Veja o que se sabe sobre a morte de empresário durante ressonância magnética no litoral de SP


Causa da morte será apontada em exame de necrópsia do Instituto Médico Legal (IML). Fábio Mocci e Sabrina Altenburg estavam juntos há 11 anos
Arquivo Pessoal
A morte do empresário Fábio Mocci Rodrigues Jardim, de 42 anos, durante um exame de ressonância magnética na cabeça em uma clínica em Santos, no litoral de São Paulo, ganhou repercussão nacional. A comerciante e viúva Sabrina Altenburg Penna, de 44, aguarda o resultado da necrópsia feita pelo Instituto Médico Legal (IML) para descobrir a causa da morte. O g1 reuniu o que se sabe sobre o caso.
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Fábio se submeteu ao exame em uma clínica no bairro Vila Mathias, às 14h de terça-feira (22). Segundo a viúva, uma médica da unidade disse que ele sofreu um infarto fulminante. Apesar disso, um laudo do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) de Santos considerou a “morte suspeita”, solicitando a conclusão do IML.
Veja o que se sabe sobre o caso
1. Por que ele fez o exame?
2. O que ocorreu durante o exame?
3. Confirmação da morte
4. O que disse a clínica sobre o caso?
5. Qual a causa da morte?
6. O que disse a família da vítima?
7. O que dizem as autoridades?
8. Para que serve a ressonância e quais são os riscos?
1. Por que ele fez o exame?
Segundo Sabrina Altenburg Penna, a esposa de Fábio, um médico pediu para que ele fizesse o exame de ressonância magnética na cabeça após reclamar de sentir “muito sono” durante o dia.
“A gente sempre fez exames de rotina, mas esse em especial foi um pedido do médico”, afirmou a comerciante ao g1.
De acordo com Sabrina, o marido estava “tranquilo” com o procedimento apesar de fazê-lo pela primeira vez.
2. O que aconteceu no exame?
A viúva contou que o exame estava marcado para o meio-dia de terça-feira, mas o marido só foi atendido às 14h. Sabrina disse que o companheiro não reclamou de fome mesmo tendo passado oito horas em jejum. “Demorou muito, atrasou demais. Mas ele estava tranquilo, aguardando”, disse.
A mulher relatou ter deixado a clínica para almoçar nos andares inferiores do prédio comercial assim que o marido foi atendido, mas disse que voltou à unidade em menos de 30 minutos, perguntando a uma das funcionárias se o companheiro estava bem.
“Ela [funcionária] disse que sim, que estava fazendo o exame, agitado, normal, mas que estava tudo bem”, contou Sabrina.
De acordo com o relato, a comerciante aguardou pelo fim do exame dentro da clínica. Pouco depois de perguntar sobre o estado do marido, ela percebeu uma “movimentação estranha” de pessoas entrando e saindo do cômodo onde ele estava. Sabrina novamente questionou sobre o companheiro.
“[A funcionária] falou: ‘Olha, está tudo bem. Ele passou mal, mas já estamos resolvendo’. E ficou uma moça na porta o tempo inteiro, então sentei e fiquei esperando”, lembrou Sabrina.
Fábio Mocci Rodrigues Jardim, morreu aos 42 anos, em Santos (SP)
Arquivo Pessoal e Mult Imagem
3. Confirmação da morte
Após aproximadamente 40 minutos de “tensão e angústia”, Sabrina viu dois profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) indo em direção à sala da ressonância. Por isso, ela perguntou mais uma vez sobre o que estava acontecendo.
“Os médicos do Samu abriram a porta para entrar e vi que ele [Fábio] estava deitado e tinha uma pessoa em cima dele fazendo a massagem [cardíaca] com a mão”, relatou a mulher.
A comerciante chegou a ver a blusa do marido ser rasgada para os primeiros socorros, mas logo foi informada sobre a morte dele após infarto fulminante.
4. O que disse a clínica sobre o caso?
Nada. A equipe de reportagem entrou em contato com a Mult Imagem, em busca de um posicionamento, mas não recebeu retorno até a publicação desta matéria.
5. Qual é a causa da morte?
A comerciante foi informada na clínica sobre a morte do marido após infarto fulminante. No entanto, o corpo do empresário foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que emitiu um laudo sobre “morte suspeita”.
No documento, foi descrito que o órgão considerou “prudente e necessário o exame necroscópico e toxicológico” realizado por médico legista. “Por exposição a outras drogas, medicamentos e substâncias biológicas, não especificadas, intenção não determinada – residência”.
6. O que disse a família da vítima?
Sem saber a real causa da morte, Sabrina sofre com “milhares de dúvidas” sobre o caso.
“Até o Samu chegar foram 40 minutos, o que fizeram lá dentro [da sala] nesses 40 minutos? Ele já estava vivo? Não estava vivo? Eu não sei. Quais foram os primeiros socorros dele lá nesses 40 minutos? Quais foram as atitudes lá? Não sei de nada”, disse.
A comerciante ressaltou que não deseja culpar ninguém, mas quer entender o que causou a morte do esposo. “Entrei lá com o meu marido para fazer um exame e saí com um papel da mão”, disse ela.
Fábio deixou uma filha, de 6 anos, e uma enteada, de 14.
Fábio Mocci Rodrigues Jardim deixou duas filhas, de 6 e 14 anos
Arquivo Pessoal
7. O que dizem as autoridades?
Em nota, a administração municipal informou que o Samu foi acionado para a ocorrência por volta das 15h. O município ressaltou, porém, que os profissionais encontraram o paciente sendo atendido por um médico da clínica.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso está sob investigação no 2° Distrito Policial de Santos. O laudo no IML está em andamento e, assim que finalizado, será analisado pela autoridade policial.
“Vale esclarecer, que o processo para conclusão dos laudos demanda tempo devido à sua complexidade e o prazo pode ser estendido por questões técnicas, em casos excepcionais. Quando isso ocorre, a autoridade solicitante sempre é comunicada”, pontuou a pasta.
8. Para que serve a ressonância e quais são os riscos?
Máquina que faz exames de ressonância magnética [arquivo]
Reprodução/ EPTV
De acordo com o médico neurologista e professor adjunto da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), João Brainer Andrade, a ressonância magnética não causa chance de infarto e, neste caso, a morte de Fábio pode ter sido uma “fatalidade”.
“O paciente [pode] ter se sentido mal e, por coincidência, ter tido o infarto dentro da ressonância”, comentou o médico.
João afirmou também que o contraste em si não causa infarto. “Ele pode causar uma insuficiência respiratória, dificuldade para respirar e pressão baixa, no contexto que a gente chama de choque anafilático, [mas] aí é diferente, que é o choque da reação alérgica”.
O neurologista explicou que, para a cabeça, de forma geral, a ressonância é indicada em casos de tumor para identificar o padrão e tipo. Além disso, também é usada para identificar Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Para pacientes que sentem sono demais durante o dia, como o caso do empresário, o especialista afirmou que a avaliação é feita por meio de um exame chamado teste das latências múltiplas.
“Se o médico identifica alguma outra alteração do exame neurológico do paciente, ai ele pode, eventualmente, recomendar realizar a ressonância, mas não é o primeiro exame que a gente indica que seja realizado”, finalizou.
Fábio Mocci Rodrigues Jardim, morreu aos 42 anos, em Santos (SP)
Arquivo Pessoal
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