TV Bahia lança documentário em homenagem aos 50 anos do Ilê Aiyê


Primeiro bloco afro do mundo é símbolo da cultura baiana no mundo, da resistência do povo preto e da luta contra o racismo. Bloco afro Ilê Aiyê
Divulgação/André Frutuoso
No ano em que o Ilê Aiyê comemora 50 anos de fundação, o time de jornalismo da TV Bahia ouviu quase 60 pessoas – entre anônimos e famosos – para buscar nos seus arquivos e baús de memórias os melhores relatos, além de registros inéditos sobre o Mais Belo dos Belos e a sua trajetória consolidada a partir de muita resistência e luta, especialmente contra o racismo.
Dividido em cinco capítulos, o documentário ‘Ilê Aiyê: a casa do mundo’ tem trechos que contam com as narrações dos atores Lázaro Ramos e Taís Araújo, e será lançado para convidados na próxima quarta-feira (30), no Cinemark do Salvador Shopping. A sessão vai reunir entrevistados, lideranças do bloco afro, além dos profissionais envolvidos na realização do documentário. Já na sexta-feira, 01 de novembro, quando o bloco celebra seus 50 anos, o documentário será exibido na TV Bahia, logo após a Sessão da Tarde.
De Vovô do Ilê, passado pelo Mestre Marí a Caetano Veloso, de Mãe Hildelice a Daniela Mercury, de Lazzo Matumbi a Carlinhos Brown, dezenas de depoimentos tentam explicar como os tambores do Ilê se tornaram imprescindíveis para a formação de jovens da comunidade, mas também para influenciar diretamente o surgimento do samba- reggae e até da axé music.
“Ilê Aiyê: a casa do mundo” tem coordenação e roteiro de Alexandre Lyrio, reportagem e produção de Ricardo Ishmael, edição e pesquisa de Sheliane Silva e edição de imagens de Gabriel Paz. “Que honra para nós realizar um documentário que mostra a grande revolução que o Ilê se tornou. Uma revolução musical, rítmica e político social. O Ilê é a casa do mundo porque é ali que nascem os talentos que levaram seus tambores para todas as partes do planeta. O Carnaval não seria o mesmo se não fosse o Ilê, a axé music não existiria. O Ilê é a referência desse novo mundo que surgiu dele e bebe de sua fonte há 50 anos”, afirma o jornalista Alexandre Lyrio.
“Um bom documentário é aquele que produz memória. Penso que, modéstia à parte, foi o que conseguimos fazer. Abrimos o ‘baú de memórias’ dos nossos entrevistados. O resultado é uma documentário forte, contundente, mas, ao mesmo tempo, sensível e poético. Mais do que recontar a história do bloco, transportamos as pessoas para dentro dessa história. Os telespectadores vão se sentir testemunhas das profundas transformações que o Ilê promoveu em nossa sociedade e que repercutem até hoje”, reforça o apresentador Ricardo Ricardo Ishmael.
O roteiro do documentário toma como ponto de partida a Ladeira do Curuzu, o bairro da Liberdade e as condições que levaram ao surgimento do Ilê. A narrativa atravessa os 50 anos de história até chegar à turnê mundial que o grupo realizou em julho de 2024, inciando a viagem pela África, no Marrocos, e passando por 12 países da Europa. Além disso, o filme coloca luz sobre o protagonismo das mulheres do Ilê, especialmente Mãe Hilda de Jitolu, mãe de Vovô e ialorixá do terreiro Ilê Axé Jitolu, onde tudo começou. Falecida em 2009, ela foi a mentora do bloco e de todos os seus projetos sociais.
“Quem chega à Bahia precisa conhecer sua cultura e toda a potência preta presente neste estado. E para este ano, a Rede Bahia está empenhada em produzir uma série de conteúdos especiais que discutam a questão racial ao longo do mês de novembro. Iniciamos com o documentário do Ilê Aiyê, reverenciando o papel do bloco na formação social e cultural da população brasileira, mas não vamos parar por aí. Teremos uma série especial sobre letramento racial no BATV e a estreia da quinta temporada do Conversa Preta. Enquanto veículo de comunicação, é nosso papel contribuir com a pauta a partir de reflexões na TV aberta”, detalha a diretora de jornalismo da Rede Bahia, Ana Raquel Copetti.
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