Vacina de dengue: entenda explicação do Ministério da Saúde para critério que ‘tirou’ Campinas da 1ª lista de cidades


Apesar dos 855 casos deste ano, cidade não foi incluída entre as prioritárias da remessa que começa a ser aplicada em fevereiro. Prefeitura afirma que município cumpre dois dos três critérios. Vacinas Qdenga (nova) e Dengavaxia que são as autorizadas pela Anvisa para aplicação no Brasil
Vanessa Camilo/Inter TV Cabugi
O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (25) os municípios que vão receber a primeira remessa da vacina contra dengue para a rede pública. O órgão priorizou cidades com mais de 100 mil habitantes, alta transmissão de dengue e maior predominância do sorotipo 2. Dos três critérios, Campinas (SP) só não atende ao último e ficou fora da primeira lista.
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Diretor do Departamento de Imunização do ministério, Eder Gatti Fernandes afirmou, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, que o critério do sorotipo 2 se deve ao aumento importante dos casos.
“A gente observou um predomínio recente do 1, mas observou que está tendo uma virada. Isso representa um sinal de cuidado porque, para algumas regiões, esse pode ser um sorotipo que embora a gente tenha um histórico de exposição, ele está voltando para algumas regiões”.
“Esse critério foi um critério que ajudou a pontuar um pouco a mais para esse indicador”, completou o diretor.
Cobrança da prefeitura
Apesar de não cumprir esse critério em Campinas, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) informou que vai enviar, ainda nesta quinta, um ofício ao ministério para pedir a reavaliação dos dados epidemiológicos da cidade e o envio de doses.
Coordenador do Programa de Arboviroses de Campinas, Fausto de Almeida Marinho Neto informou que há um aumento de casos de 300 % em relação ao mesmo período do ano passado. “Esses dados nos trazem muita preocupação com o cenário epidemiológico que enfrentaremos este ano”.
O imunizante é encontrado na rede privada de Campinas com preços que variam entre cerca de R$ 300 a R$ 400.
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A vacina
Ao todo, 521 municípios vão começar a aplicação na rede pública em fevereiro (veja a lista aqui). No estado de São Paulo, 11 cidades apareceram na primeira lista – todos da região do Alto do Tietê.
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💉 Quais os critérios para escolha? O Ministério da Saúde justifica, em nota à imprensa, que as primeiras regiões de saúde selecionadas atendem a três critérios: são formadas por municípios de grande porte, ou seja, mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024, e com maior predominância do sorotipo 2.
O Brasil é o primeiro país no mundo a oferecer o imunizante na rede pública, mas enfrenta o desafio da baixa quantidade de doses. O Ministério da Saúde vai receber pouco mais de 6 milhões de doses — 5,2 milhões foram compradas da Takeda e 1,3 foram doadas pelo laboratório.
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Edvaldo de Souza/EPTV
Campinas fechou 2023 com 11,2 mil casos de dengue e três mortes, de acordo com balanço atualizado pela prefeitura. Foi a sexta maior epidemia da história da cidade. Só em 24 dias de 2024, são 855 confirmações.
A previsão de um crescimento expressivo de casos em 2024 levou a prefeitura a adotar uma série de medidas de combate ao mosquito transmissor. A “operação de dengue” – expressão usada pela própria administração municipal, envolve drones e a ajuda do Exército.
O Departamento de Vigilância Epidemiológica de Campinas (Devisa) realiza, desde o começo do ano, mutirões para remover possíveis criadouros do Aedes aegypti.
O pacote de medidas prevê ainda, em caso de necessidade, entrada forçada em imóveis fechados com a utilização de chaveiros.
Segundo a prefeitura, os bairros foram selecionados em virtude dos casos confirmados ou suspeitos nos últimos sete dias e o objetivo é mobilizar a população para mais cuidados. O Jardim Eulina, por exemplo, não aparece na lista por conta do recorte de tempo considerado, mas concentra mais da metade dos registros.
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A reintrodução dos sorotipos 3 e 4 fez o governo municipal entrar em alerta para uma explosão de casos, com a intenção de não enfrentar o cenário “dramático” de 2015, com 65 mil registros e dez óbitos.
O tipo 3 do vírus circulou em Campinas pela última vez em 2009, e o tipo 4 havia sido registrado anteriormente em 2014. Crianças, adolescentes, além de adultos e idosos que não tiveram contato com a doença anteriormente são os mais vulneráveis. Além disso, há risco de dengue grave quando uma pessoa é infectada por tipo diferente ao anterior.
As medidas definidas pela Secretaria de Saúde para evitar o cenário caótico envolvem divulgação de boletins semanais, mutirões a cada 15 dias, com operações “de guerra” e capacitação da rede saúde.
Orientações à população
🌡️ A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, resultando em desidratação.
🚨 Ao apresentar estes sintomas, o morador deve procurar uma das unidades de saúde da cidade para atendimento médico, segundo a Secretaria de Saúde.
Confira algumas das medidas de combate ao mosquito:
Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
Tampe os tonéis e caixas d’água;
Mantenha as calhas limpas;
Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
Mantenha lixeiras bem tampadas;
Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
Coloque repelentes elétricos próximos às janelas (o uso é contraindicado para pessoas alérgicas);
Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
Evite produtos de higiene com perfume porque podem atrair insetos;
Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
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