Os novos 60: as características dessa geração que estuda, trabalha e quebra preconceitos


A população com mais de 60 anos no Brasil cresceu mais de 50% na última década, superando, pela primeira vez na história, o número de jovens entre 15 e 24 anos. Edição de 08/11/2024
[ÍNTEGRA]
A população com mais de 60 anos no Brasil cresceu mais de 50% na última década, superando, pela primeira vez na história, o número de jovens entre 15 e 24 anos. Nesta sexta-feira (8), o Globo Repórter revelou as características e segredos dessa geração que estuda, trabalha, se reinventa e quebra preconceitos. Saiba mais abaixo.
Reinvenção
Brasil tem cerca de 4 milhões de empreendedores com mais de 60 anos
Geralda Rodrigues, de 65 anos, está sempre se reinventando não importa a idade. As 24 horas são poucas para tanta atividade dessa empreendedora nata que transformou a casa dela em São Bernardo do Campo (SP) em uma multiempresa. Veja no vídeo acima.
Assim como a Geralda, o Brasil tem cerca de 4 milhões de empreendedores com mais de 60 anos. A escassez de emprego para a faixa etária levou 91% a tentar um negócio próprio. Hoje Geralda também incentiva outras mulheres a empreenderem na maturidade.
“”Quando uma vó ou mãe falar: ‘ah, eu tenho vontade de trabalhar’. Nunca fale: ‘não, não pode’. Diga: ‘vai’. Eu falo para todas: ‘vamos que vai dar certo'”, destaca Geralda.
Empreendedorismo 60+
Reprodução/TV Globo
Novos caminhos profissionais
Como profissionais 60+ estão se reinventando no mercado de trabalho
A reportagem também destacou os novos caminhos que estão se abrindo para essa geração no mercado de trabalho. Veja no vídeo acima.
Depois de décadas em cargos gerenciais e executivos de um banco, Nivaldo Theodoro se viu desempregado aos 50.
“Eu cheguei lá e falaram: ‘olha você não está mais nos nossos planos. Eu acho que a questão do etarismo também colaborou um pouco'”, aponta o gerente administrativo.
Agora, aos 62 anos, Nivaldo começou a trabalhar em uma empresa de marketing digital em São Paulo. O gestor experiente foi chamado para dar uma arrumada na casa da jovem agência de comunicação, na zona central paulista.
“Tem gente que tem mais de meia vida e esses anos todos não vai fazer nada com isso?”, relata Nivaldo.
Os novos modelos de trabalho pensados para profissionais 60+
Estudos recentes mostram que o número de desempregados acima de 50 anos triplicou na última década, com 70% das empresas contratando pouco ou nenhum profissional dessa faixa etária. E 86% dos maiores de 60 afirmam já ter enfrentado algum preconceito no mercado de trabalho.
Foi esse cenário que motivou Juliana Ramalho a criar uma plataforma focada em TAAS (Talent as a Service ou Talento como Serviço), conectando profissionais maduros com pequenas e médias empresas. Hoje, a plataforma conta com mais de 4 mil pessoas com mais de 50 anos inscritos.
Para Juliana, o segredo está em os profissionais 60+ se verem como empresas, oferecendo soluções específicas para os problemas que as organizações costumam ter.
“Eu falo: ‘tira a camiseta do sou velho, põe a camiseta do eu resolvo esse problema e vamos para essa nova mentalidade de trabalho, que não é emprego, é trabalho. Você agora é uma empresa e você resolve esses problemas’. É até um efeito de autoestima, porque eles se veem renovados”, pontua a empreendedora.
Novos caminhos profissionais e reinvenção após 60+
Reprodução/TV Globo
‘Velhofobia’: combatendo o preconceito contra a velhice
‘Velhofobia’: antropóloga fala sobre estigma associado à velhice
Liberdade, felicidade e a palavra com “f*” é um dos lemas da antropóloga e escritora Mirian Goldenberg. Autora de 30 livros, Mirian é referência na pesquisa do envelhecimento e do comportamento feminino.
“Cada vez que falam você é uma velha ridícula porque estou usando o que eu sempre usei, aperto o meu botão e vou viver minha vida do jeito que eu sou”, pontua.
Ela destaca os estigmas da “velhofobia”.
“Numa cultura que valoriza tanto a juventude, nós temos pânico de envelhecer. Nós enxergamos a velhice com óculos da velhofobia. É enxergar eles como doença, como perdas. Lógico que existe, mas não é só isso. É uma lógica que exclui e trata os velhos como descartáveis”, destaca
A palavra “idoso” que está no estado também passou a ser questionada pela nova geração prateada. Segundo a antropóloga, os que passaram dos 80 se orgulham de ser “velhos”, mas os que estão na casa dos 60 preferem ser chamados de “maduros”. Já ela gosta de “maiores”, como dizem na Espanha.
“Eu tento ser uma velha sem vergonha, uma velha sem vergonha de envelhecer. Eu não sei se são novos 60 eu diria que são livres e corajosos”, ressalta.
Antropóloga e escritora Mirian Goldenberg
Reprodução/TV Globo
Os 60+ na universidade
Primeira graduação aos 61: a história da mulher que passou em 1º lugar em curso na UnB
Mais de 50 mil maiores de 60 anos matriculados no ensino superior, faixa etária que mais cresceu na procura pela graduação no Brasil.
Valdina Ferreira e Valdir Côrrea passaram no vestibular da Universidade de Brasília (Unb) exclusivo para pessoas com mais de 60 anos. Os dois são colegas de turma em Ciência Biológicas.
“Você já imagina, eu, aluno EJA, passar na faculdade UNB é um padrão muito elevado, né? Eu tenho que me desdobrar. Agora, desistir jamais”, afirma Valdir.
“Eu quero que as pessoas se espelhem em mim, que tomem as dificuldades como exemplo. Se ela pôde chegar, com todas essas dificuldades, eu também posso”, diz Dina.
Dina e Valdir são colegas de turma em Ciências Biológicas na Unb
Reprodução/TV Globo
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