TikTok é processado por ‘promoção ao suicídio’ de adolescentes por 7 famílias na França


Famílias acusam a rede social de vídeos curtos de expor crianças a inúmeros vídeos que promovem suicídio, automutilação e distúrbios alimentares; entenda o caso. Famílias acusam o TikTok de expor crianças a inúmeros vídeos que promovem suicídio, automutilação e distúrbios alimentares.
Dado Ruvic/Illustration/REUTERS
Um grupo de sete famílias francesas anunciou, nesta segunda-feira (4), que vai processar a rede social chinesa TikTok no tribunal em Créteil, região metropolitana de Paris, na França.
Os pais de sete adolescentes criaram o coletivo Algos Victima através do qual acusam o algoritmo da rede social de expor seus filhos a conteúdos que os colocam em risco de vida. Trata-se do primeiro caso do tipo na Europa.
A advogada representante do coletivo Algos Victima, Laure Boutron-Marmion, informou estar levando uma das redes sociais mais poderosas do mundo ao tribunal.
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As sete famílias francesas acusam o TikTok de expor crianças a inúmeros vídeos que promovem suicídio, automutilação e distúrbios alimentares. Com a ação civil, as famílias pretendem que o tribunal de Créteil reconheça que o TikTok cometeu uma falha ao permitir a circulação desse tipo de conteúdo em sua plataforma.
O caso diz respeito a sete meninas adolescentes.
O objetivo é obter o reconhecimento da responsabilidade da rede social na deterioração da saúde física e mental dessas crianças. Duas delas tiraram as próprias vidas quando tinham 15 anos. Quatro das sete adolescentes tentaram tirar a própria vida, e uma sofria de anorexia. Os pais de uma delas, Marie, registraram uma queixa criminal no ano passado.  
Mais de 1,2 bilhão de usuários em todo o mundo 
As famílias também querem que a rede social regule os vídeos de forma mais eficaz, para que os menores não sejam mais bombardeados, quando estiverem em uma situação ruim, com conteúdo que possa incentivar o suicídio. 
O estatuto da plataforma, usada por mais de 21 milhões de usuários na França (e mais de 1,2 bilhão em todo o mundo), afirma que a rede está comprometida em “proporcionar um ambiente seguro e atencioso”. 
“Estamos comprometidos em fornecer aos adolescentes e às famílias ferramentas e recursos para ajudar a todos em sua jornada para o bem-estar digital”. E, finalmente, “o TikTok é um aplicativo móvel para vídeos curtos. É um espaço para conteúdo divertido e positivo”, segundo pronunciamento da rede. 
No entanto, todas as famílias explicam a mesma coisa: depois de assistir a conteúdo relacionado a autoimagem ou dieta, seus filhos rapidamente se depararam com muito conteúdo violento, alguns promovendo automutilação, suicídio ou distúrbios alimentares. 
A ‘espiral descendente’ do algoritmo 
Delphine, a mãe de Charlize, explicou à reportagem da FraceInfo, portal de notícias da França, que sua filha, vítima de assédio, procurou refúgio no TikTok. A jovem ficou viciada e buscou conteúdo relacionado a seus problemas, o que a levou a uma ‘espiral descendente’. 
“O algoritmo percebeu o estilo de pesquisa da minha filha e sugeriu outros conteúdos, cada vez piores, sobre depressão e escoriações. O TikTok amplificou seu desconforto, inundando-a com conteúdo que os adolescentes de sua idade nunca deveriam ver”, acusa a mãe da adolescente.
O pai de Charlize, Jérémy, acrescentou: “A imagem que eu tinha do TikTok era de vídeos de dança ou tutoriais de maquiagem, mas em nenhum momento pensei que haveria vídeos explicando como desmontar uma lâmina de um apontador de lápis para fazer escoriações. Isso parecia inconcebível para mim”. 
As sete famílias, representadas por Laure Boutron-Marmion, acreditam que o TikTok cometeu um crime grave ao não moderar o conteúdo relacionado a suicídio, automutilação e distúrbios alimentares.
Eles também acusam a plataforma de negligência por não criar um sistema de moderação eficaz para evitar que menores de idade sejam expostos a esse tipo de conteúdo.
Esses pais também não entendem por que o TikTok não avisa os usuários sobre a natureza viciante de seu aplicativo. De acordo com suas famílias, as adolescentes caíram na armadilha do aplicativo e de seu poderoso algoritmo. 
Os vídeos alimentaram seu mal-estar, segundo os pais, e levaram a uma deterioração de sua saúde mental e física. 
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