Com a palavra, Sua Excelência, o povo brasileiro!

A pouco mais de 24 horas para o início da votação, importa saber quem venceu o último debate eleitoral entre os candidatos a prefeito no país a fora? O jogo está jogado. Não há mais o que fazer – a não ser esperar que o acaso produza algumas surpresas.

Em São Paulo, por exemplo, a surpresa seria uma vitória de Guilherme Boulos (PSOL) sobre Ricardo Nunes (MDB), mais do que improvável; em Goiânia, a derrota também improvável de Sandro Mabel (União), candidato do governador Ronaldo Caiado.

Em Belo Horizonte, se vencer o bolsonarista Bruno Engler (PL) ao invés de Fuad Noman (PSD), não seria uma surpresa, uma vez que a diferença entre os dois nas pesquisas de intenção de voto é pequena. Pode dar qualquer coisa em Fortaleza e em Cuiabá.

De volta a São Paulo, a eleição que mais chamou a atenção do país este ano: Boulos ganhou todos os debates que travou no segundo turno com Nunes.  No primeiro, foi o coach Pablo Marçal (PRTB) que ganhou todos, valendo-se dos meios mais sórdidos.

Mas a sordidez e a política sempre andaram de braços dados desde tempos imemoriais, e seguirão assim. Notícia falsa não é filha legítima do mundo digital, é invenção antiga. A inteligência artificial servirá a partir de agora para ampliar o seu alcance.

O tour de force de Boulos na sexta-feira (26) poderá lhe render mais alguns votos – ou, melhor: subtrair votos de Nunes. Especialmente porque ele arrancou de Marçal a declaração de que  não votaria nem em Boulos e nem em Nunes.

O voto nulo do eleitor inconformado com a ausência de Marçal no segundo turno diminuiria o tamanho da eventual vitória de Nunes. Porém, seria muita pretensão de Boulos contar com a adesão repentina de uma fatia do eleitorado de Marçal, à direita da direita.

Dir-se-á, já se diz com razão, que a soma da direita supostamente civilizada com a extrema-direita venceu as eleições municipais. E que isso enfraquece as chances de Lula se reeleger daqui a dois anos. Eleição municipal é uma coisa, presidencial é outra.

Há 20 anos, a hoje desaparecida Marta Suplicy (PT), apesar de ser vice de Boulos, era prefeita de São Paulo e candidata à reeleição. Lula era presidente. Marta foi derrotada por José Serra (PSDB), que antes havia disputado a prefeitura duas vezes, perdendo.

Então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin foi festejado como o responsável pela vitória de Serra, e candidato certo do PSDB a presidente em 2006. Ele foi candidato contra Lula. Perdeu por pouco no primeiro turno. E no segundo, teve menos votos.

No entorno de Lula, diz-se que não haverá reforma ministerial para espelhar os resultados a serem colhidos amanhã. Ele estaria satisfeito com sua equipe. Não está. Limitada ou ampla, feita de uma vez ou devagar, haverá reforma, sim. Lula é um pragmático.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.