Gambiarra na modalidade compromete de novo experiência com Paul McCartney em Florianópolis

Se Paul McCartney e Floripa repetissem exatamente aquela noite de 25 de abril de 2012 já seria incrível, novamente histórico. Foram além e entregaram muito mais. O que ninguém queria reviver era o mesmo caos de mobilidade de 12 anos atrás, mas ele se fez presente de novo.

Dentro da Ressacada um espetáculo impecável, grandioso e organizado quase à perfeição. Já fora, mais uma vez os problemas para chegar e para deixar a região, para estacionar. O esquema de trânsito falhou miseravelmente nos acessos. Longas filas ao longo da Via Expressa para chegar até o local do show e também na volta. Os relatos pipocaram nas redes sociais, de pessoas que ficaram mais de quatro horas na espera nos longos congestionamentos.

Florianópolis precisa superar os atalhos para fazer a mobilidade ser algo real – Foto: Marco Santiago,ND

A situação dos bolsões de estacionamento, uma das novidades do “planejamento” para este show, foi caótica e ainda vai render muitas dores de cabeça para a organização e responsáveis. Da mesma forma para acessar os ônibus do transporte coletivo disponibilizados para levar o público do estádio para os “bolsões de estacionamento”.

A inversão das faixas da Via Expressa Sul para escoar o trânsito da volta não solucionou, mas contribuiu para evitar uma confusão ainda maior. Dada as já conhecidas circunstâncias, garantir conforto para quem vai de transporte particular em detrimento ao público sempre será uma péssima ideia.

Como eu ouvi de um senhor na saída do estádio “todos os caminhos levam à Ressacada, mas o problema são justamente os caminhos”. Está posto que a Ressacada pode comportar grandes shows, com devido conforto e organização. Assim como está posto que há produtoras mainstream interessadas em trazer estes espetáculos. Só que para cativar público e gente interessada a cidade precisa fazer a sua parte.

Para inserir Florianópolis definitivamente na rota dos grandes espetáculos mundiais no país não dá mais para recorrer a “atalhos”. A questão da mobilidade é urgente e não pode ser mais tratada na base das soluções improvisadas no calor de um grande evento.

E não se enganem, as enchentes que se abateram sobre o Rio Grande do Sul neste ano e inviabilizaram a infraestrutura do estado, especialmente na capital Porto Alegre, influenciou e muito no calendário da turnê “Got Back” no Brasil. Sem a tragédia climática que assolou o estado vizinho, duvido que esse reencontro em Florianópolis acontecesse.

33 mil pessoas não podem estar erradas sobre o potencial de Floripa para receber turnês mundiais, como a de Paul McCartney – Foto: Marcos Hermes/Divulgação/ND

Produção de Paul McCartney em Florianópolis empregou força de 8,7 mil trabalhadores

Na produção deste show do McCartney foram empregados 3,7 mil trabalhadores e trabalhadoras direto e 5 mil indiretos. A maioria deste contingente de pessoas da cidade e região. É como se população de Descanso (SC) fosse toda empregada neste trabalho.

É impactante, assim como em toda a cadeia de comércio, hotelaria, bares, enfim. E perder isso, ou viver apenas de “lapsos” e “ocasos”, é pouco e problemático. Uma experiência que poderia ser quase plena acaba com o gosto amargo da frustração e é aí onde cidade e Estado pecam por pensarem de “momento”, na gambiarra que não resolve mais e que só traz ainda mais desgosto e revolta à população local. Até a torcida do Avaí já está cansada de saber. Ô, e como está!

Reclamar para quem?

Show histórico, profissionalismo padrão britânico. Espetáculo para todas as idades. Impecável no que se refere ao espetáculo…

Mas a parte que nos cabe, aos florianopolitanos, como sempre, nos envergonha. A começar pelo estacionamento. Foi sugerido, inclusive pela organização e divulgado na emissora oficial, comprar estacionamento nos bolsões, apenas pelo site “estacione seguro”. Comprei ” a vaga” por 150 reais e fui tranquilo. O engarrafamento fenomenal me fez chegar às 20h50.

O tal estacionamento VIP que comprei online, estava fechado e lotado. Vários carros ali na frente, reclamando e exigindo. Lotado, overbooking. Saí procurando vaga, demorei mas achei numa casa particular. Paguei R$ 100 reais, mas fazer o que? Reclamar para quem?”

Os relatos como o deste leitor acima se proliferaram também nas redes sociais. Detalhe: estacionamentos “clandestinos” estavam cobrando R$ 250 por vaga.

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