do agro no IBC-Br

O economista da Suno Research, Rafael Perez, destacou que o crescimento acima do esperado do IBC-Br reflete, em grande parte, a força do agronegócio e do varejo ampliado no início do ano. “O IBC-Br veio bem acima do esperado muito provavelmente refletindo o forte crescimento do agro, mas também o crescimento expressivo do varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, e avançou 2,3% em janeiro“, explicou.

Segundo Perez, esses dois setores podem ter compensado os resultados fracos dos segmentos de serviços e varejo restrito, além da estabilidade da indústria. Ele também avalia que o PIB do primeiro trimestre de 2025 deve seguir em alta, impulsionado pela safra recorde de grãos, especialmente a soja, que concentra quase 60% da produção entre janeiro e março. No entanto, a partir do segundo trimestre, os impactos da política monetária mais restritiva devem ser sentidos com maior intensidade, desacelerando a economia.

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