“Soldados do caos”: palmeirenses exaltam violência na internet; vídeo

São Paulo – Alguns membros da Mancha Alviverde (antiga Mancha Verde), torcida organizada do Palmeiras, usam um perfil no Instagram para exaltar a violência praticada contra torcidas rivais, com as quais literalmente luta, com direito a tiros, pauladas, veículos queimados e até mortes.

A mais recente foi a do torcedor do Cruzeiro José Victor Miranda, de 30 anos, na Rodovia Fernão Dias, região de Mairiporã, Grande São Paulo, onde a Mancha Alviverde realizou uma emboscada, na manhã deste domingo (27/10), resultando, além do homicídio, em 18 cruzeirenses feridos. José Victor foi carbonizado, chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu.

O perfil Mancha Verde Quebrada, com quase 80 mil seguidores, compartilhou um vídeo da emboscada, promovida na rodovia da região metropolitana, instantes após o ataque aos torcedores do Cruzeiro. Eles voltavam de ônibus de Curitiba (PR), onde o time mineiro jogou nesse sábado (26/10) contra o Athletico Paranaense e perdeu por 3 x 0.

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Perfil do Instagram exalta violência entre torcidas

Moacir Bianchi era da diretoria da Mancha Verde quando foi assassinado, em 2017, com 22 tiros
Torcedores do Cruzeiro foram alvo de ataque de palmeirenses
Membros da Mancha Verde
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Membros de organizada exaltam perfis violentos

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Perfil do Instagram exalta violência entre torcidas

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Moacir Bianchi era da diretoria da Mancha Verde quando foi assassinado, em 2017, com 22 tiros

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Torcedores do Cruzeiro foram alvo de ataque de palmeirenses

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Membros da Mancha Verde

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Com o título “ninguém morre devendo os mancha”, os integrantes da organizada do Palmeiras afirmam, na legenda do vídeo, que “com a Mancha ninguém pode”. O registro mostra os cruzeirenses no momento em que eram agredidos, já rendidos no chão. Um ônibus da Máfia Azul, torcida organizada do Cruzeiro, aparece em chamas no mesmo vídeo.

Também usando a expressão “com a Mancha ninguém pode”, um membro da organizada alviverde fala sobre um episódio, registrado em áudio, no qual o alvo do “maior revide da história” foram membros do Fortaleza, time com o qual o Palmeiras empatou, nesse sábado (26/10), jogando em casa.

Há ainda postagens de integrantes da Mancha Verde “marchando” na rua (assista abaixo) e, também, ostentando objetos usados em ataques aos rivais, como barras de ferro.

Como mostrado pelo Metrópoles, os membros da organizada do Palmeiras, envolvidos nos ataques deste domingo, serão investigados como uma facção criminosa pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

“Soldados do Moacir”

“A gente é soldado do caos, é soldado do Moacir. O Fortaleza veio aqui em Curitiba [PR] e batemos em todo mundo. Quebramos no pau todo mundo. A faixa e a bandeira dos caras, tão com nós [sic]. É a Mancha do Moacir. Três dias passou [sic] e a gente veio nessa porra e cobrou”, afirma um membro da organizada alviverde, sobre um ataque promovido em um passado recente contra torcedores do Fortaleza.

O Moacir ao qual ele se refere ser “soldado” é Moacir Bianchi, um dos 15 fundadores da Mancha Verde, em 1983. Na emboscada deste domingo, contra os cruzeirenses, um integrante da organizada do Palmeiras também afirma ser da “tropa do Moacir”, enquanto agride as vítimas.

Vídeo

 

Moacir Bianchi, o Moa, ocupou a presidência da organizada e era tido como uma de suas principais lideranças até 1º de março de 2017, quando foi assassinado com 14 tiros, logo após sair de uma reunião, realizada na sede da organizada. O MPSP denunciou três pessoas pela execução.

Marcelo Ventolla, o pistoleiro que matou Moacir, foi condenado a 25 anos de prisão, em 2022, e segue atrás das grades. Uma câmera registrou a ação do assassino, que chegou a negar o crime. Os outros dois acusados foram absolvidos.

Segundo a Promotoria, Marcelo tinha ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e tentava se tornar diretor da Mancha Verde, o que era vetado por Moa. Essa teria sido uma das prováveis motivações para o homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa da vítima.

Moacir Bianchi foi o segundo presidente da Mancha Verde a ser assassinado, desde e fundação da organizada. Antes dele, em 1988, o presidente Cleo Dantas também foi vítima de homicídio.

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