Mulher grávida de nove meses morre em frente a hospital e família suspeita de negligência médica no ES


Syang Siqueira de Souza chegou a ser levada a um hospital após sentir dores e falta de ar, entretanto, foi consultada, liberada e morreu horas depois. A bebê Malya também não sobreviveu. Syang Siqueira de Souza estava grávida de nove meses e morreu dentro de ambulância. Família suspeita de negligência médica.
Arquivo pessoal
Uma mulher de 21 anos, grávida de nove meses, morreu dentro de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em frente ao Centro de Saúde de Água Doce do Norte, no Noroeste do Espírito Santo. Syang Siqueira de Souza estava grávida de Malya. Mãe e bebê foram enterradas nesta terça-feira (23).
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Na manhã do último domingo (21), Syang se queixou de dores na região pélvica e dizia sentir falta de ar, mesmo quando estava de pé. Ela foi levada pelo esposo Leandro Soares Lorêdo ao centro de saúde da cidade e de lá encaminhada por um clínico-geral para o Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra de São Francisco, município vizinho, para se consultar com um especialista.
Leandro relatou que no hospital de Barra de São Francisco, uma médica obstetra analisou Syang, fez o exame do toque e informou que a mulher não estava dilatando e o colo do útero estava fechado. A obstetra aconselhou que ela e o marido retornassem para casa, mesmo faltando dois dias para Syang completar 41 semanas de gestação.
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Ainda no domingo (21) à noite, a grávida voltou a sentir falta de ar, só que de maneira mais intensa. Novamente, Syang foi ao centro de saúde de Água Doce do Norte, onde o médico que estava de plantão fez o atendimento e desconfiou de algo mais grave. O Samu foi acionado, dessa vez com pedido de UTI.
De acordo com Leandro, o Samu demorou cerca de 40 minutos para chegar até o centro de saúde de Água Doce do Norte. No local, também houve demora para que a ambulância levasse Syang até a cidade vizinha.
“Colocaram ela dentro da ambulância, que ficou parada em frente ao centro de saúde. O médico massageou a minha esposa por cerca de 45 minutos, até que em certo momento ele saiu da ambulância e disse que minha esposa havia tido uma parada cardíaca e que minha filha também havia falecido”, contou Leandro.
Leandro e Syang estavam juntos há 1 ano e 6 meses, Malya seria a primeira filha do casal.
Arquivo pessoal
A família de Syang suspeita que houve negligência por parte da médica obstetra que atendeu a grávida no Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra de São Francisco.
Além disso, os familiares não entenderam por que houve demora do Samu em levar Syang ao hospital, mesmo com a constatação por parte do médico plantonista do Centro de Saúde de Água Doce do Norte de que o estado de saúde da grávida era grave.
“Minha filha nasceria no dia 24, data em que minha esposa faria 41 semanas de gravidez. Não se atentaram à parte clínica da minha esposa, à falta de ar. Se ela estivesse no hospital, em observação, as duas estariam vivas. Agora estou sem nenhuma delas”, lamentou Leandro.
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Syang era fotógrafa, Malya seria a primeira filha dela e do Leandro, o casal estava junto há um ano e seis meses. Mãe e filha foram enterradas no Cemitério Municipal de Água Doce do Norte, em uma cerimônia que reuniu amigos e familiares.
Depois do enterro, Leandro ainda não teve condições de voltar para casa. “Estou na casa dos meus pais, não tenho condições de voltar agora sem as duas pessoas que deveriam estar comigo”, encerrou.
Leandro e Syang no chá revelação que realizaram para descobrir o sexo de Malya.
Arquivo pessoal
A Prefeitura de Água Doce do Norte decretou luto oficial de dois dias na cidade devido à perda de mãe e filha.
O que diz a Sesa:
A Secretaria de Saúde do Espírito Santo informou que Syang buscou atendimento no Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho na manhã do último domingo (21) se queixando de perda de líquido e dores. Durante o atendimento, foram realizados todos os exames necessários, assim como o pré-natal de rotina, e foi verificado que a paciente não possuía perda de líquido e que o colo de útero estava fechado e sem dilatação. A paciente foi medicada para dor e recebeu alta após a melhora clínica.
A respeito do atendimento do Samu, a secretaria informou que, após o acionamento, foi enviada uma ambulância para o atendimento à paciente, que recebeu o socorro da equipe. No entanto, Syang foi a óbito.
A Secretaria de Saúde lamentou o ocorrido e acrescentou que a direção do Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho está à disposição da família para outros esclarecimentos.
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