A epopéia Trump

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em 6 de novembro de 2024, em West Palm Beach, FlóridaJIM WATSON

A vitória de Trump foi surpreendente ou não? A pergunta toma espaço porque o candidato republicano começou essa caminhada eleitoral como franco favorito, mas experimentou um período de baixas e incertezas, especialmente por força de condenações judiciais envolvendo o seu nome.

Nesta verdadeira epopéia, o agora eleito, ou reeleito, presidente dos EUA, navegava em “céu de Brigadeiro” quando seu opositor era o Joe Biden. O democrata e atual presidente se revelou confuso e claudicante, mostrando até sinais de senilidade segundo algumas análises. Os debates televisivos cuidaram de exibir essa fragilidade toda, redundando na desistência de Biden em julho deste ano.

Chamada às pressas para substituir o representante dos democratas na campanha presidencial, sua vice, Kamala Harris, assumiu o desafio cercada de dúvidas. Primeiro para confirmar a indicação de seu nome frente a outras postulantes como Nancy Pelosi e Michele Obama e, segundo, para conseguir, em curto espaço de tempo, mostrar-se viável politicamente.

Harris foi uma candidata à altura do pleito. Muito embora tenha perdido por expressiva margem — em 2020 Trump perdeu para Biden por uma margem muito estreita — conseguiu levar o desafio adiante de modo até mesmo surpreendente se levarmos em conta as circunstâncias, de modo especial o exíguo tempo disponível para se fazer conhecida e inflamar a militância democrata em torno do seu nome.

Bem de se ver, formou-se uma onda otimista em relação à Kamala em que vários ingredientes buscaram se amalgamar, começando por sua condição de mulher e negra. Mas outros itens também entraram nesta equação, de modo destacado de cunho ideológico, cultural e comportamental, como o patrocínio dos direitos das minorias, defesa da agenda “woke”, ecologia e uma peculiar visão dos direitos humanos.

Uma eleição norte-americana sempre envolve embate de valores, essa, porém, parece ter feito isso num nível bastante expressivo, talvez inédito. E, resolvida a eleição, resta analisar suas consequências. Sai Biden, entra Trump. Sai uma visão de vida, sociedade e mundo e entra outra.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse www.institutoconviccao.com.br.

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