Eleição de Trump deve mexer nas relações do Brasil com um de seus maiores parceiros comerciais; entenda


Em 2024, o fluxo de exportações do Brasil para os Estados Unidos chegou a quase US$ 33 bilhões. Os principais produtos exportados são petróleo, aço, ferro e café. Eleição de Trump deve mexer nas relações do Brasil com um de seus maiores parceiros comerciais
A eleição de Donald Trump deve mexer nas relações do Brasil com um de seus maiores parceiros comerciais.
Quando se trata de relação comercial, não há distância no mapa que evite impactos econômicos. No retorno à Casa Branca, Donald Trump promete aumentar as taxas de importação para estimular a indústria americana. Economistas explicam que medidas protecionistas podem atingir o Brasil – que exportaria menos.
“A gente tem, com as propostas que ele veiculou na campanha, que a gente também não sabe o quanto elas, de fato, serão executadas ou não, mas são propostas que primeiro olham para uma economia americana mais protegida. Então, a gente está falando de mais tarifas. Os produtos brasileiros para entrarem no território americano vão acabar pagando uma tarifa maior do que já pagam hoje. Então, a gente vai perder alguns benefícios e na verdade ter uma dificuldade maior para colocar esse produto lá”, afirma Juliana Inhasz, professora de economia do Insper.
Os Estados Unidos são nosso segundo maior parceiro comercial. Em 2024, o fluxo de exportações para lá chegou a quase US$ 33 bilhões. O que mais vendemos: petróleo, aço, ferro e café. Já as exportações para o nosso maior parceiro comercial, a China, ultrapassaram US$ 83 bilhões. Há duas décadas, o cenário era bem diferente. A China era o quarto maior comprador de produtos brasileiros. Hoje, os asiáticos lideram com folga.
Eleição de Trump deve mexer nas relações do Brasil com um de seus maiores parceiros comerciais
Jornal Nacional/ Reprodução
Os produtores de carne suína acreditam que podem escapar de um eventual aumento de impostos porque a nossa produção complementa a americana, e que podem se beneficiar no caso de acirramento das relações comerciais entre Estados Unidos e China.
“Estamos preparados, inclusive, para suprir eventuais, digamos assim, brigas políticas, eventual diminuição da exportação americana para algum país em face de uma retaliação, o Brasil está pronto para trabalhar nessas partes”, diz Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal.
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O setor do aço enxerga espaço para negociar com o novo governo para aumentar o limite de exportação do produto brasileiro, estabelecido na primeira gestão de Trump.
“Temos um regime desde 2018 em que cria, ao nosso ver, uma expectativa de maior flexibilização, uma melhora dessas relações estabelecidas desse comércio bilateral. Nós entendemos que existe uma possibilidade muito grande de que esse sistema seja melhorado”, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil.
Fernando Martins toca uma fábrica de parafusos para a indústria automobilística na Grande São Paulo que pretende começar a exportar para os Estados Unidos. Mas ele acredita que, para o produto nacional ser mais competitivo, é preciso reduzir o “custo Brasil”.
“A China, mesmo com uma sobretaxa nos produtos chineses, vai ser mais competitiva. A gente não vai conseguir ter custo competitivo na situação que nós estamos”, diz Fernando Martins, diretor-presidente da fábrica.
Faltando mais de dois meses para a posse, Nelson Marconi, professor de economia da FGV, diz que é preciso aguardar para saber como será o novo governo Trump.
“Tudo depende da magnitude e alcance das medidas que ele está anunciando. Se realmente implementar o que ele falou, eu acho que a gente pode ter um impacto significativo aqui. No primeiro mandato, ele também falou que faria várias dessas medidas, fez algumas, mas ele não foi tão profundo assim, digamos, tão intenso. Agora, ele está defendendo um protecionismo maior do que da outra vez. Vamos ver realmente até onde vai isso”, afirma Nelson Marconi, professor de economia da FGV EAESP.
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