Aniversário de SP: com instituto, arquiteta do Jardim Colombo, na Zona Sul, reforma espaços na periferia e capacita mulheres


‘Fazendinhando’, projeto liderado por Ester Carro, atua há seis anos na comunidade e se conecta ao ODS 1: erradicação da pobreza. Arquiteta do Jardim Colombo, na Zona Sul, cria Instituto de Transformação Territorial e Social
Reprodução/TV Globo
Ester Carro tinha 21 anos e havia acabado de se formar em arquitetura quando começou a fundar o que hoje é o Instituto Fazendinhando. Seu objetivo era levar o que aprendeu na faculdade para dentro da comunidade.
“Cria” do Jardim Colombo, favela que faz parte do complexo de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, sempre desejou impactar o território de forma positiva. Foi o pai dela, líder comunitário na região, quem acabou fazendo a conexão entre a filha e outras pessoas que gostariam de trabalhar como voluntários no começo do projeto.
E deu certo. Atualmente o Fazendinhando funciona reformando espaços comunitários, casas em situações precárias e capacitando mulheres nas áreas da gastronomia, construção civil e artesanato.
Um dos primeiros trabalhos de impacto da região foi a transformação de um antigo lixão em um parque. A história foi contada pelo g1 há seis anos. Tudo foi feito com o apoio dos próprios moradores, com mutirões de intervenção no local e atualmente recebe diversos eventos.
“Tivemos que fazer um trabalho de transformação cultural na região, ou seja, não só colocar placas dizendo ‘proibido jogar lixo’. Começamos a ter atividades aqui onde as famílias foram percebendo que virou um local onde os filhos estão brincando”, explica.
Outro projeto de impacto na região surgiu durante a pandemia, após Ester perceber que havia um número muito grande de mulheres chefe de família com baixa escolaridade, morando de aluguel e desempregadas. “Começamos a desenvolver algumas capacitações com essas mulheres, primeiro na área da gastronomia, depois um piloto na área de azulejista. Foi um sucesso porque nós não tivemos evasão no curso”.
Apelidado de projeto “Fazendeiras”, ele já formou mais de 250 mulheres, parte delas já está atuando no mercado de trabalho, via parcerias com empresas privadas. Ester explica que após o término do curso a relação com as participantes é mantida. “Quando termina a capacitação começa a crescer um elo entre as Fazendeiras entre o Fazendinhando, porque nós temos grupos de whatsapp e seguimos mantendo a comunicação com elas, então toda vez que chega alguma doação ou oportunidade de trabalho, vamos compartilhando nesses grupos”.
São as Fazendeiras que atuam também em outro braço social do Fazendinhando, o Fazendolar, que tem como objetivo promover reformas em casas em situações precárias. Uma delas foi a do seu Tiquinho, que tinha apenas 4 metros quadrados e ganhou um banheiro e móveis planejados que servem tanto como escada para cama elevada, como para guardar objetos pessoais.
O Fazendolar já tem mais de 160 ambientes reformados. As obras vão sendo realizadas conforme os recursos captados. Além das fazendeiras, são contratados pedreiros e outros profissionais da própria comunidade, gerando impacto para várias pessoas da região.
“Geralmente os locais são levantados por indicação das Fazendeiras ou da própria união de moradores que têm um contato diário com a comunidade. A partir desse levantamento nós começamos o acompanhamento, que é feito com assistente social e com o profissional da arquitetura. Depois disso, conseguimos entender a situação e ter uma lista de moradias que precisam ser atendidas”.
Para o futuro, Ester pretende expandir os projetos do Fazendinhando. “Aos pouquinhos a gente vai conseguindo transformar esse território e eu tenho certeza que daqui uns anos o Jardim Colombo vai ser uma comunidade totalmente diferente e vai inspirar muitas outras ações pelo nosso Brasil e para também”.
Arquiteta do Jardim Colombo, na Zona Sul, cria Instituto de Transformação Territorial e Social
Reprodução/TV Globo
Por dentro dos ODS
Para as celebrações dos 470 anos da capital paulista, o Bom dia São Paulo, o SP1, SP2 e o g1 exibem nesta semana uma série de reportagens sobre paulistanos que estão fazendo a diferença em cada uma das áreas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ajudando a tornar a cidade um lugar melhor e mais justo para todos.
Nesta reportagem, tratamos do ODS : acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
Confira em detalhes o que ele estabelece:
1.1 Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, atualmente medida como pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia;
1.2 Até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas dimensões, de acordo com as definições nacionais;
1.3 Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados, para todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a cobertura substancial dos pobres e vulneráveis;
1.4 Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os pobres e vulneráveis, tenham direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a serviços básicos, propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, herança, recursos naturais, novas tecnologias apropriadas e serviços financeiros, incluindo microfinanças;
1.5 Até 2030, construir a resiliência dos pobres e daqueles em situação de vulnerabilidade, e reduzir a exposição e vulnerabilidade destes a eventos extremos relacionados com o clima e outros choques e desastres econômicos, sociais e ambientais;
1.a Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes, inclusive por meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento, para proporcionar meios adequados e previsíveis para que os países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, implementem programas e políticas para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões;
1.b Criar marcos políticos sólidos em níveis nacional, regional e internacional, com base em estratégias de desenvolvimento a favor dos pobres e sensíveis a gênero, para apoiar investimentos acelerados nas ações de erradicação da pobreza.
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