Especialista explica diferenças entre mosquito da dengue e pernilongos


Nem todo mosquito que voa pela casa é transmissor da doença que já atinge mais de 1 milhão de casos em 2024 no Brasil. Aedes aegypti
Reprodução
Nesta época do ano, o calor e a chuva favorecem a proliferação não só do mosquito da dengue, mas também dos conhecidos como pernilongos ou muriçocas.
Nem todo mosquito que voa pela casa é o da dengue. Na dúvida, a auxiliar de serviços gerais Ângela Maria de Souza Barbosa tenta se proteger de todos.
“Repelente, álcool perfumado de todo tipo, aquele cheiro que espanta pernilongo”, diz. “Tem de usar de tudo né.”
A filha dela, Letícia Souza Barbosa, controladora de acesso, já pegou dengue e também está preocupada.
“Na minha casa mesmo, a gente não sabe se [o mosquito] se é o da dengue, ou pernolongo. Porque é um monte. De uns dias para cá, está cheio”, diz Letícia.
É só e Aedes aegypti que provoca dengue, Zika e Chicungunha. Ele é preto com listras brancas nas pernas. A reprodução, em geral, é em água limpa e parada.
Um outro mosquito, marrom, é o Culex, pernilongo comum chamado também de Muriçoca, que se reproduz em água suja. Ele está associado a transmissão da filariose, conhecida como elefantíase. Doença, que segundo o Ministério da Saúde, está em fase de eliminação como problema de saúde pública. O último caso foi em 2017, no Recife.
O Culex também foi responsável, nos últimos cinco anos, por sete casos confirmados de Febre do Nilo Ocidental nos estados do Piauí e Tocantins.
Em São Paulo, os agentes de saúde fazem ações para combater as duas espécies de mosquito.
No dia-a-dia, nem sempre dá para diferenciar um do outro só olhando. Até porque de longe os dois são parecidos. Têm quase o mesmo tamanho e, quando picam, podem provocar coceira na pele. Mas existem algumas diferenças: ao contrário do pernilongo comum, o Aedes aegypti costuma atacar mais durante o dia, principalmente no início da manhã e no fim da tarde.
E não adianta se guiar pelo som: os dois fazem aquele zumbido. É que a gente repara mais no do pernilongo.
“Esse barulho de bater as asas, vibrar as asas, todos eles fazem, porque permitem que eles se desloquem. E você só percebe quando esta muto perto de você”, explica Rosa Tubaki, pesquisadora científica do Instituto Pasteur.
Como o Aedes voa mais baixo, costuma picar mais as pernas, assim a gente não escuta o zumbido. O pernilongo tem hábitos noturnos e aparece bem na hora do sono.
“Só aparece à noite, advinha que a pessoa vai dormir e aparece”, diz Ângela.
Segundo os cientistas, o calor mais intenso provocado pelas mudanças climáticas aumentou a proliferação dos mosquitos. O acúmulo de lixo nas cidades é outro fator que favorece a reprodução.
“Tem muito plástico, lixo, plástico na cidade, as caixas, caixas d’água, as piscinas, casas abandonadas muitas casas sem manutenção, mesmo cobertura de prédio, tudo isso o mosquito se aproveita e prolífera em grande quantidade”, argumenta José Eduardo Levi, pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da USP e superintendente de pesquisa e desenvolvimento da Dasa.
A dona Maria Leni Oliveira de Lima não quer ver nenhum mosquito por perto.
“A senhora vê água parada onde?”, pergunta a repórter à aposentada. “Ali em cima têm duas lajes, aqui que está cheia de bichinho assim, com larva…”, responde Leni.
Repórter: “Ah, a senhora viu com larva?”
Leni: “Ontem, eu fiz o rapaz varrer. Ontem eu fiz ele tirar né.”
Repórter: “E a senhora sabe o que tem que fazer para evitar mosquito em casa?”
Leni: “Sim, não deixar água parada, não deixar plantinha com vazinho cheio de água, essas coisas assim”
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