PM diz que estuda adotar novas estratégias após ‘terrorismo’ no Complexo de Israel que deixou mortos e feridos


Porta-voz da corporação disse que enfrentamento na região ‘foi algo diferente das experiências anteriores’. Tiros disparados por traficantes da Cidade Alta levaram a corporação a recuar e deixar a comunidade. PM diz que estuda adotar novas estratégias após ‘terrorismo’ no Complexo de Israel que deixou mortos e feridos
Um dia depois da operação no Complexo de Israel que deixou 6 baleados e paralisou a Avenida Brasil, a Polícia Militar informou que estuda adotar novas estratégias no futuro.
O confronto entre policiais e traficantes terminou com 3 inocentes mortos, 2 feridos e 1 suspeito atingido.
“Esse enfrentamento, que foi o que nós encontramos ali, foi algo diferente das experiências anteriores. E, por conta disso, logicamente, o nosso planejamento, a nossa atuação, ela deve sofrer alterações”, explicou a porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudia Moraes.
O modo como os traficantes reagiram nunca tinha sido visto antes, segundo a PM. A polícia diz que os bandidos atiraram na direção dos veículos que circulavam por vias expressas. Diante disso, a ordem foi recuar.
“Nessa operação houve situação de tiros disparados na direção dos policiais, logicamente. Mas, num determinado momento, eles fazem esse tipo de ação, de cortina de fumaça, colocando em risco a população”, falou Moraes.
O governador Cláudio Castro (PL) cobrou responsabilidade do governo federal no combate às organizações criminosas. Na próxima terça-feira (29), o secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, vem ao Rio. Ele tem uma reunião marcada com o secretário Estadual de Segurança, Victor Santos.
A assessoria de imprensa da corporação informou que reforçou o policiamento das vias expressas — Avenida Brasil, Linha Vermelha, Linha Amarela e Transolímpica.
Pessoas se protegem de tiroteio na Avenida Brasil após confronto entre policiais e traficantes
José Lucena/The News 2/Estadão Conteúdo
A Avenida Brasil, uma das principais vias expressas do Rio de Janeiro, ficou fechada por cerca de duas horas na altura da Cidade Alta, na zona norte da cidade, devido a um intenso tiroteio que começou pouco depois das 7h desta quinta-feira, 24 de outubro de 2024. Uma pessoa que estava em um ônibus e foi baleada na cabeça morreu, e outras cinco ficaram feridas após serem atingidas por disparos.
JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
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Morte de inocentes
Vítimas do tiroteio na Avenida Brasil: Paulo Roberto de Souza, 60 anos, motorista de aplicativo; Renato Oliveira, 48 anos, funcionário de um frigorífico; Geneilson Eustáquio Ribeiro, 49 anos, funcionário da Secretaria Municipal de Educação
Reprodução
A primeira vítima foi enterrada na tarde desta sexta-feira (25) na Baixada Fluminense. Geneilson Eustáquio Ribeiro foi sepultado no Cemitério de Xerém. A família não quis falar com a imprensa.
O motorista de 49 anos trabalhava como caminhoneiro da Secretaria Municipal de Educação. Quando foi baleado no peito, ele transportava merenda e material escolar para crianças e adolescentes. Ele deixou dois filhos.
“Hoje perdemos um amigo, um trabalhador, um chefe de família, a filha dele todo dia ligava pra ele de manhã. Uma menina de 9 ou 10 anos, ligava pra ele pela manhã. E de chamada de vídeo: ‘oi pai, tudo bem?’ E agora, essa menina vai ligar pra quem?”, falou o amigo, Alexandre Nascimento.
“O que falta agora pro governo do estado, municipal, federal entregar a chave pros bandidos? Tá faltando muito pouco, né?”, questionou o amigo.
As outras duas vítimas foram reconhecidas pelas famílias essa manhã, no Instituto Médico-Legal.
Renato Oliveira Alves Reis, de 48 anos, estava num ônibus, a caminho do trabalho, quando foi atingido na cabeça. O filho disse que o pai se esforçava muito para não faltar nada em casa. Ele será enterrado neste sábado (26) no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu.
“Minha mãe me ligou: ‘filho, seu pai levou um tiro’. Ele foi um herói, cara. Foi um pai presente, fazendo o máximo possível pra não deixar faltar nada pra gente. Ele podia não ter condições financeiras, mas ele tinha força, vontade e amor de ajudar o próximo”, disse Renan Alves.
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Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, era motorista de aplicativo e também foi baleado na cabeça, enquanto trabalhava.
“Marido maravilhoso. A gente estava casado há 16 anos. Tínhamos 3 filhos. Ele era apaixonado pelos netos, pelos filhos. Tava pra se aposentar, tinha dado entrada na aposentadoria dele”, contou a esposa, Cátia Lima.
Ainda não há informações sobre o enterro de Paulo Roberto.
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Arte g1
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