Complexo de Israel: mortos estavam em 3 lugares diferentes, e polícia apura ação orquestrada


A Polícia Civil quer fazer uma reprodução simulada para confirmar de onde partiram os tiros que mataram inocentes a caminho do trabalho. A polícia investiga se houve uma ação orquestrada do tráfico para atingir intencionalmente a população na operação da última quinta-feira (24) no Complexo de Israel.
Dois dos três mortos não estavam na Avenida Brasil, o que pode indicar que os tiros partiram de locais diferentes e não apenas de onde se concentrava a operação.
O caminhão dirigido por Geneilson Eustáquio Ribeiro, de 49 anos, trafegava pela pista sentido Rio da Rodovia Washington Luiz, na altura do km 123, perto do Trevo das Missões.
A cerca de 4 km de distância, o motorista de aplicativo Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, passava pela Linha Vermelha, na altura do Parque Duque, em Duque de Caxias, quando o carro foi atingido por tiros.
Na pista sentido Centro da Avenida Brasil, 3 km distante do Parque Duque, Renato Oliveira, de 48 anos, estava dormindo dentro do ônibus da linha 493. Ele foi baleado quando o ônibus estava na altura da Cidade Alta, em Cordovil, onde aconteceu a operação.
As três localidades ficam a distâncias que variam entre 200 metros e 2 km da Cidade Alta, uma das comunidades do Complexo de Israel.
O Complexo de Israel é formado por cinco comunidades. A operação da PM aconteceu em três delas: além de Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Ficaram de fora da ação da polícia Parada de Lucas e Vigário Geral.
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O Complexo de Israel
Reprodução/TV Globo
Região dominada por Peixão
Todo o complexo é dominado pela facção Terceiro Comando Puro (TCP). O chefe da organização criminosa é o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão.
Ele tem mais de 30 anotações criminais, entre elas, tráfico de drogas, homicídios, tortura, sequestros e roubo de cargas.
Segundo a polícia, Peixão determinou a instalação de câmeras nas comunidades, mandou construir pontes entre as favelas e é condenado pela Justiça por ordenar a destruição de templos religiosos de matriz africana.
O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão
Reprodução/TV Globo
A perícia preliminar indicou que os tiros que atingiram duas vítimas, as que estavam no carro de aplicativo e no caminhão, mais distantes da Cidade Alta, teriam partido de Parada de Lucas — onde não havia operação.
A Delegacia de Homicídios quer saber se houve uma ação orquestrada, determinada pela facção criminosa de Peixão. O objetivo seria espalhar o medo e tirar o foco da Cidade Alta.
A Polícia Civil pretende fazer uma reprodução simulada para confirmar de onde partiram os tiros que mataram inocentes a caminho do trabalho.
“Há uma falta de governabilidade, há uma falta de governança das forças. Se as forças não se organizarem e tiver um plano por trás que dê sustentação a essas atividades, a essa ação, a gente vai ter muito mais resultados como esse”, diz o pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, Robson Rodrigues.
Cinco comunidades do Rio formam o Complexo de Israel
Arte g1
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