Idosa que teve casa interditada após vazamento causado pelo Saae aguarda há 10 meses por indenização: ‘Trauma muito grande’


Nair Vieira, de 72 anos, teve que deixar a casa onde morava havia quatro décadas após um duto do Saae se romper e danificar a estrutura do imóvel, em Sorocaba (SP). Família relata demora na liberação de pagamento para conseguir reconstruir e voltar para a casa. Mãe e filho cobram explicações do Saae após casa da família ser interditada por causa de vazamento subterrâneo
Arquivo pessoal
Uma idosa de 72 anos precisou deixar a casa onde mora no Jardim São Carlos, em Sorocaba (SP), após o imóvel ser interditado por causa de um vazamento subterrâneo causado por instalações do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). A interdição foi feita em janeiro deste ano e, desde então, a família aguarda a verba necessária para conseguir reformar e voltar para a residência.
Ao g1, o filho de Nair Vieira, Anderson Antonio Gonçalves, conta que o vazamento foi causado pelo rompimento de um duto subterrâneo.
“O alicerce levantou tanto que a nossa casa tem alguns lugares que você não pode pisar, que você fica com medo de cair em um buraco para baixo do terreno. Foi tudo muito rápido, em dois dias a casa praticamente desmontou”, diz.
O imóvel, que fica na Rua Professor Magalhães de Noronha, número 498, teve a estrutura comprometida e foi interditado pela Defesa Civil. Além da idosa, moravam na casa o filho, a nora e a neta dela.
Casa da idosa no Jardim São Carlos, em Sorocaba (SP), teve rachaduras em todos os cômodos depois de vazamento subterrâneo
Arquivo pessoal
Segundo Anderson, o vazamento subterrâneo causou rachaduras nas paredes e no chão de diversos cômodos. O chão sofreu desnível e ficou inclinado. Algumas paredes chegaram a cair. Na área externa, também é possível ver as rachaduras nas paredes. Perto da piscina, os pisos se soltaram. Houve invasão de águas subterrâneas dentro de cômodos na casa na ocasião.
“Nosso terreno ao lado também sofreu impactos e rachou em diversos pontos. Estamos até com dificuldades em vender este terreno. Vizinhos deste terreno foram afetados em seus muros, mas as casas deles não sofreram tanto quanto a nossa. Por incrível que pareça, as águas subterrâneas destroem tudo”, explica.
Casa da idosa no Jardim São Carlos, em Sorocaba (SP), teve rachaduras em todos os cômodos após duto do Saae romper
Arquivo pessoal
Segundo Anderson, o Saae alugou um imóvel para a família morar e pediu para que eles fizessem três orçamentos para a reforma da casa, que será arcada pela autarquia.
“Nós entregamos esses orçamentos em março e um deles foi aprovado. Faltava apenas fazer o pagamento para as obras começarem. O Saae informou que poderia ser reconstruído o imóvel ali ou a gente poderia pegar o dinheiro e comprar outra casa. Isso foi em junho, quando estava tudo certo para nos pagarem a verba. Porém, o diretor do Saae deixou o cargo depois disso e não tivemos mais notícia sobre o pagamento. Mandamos e-mails, mas nada se resolve”, conta.
Alfeu Malavazzi Neto deixou o cargo de superintendente do Saae em 19 de julho de 2024. Genivaldo Maximiliano de Aguiar assumiu o lugar de Alfeu, que estava à frente da autarquia desde abril deste ano. Foi a terceira mudança na diretoria em menos de sete meses.
Danos atingiram o imóvel por dentro e por fora; morador diz que terrenos vizinhos também foram afetados
Arquivo pessoal
Segundo o morador, esta foi a segunda vez que a família foi prejudicada pelo problema.
“Há uns 15 anos mais ou menos, aconteceu a mesma coisa, só que, na época, o Saae fez um ‘buracão’ na frente da nossa casa para consertar redes de esgoto. A gente também precisou sair da casa, o Saae alugou um lugar para a gente e reformou a nossa casa em oito meses. Mas agora a situação está pior, porque a estrutura toda da casa foi danificada”, conta.
Danos atingiram o imóvel por dentro e por fora; morador diz que terrenos vizinhos também foram afetados
Arquivo pessoal
Prejuízos e incertezas
Segundo a família, o contrato do imóvel cujo aluguel é pago pelo Saae termina em janeiro de 2025. “A gente não tem informações. Teremos que correr atrás do Saae para renovar o contrato enquanto não pagam o estrago?”, questiona Anderson.
A família também afirma que perdeu móveis e pertences pessoais por causa dos danos e que acionou diversas vezes a autarquia antes da interdição para denunciar as rachaduras.
Família também perdeu móveis por causa do vazamento
Arquivo pessoal
“Eles demoraram para vir. Minha mãe ligava e comunicava, pedia para virem ver se tinha risco para a gente. Aí, quando vieram, a Defesa Civil já pediu para a gente deixar a casa. Por enquanto, a gente nem está falando em danos morais, em toda essa complicação que estamos passando, do perigo que corremos morando dentro da casa daquele jeito. Nada disso foi colocado em questão, porque até então o Saae estava colaborando com a resolução e com a solução de tudo”, relata Anderson.
Nair Vieira, de 72 anos, precisou deixar a casa onde morava havia cerca de 40 anos após danos na estrutura do imóvel causados por rompimento de cano do Saae
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A aposentada viveu quase 40 anos na casa. Além das perdas materiais, Nair sofre com a ausência da rotina que tinha em uma região onde já estava acostumada a viver.
“Ela está muito abalada. Foi um trauma muito grande para a gente, primeiro pelo perigo de estar lá dentro e a casa cair em cima da gente, porque rachou tudo de madrugada. Segundo, depois desse trâmite de ficar indo atrás do Saae e nada se resolver, inclusive quando ela foi falar com o prefeito na prefeitura na primeira vez, até a pressão dela baixou, porque foi um abalo muito grande para ela. Ela sente falta da casa.”
Rachadura atravessa chão e paredes da casa da aposentada. Imóvel foi interditado pela Defesa Civil de Sorocaba (SP) após rompimento de cano do Saae
Arquivo pessoal
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura informou que o Saae tem indenizado os aluguéis necessários para a alocação da família, enquanto necessário. Com relação ao pagamento da indenização, a prefeitura informou que o o processo aguarda disponibilidade orçamentária do Saae.
O g1 questionou se há uma data para o pagamento ser feito e também como a família deve proceder em relação ao contrato de aluguel, que vence em janeiro do ano que vem, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
“Para casos semelhantes, em que o munícipe perceba a ocorrência de rachaduras e algum tipo de risco à integridade física dos moradores, a recomendação é acionar a Defesa Civil, pelo telefone 199, para que a equipe técnica vistorie o local, se há necessidade de interdição do imóvel”, completou em nota.
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