‘Poderia ter sido eu’, motorista de time de remo trocou de lugar na van por conflito em agenda

O motorista que costumava transportar os atletas do remo, vítimas da tragédia na BR-376, foi convidado para realizar a viagem do time de Pelotas (RS) a São Paulo. No entanto, ele não pôde aceitar, pois já havia assumido outro compromisso, então indicou um motorista de sua confiança para substituí-lo.

motorista de time de remo trocou de lugar na van

‘Poderia ter sido eu’, motorista de time de remo trocou de lugar na van por conflito em agenda – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Athos Tarouco Simões, proprietário de uma empresa de transporte de passageiros em Pelotas, transportava os atletas há mais de três anos e já havia feito mais de 20 viagens com eles. “Essa foi a primeira viagem para fora do estado. Normalmente, eles iam de avião, então eu os levava até o aeroporto ou para competições em Porto Alegre”, relatou.

Dessa vez, a equipe “Remar para o Futuro” participou do Campeonato Brasileiro de Remo Unificado em São Paulo, onde conquistou sete medalhas. Contudo, na volta para casa, no último domingo (20), a van em que o time estava foi atingida por uma carreta container em Guaratuba (PR), quando chegava para descansar em Joinville.

“O coordenador do projeto, Oguener Tissot, com quem eu tinha um bom relacionamento, demorou para me dar uma resposta por conta de questões com patrocinadores. Nesse intervalo, minha agenda foi preenchida, e acabei sem disponibilidade. Então, indiquei um colega. A gente sempre se apoiava, um trocando viagem com o outro. Ele se dispôs a fazer essa viagem no meu lugar”, explicou Athos.

O motorista indicado por ele foi Ricardo Leal da Cunha, de 52 anos, uma das nove vítimas da tragédia. “Apresentei o colega para eles, e se acertaram. Ele foi no meu lugar. Falei com ele duas horas antes do ocorrido, ele me mandou um áudio dizendo que estava tudo bem, que estavam prestes a jantar e que logo chegariam a Joinville para descansar”, lembrou Athos.

Local onde ocorreu acidente com atletas de remo na BR-376 – Foto: Luciano Chinasso/Divulgação/ND

“Não eram clientes, eram amigos”, diz motorista de time de remo

Dos dez ocupantes da van, nove morreram no local, enquanto o único sobrevivente, o atleta João Pedro Milgarejo, de 17 anos, foi resgatado e levado ao Hospital São José, em Joinville, onde recebeu alta nessa segunda-feira (21).

A tragédia aconteceu por volta das 21h40, na região de Guaratuba (PR). Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal) do Paraná, a carreta, conduzida pelo homem de 30 anos, perdeu os freios.

Adolescente que morreu em acidente na BR-376 sonhava em ser atleta olímpico - Arquivo pessoal/Reprodução/ND

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Adolescente que morreu em acidente na BR-376 sonhava em ser atleta olímpico – Arquivo pessoal/Reprodução/ND

Vitor tinha 17 anos  - Reprodução/ND

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Vitor tinha 17 anos – Reprodução/ND

Helen Belony  - Reprodução/ND

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Helen Belony – Reprodução/ND

'Altos e baixos': atleta que morreu em acidente na BR-376 era apaixonada pelo remo - Arquivo pessoal/Reprodução/ND

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‘Altos e baixos’: atleta que morreu em acidente na BR-376 era apaixonada pelo remo – Arquivo pessoal/Reprodução/ND

‘Campeã’: mãe de atleta comemorou vitória da filha antes de trágico acidente na BR-376  - Arquivo pessoal/Reprodução/ND

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‘Campeã’: mãe de atleta comemorou vitória da filha antes de trágico acidente na BR-376 – Arquivo pessoal/Reprodução/ND

João Kerchiner - Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

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João Kerchiner – Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Técnico Oguener Tissot - Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

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Técnico Oguener Tissot – Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

'Perdi meu melhor amigo', diz irmão de atleta que morreu em acidente com time na BR-376  - Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

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‘Perdi meu melhor amigo’, diz irmão de atleta que morreu em acidente com time na BR-376 – Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Angel Vidal - Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

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Angel Vidal – Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Na sequência, colidiu com a van, que foi projetada para a frente e bateu na traseira de um automóvel. Ainda segundo relato da polícia, a van rodou e a carreta a arrastou para fora da pista tombando sobre ela.

“É difícil. Dá uma sensação de que poderia ter sido eu. Foi o meu colega, que veio com a melhor das intenções, dizendo que seria uma boa oportunidade para ele. Nós sempre trocávamos ideias e as coisas sempre funcionavam bem entre nós. Havia muita confiança. E com a equipe, nem se fala. Depois de mais de três anos transportando eles, conhecia todo mundo, tinha um carinho enorme e já me sentia em casa com eles. Não os via como clientes, eram amigos”, desabafou Athos.

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