‘Não quero vingança e sim Justiça’, diz mãe de torcedor do Cruzeiro morto em emboscada por palmeirenses em SP


Em entrevista ao g1 e ao Fantástico, o pai de José Victor Miranda dos Santos também desabafou e chamou de ‘tortura’ o ataque dos integrantes da Mancha Alviverde ao ônibus em que o filho estava. Família de José Victor Miranda dos Santos, cruzeirense que foi assassinado em emboscada feita por torcedores do Palmeiras
Reprodução/TV Globo
A mãe do torcedor do Cruzeiro que foi assassinado em uma emboscada por palmeirenses disse, em entrevista ao g1 e ao Fantástico, que o filho foi vítima de “covardia” e “brutalidade” e pede Justiça para que ele “não fique nas estatísticas”.
“Como mãe, eu não quero vingança e sim justiça porque o que eles fizeram foi muita covardia, muita brutalidade. Eles [os cruzeirenses] estavam dormindo. Isso dói. Não precisei ver os vídeos porque só de ver a forma como meu filho foi e voltou, dentro de um caixão, já explica tudo o que aconteceu. Justiça. Esta é a palavra. Queremos Justiça. E que ele não fique nas estatísticas. Porque não foi o primeiro, e se não parar, não vai ser o último”, afirmou Jaqueline Alves.
José Victor Miranda dos Santos, de 30 anos, morreu no dia 27, quando os ônibus da torcida organizada Máfia Azul foi atacado por integrantes da torcida organizada Mancha Alviverde, maior e principal torcida organizada do Palmeiras, na rodovia Fernão Dias, na Grande São Paulo.
Jaqueline contou que o filho sempre avisava onde estava. E que no dia 27 recebeu uma mensagem dele avisando que iria para Curitiba e voltaria no domingo. “Era um filho presente, trabalhador, compromissado com as coisas dele, tinha um coração bom, amava demais tudo e todos. Era um menino carinhoso, principalmente com o filho. Então, está sendo muito difícil.”
José Victor Miranda dos Santos, cruzeirense que morreu em emboscada feita por palmeirenses em SP
Arquivo pessoal
O pai de José Victor, José Geraldo, disse que ele era um ótimo filho. “Sempre disponível para ajudar as pessoas. A gente precisava dele, e ele não media esforços. Era uma pessoa que todo mundo gostava. Muito carismático. Toda vez que ele me via, em algum lugar na cidade, perguntava o que estava acontecendo. Essa tortura acabou com ele e com a nossa vida. Ser humano nenhum merece passar pelo que o meu filho passou. A justiça de Deus será feita porque ela não falha.”
O filho de José Victor, Miguel Henrique, de 10 anos, disse que “ele sempre foi um ótimo pai”. “Não deixava faltar nada para mim. Eu o amava muito, e ele também me amava. Não deixava nada acontecer comigo. E eu vou continuar sempre amando ele, como ele me amava.”
José Victor Miranda dos Santos e o filho
Arquivo pessoal
A irmã, Júnia, lembrou as duas paixões de José Victor: o filho e o Cruzeiro. “Era lindo ver a paixão que ele tinha pelo próprio filho. Todos nós estamos sofrendo porque ele era uma ótima pessoa. E o Cruzeiro era a paixão dele desde criança.”
Ele era conhecido na cidade de Sete Lagoas, Minas Gerais, pela alegria. “Sempre que ele ia embora das reuniões da torcida Máfia Azul, ele dizia: ‘O último apaga a luz’”, contou o tio Wellington Alves dos Santos.
O cruzeirense trabalhava como entregador numa distribuidora de bebidas. “Era um ótimo funcionário. Sempre era chamado para cobrir as ausências de outros colaboradores pela excelência no trabalho” disse o tio.
“Sempre foi uma pessoa excelente, filho excelente, pai excelente, um amigo excelente. A gente pede que essas brigas acabem porque o esporte é muito bom. E o que gente viu foi um cenário de guerra. Talvez Deus tenha o usado para cessar de vez essa violência. Quantas famílias precisarão chorar seus filhos para que isso acabe? Porque ele não está mais conosco, mas a dor é eterna.”
Imagens mostram palmeirenses se preparando para emboscar cruzeirenses
Um torcedor foi preso, sete estão foragidos
A Polícia Civil prendeu na sexta-feira (1º) Alekssander Ricardo Tancredi, torcedor do Palmeiras e integrante da torcida organizada Mancha Alviverde suspeito de participar da emboscada contra cruzeirenses.
Alekssander é apontado pelos investigadores como um dos executores da emboscada. Oito palmeirenses foram identificados pela polícia como suspeitos de atuação na emboscada. Apenas Alekssander havia sido preso até a última atualização desta reportagem.
O que diz a Mancha
A TV Globo e o g1 tentam contato com a Mancha Alviverde para tratar da decretação das prisões dos seis torcedores palmeirense e as buscas e apreensões. A torcida também não comentou a decisão da Federação Paulista de Futebol que proibiu a entrada da torcida organizada em partidas de futebol.
Em suas páginas oficiais na internet, a direção da Mancha Alviverde negou que tenha organizado, participado ou incentivado qualquer ação relacionada a emboscada contra os cruzeirenses. E que não se responsabiliza por ações isoladas de palmeirenses envolvidos no ataque. A torcida informou ainda que lamenta profundamente o que ocorreu e que repudia com “veemência” a violência.
A direção da Máfia Azul se manifestou em suas redes sociais na web. No Instagram, a torcida fez postagens com mensagens repudiando o ataque dos palmeirenses contra cruzeirenses. Numa delas, escreveu que “o choro da mãe do seu rival não traz a alegria da sua”.
O Palmeiras informou por meio de nota enviada à TV Globo que repudia as cenas de violência do final de semana envolvendo torcedores do clube contra a torcida do Cruzeiro. E defendeu uma punição rigorosa para os criminosos.
O Cruzeiro também se manifestou informando por sua rede social que “lamenta profundamente” mais um episódio de violência. E que é preciso dar um basta a atos criminosos.

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