Atleta Poliana Botelho sobre vencer o câncer de mama: “Foquei nas coisas boas”

Lutadora Poliana Botelho Reprodução/Instagram

Desafio, superação e resiliência podem definir a trajetória da lutadora de MMA e ex-UFC, Poliana Botelho. Em janeiro de 2023, a atleta recebeu o diagnóstico de câncer de mama e desde então, tem cravado o combate contra o maior imponente de sua carreira. Após passar por cinco cirurgias, incluindo uma mastectomia, ela se aproxima do final do tratamento com foco em voltar ainda mais forte e na sua melhor versão às competições.

A lutadora descobriu o tumor logo no início, durante os treinos de MMA, após perceber maiores dores e lentidão na recuperação de lesões. Entre exames e biópsias, o diagnóstico foi definido e iniciou então, o tratamento.

“Quando recebi o diagnóstico, as primeiras coisas que passaram pela minha cabeça foram o impacto que o tratamento teria no meu cabelo e a incerteza sobre quando eu poderia voltar aos meus treinos”, lembra ela.

“O cabelo, para muitas pessoas, pode parecer algo fútil, mas é uma parte importante da identidade. Além disso, eu ficava pensando em como seria ficar parada e como meu corpo iria reagir”, explica.

A perda do cabelo foi uma das mudanças físicas que mais afetou Poliana, até mais do que as cirurgias enfrentadas por ela. No entanto, a atleta conseguiu transformar esse momento difícil em algo positivo. “Quando raspei o cabelo, me encontrei. Achei lindo e até hoje penso em raspar novamente. A gente passa a ver a vida de outra forma depois de tudo isso.”

O apoio de familiares também foi fundamental durante o processo de tratamento. Poliana destacou o suporte que recebeu de sua mulher, que segue ao seu lado durante todas as fases da doença, além de ser médica, o que trouxe ainda mais segurança para a atleta. “Ela foi minhas pernas durante esse período, assumindo todos os papéis que eu precisava. Não tenho palavras para descrever o quão importante ela foi para mim.”

Atleta Poliana Botelho Divulgação

 

“Já estou voltando a treinar, mas não é um retorno em 100%”

Como atleta, Poliana conta que a sensação de incapacidade física foi uma das mais difíceis de superar, já que seu corpo não respondia como antes aos treinamentos. “Eu tentava treinar e não conseguia fazer o que costumava. Isso mexeu muito comigo, a ponto de parar até de assistir lutas e consumir conteúdo sobre esse universo”, relata.

Mesmo sendo uma atleta de alto rendimento e estando acostumada a uma rotina e dieta rígidas, o processo de tratamento não foi nada simples. No caso de Poliana, o mais difícil foi focar apenar em tirar o corpo da inércia, sem determinar uma meta de rendimento.

“Já estou voltando a treinar, mas não é um retorno em 100% porque meu corpo ainda não responde. Na verdade, eu fiz uma luta de Jiu-Jitsu, porque estava conseguindo treinar relativamente direito. Mas não foi no momento certo, achei que eu pulei uns degraus. Mas foi legal, foi bacana ter pisado novamente num tatame”, avalia.

Manter-se positiva foi fundamental para a superação da doença. Mesmo com todos os desafios, a atleta nunca perdeu o desejo de voltar ao octógono. “Eu queria acabar logo o tratamento para voltar a fazer o que mais amo: lutar. Esse período longe dos treinos foi doloroso, mas me deu ainda mais força e garra para retornar. Me esforcei para blindar meus pensamentos ruins e focar nas coisas boas “, relata.

 

“Aprendi que não temos controle sobre tudo, e isso me ajudou a lidar com o tratamento”

Poliana Botelho acredita que essa experiência foi o suficiente para mudar sua visão sobre a vida. “Sempre me lembrava que estava passando por tudo isso para salvar minha vida. Aprendi que não temos controle sobre tudo, e isso me ajudou a lidar com o tratamento de forma mais consciente”, reflete.

Além de estar atualmente assinada com a PFL (Professional Fighters League), Poliana também é embaixadora da marca de relógios de resistência absoluta G-Shock. Agora, com o tratamento chegando ao fim, a atleta já faz planos para o futuro e para seu retorno ao octógono. “Espero que até o meio do ano que vem eu esteja pronta para lutar novamente. O mais importante é a gente saber que está se tratando, que tudo que se está passando é para salvar sua própria vida e ficar saudável. Então, acho que por mais difícil que seja, tudo está valendo a pena”, afirma.

O Instituto Nacional do Câncer indica que a taxa de cura do câncer de mama é alta quando diagnosticado de maneira precoce. Identificado no estágio inicial, pode ter uma chance de reversão entre 92% e 97%. De acordo com a recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), todas as mulheres com mais de 40 anos devem fazer a mamografia anualmente. Já as mulheres que possuem histórico familiar da doença em idade jovem (abaixo dos 50 anos) e irradiação prévia do tórax, são consideradas do grupo de maior risco, por isso, devem iniciar os exames mais cedo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.