A Revolução ESG é real ou apenas uma boa narrativa

A Revolução ESG é real ou apenas uma boa narrativaTiago Alvim

De longe, pode até parecer o roteiro de um filme bem elaborado. E talvez de perto, seja exatamente isso. A verdade é que ESG — Environmental, Social, and Governance — se tornou mais uma tática para atrair investidores. Nos últimos anos, essa sigla mágica virou a palavra da vez nos mercados financeiros, pronunciada com reverência quase religiosa por grandes players. Mas será que o capitalismo está realmente se vestindo de verde para salvar o mundo, ou as gestoras estão apenas surfando essa onda enquanto enchem os bolsos?

A fórmula parece funcionar. Hoje, é raro encontrar um investidor institucional que não tenha um Fundo ESG. De acordo com a Global Sustainable Investment Alliance, os ativos sob gestão em fundos ESG superaram os US$ 35 trilhões em 2020. Números tão expressivos que até o investidor mais cético pode trocar o terno por uma camiseta com estampa de folha verde.

No entanto, como muitas empresas correram para adotar a cor verde sem necessariamente seguirem todas as práticas ESG, surgiu o termo greenwashing: pintar-se de verde por fora, mas continuar cinza por dentro. Na Europa, a SFDR (Sustainable Finance Disclosure Regulation) está forçando os fundos a serem mais transparentes sobre suas práticas ESG.

E a pergunta que fica é: se é possível lucrar enquanto nos vestimos de verde, por que não? Essa parece ser a escolha de muitos investidores, especialmente entre as gerações mais jovens, que priorizam causas ambientais e sociais, mesmo que isso possa, teoricamente, desviar o foco de retornos financeiros imediatos.

Ainda assim, é inegável que o ESG trouxe uma nova camada de complexidade ao universo dos investimentos. Enquanto alguns o veem como um modismo passageiro, outros acreditam que a integração de critérios ambientais, sociais e de governança veio para ficar. Esse movimento reflete uma mudança nas expectativas da sociedade, que agora exige mais responsabilidade das corporações.

O desafio surge quando essas práticas, em vez de promoverem uma transformação genuína, tornam-se apenas mais uma métrica a ser cumprida. Relatórios anuais repletos de promessas podem impressionar no papel, mas será que essas empresas estão realmente gerando impacto? Quando o ESG é tratado como um simples check list, o risco de superficialidade aumenta, assim como a desconfiança dos investidores mais críticos.

De um lado, os defensores da revolução ESG afirmam que empresas com boas práticas tendem a ser mais resilientes a riscos regulatórios e ambientais, o que pode garantir retornos sólidos a longo prazo. Do outro, os céticos questionam se essa corrida pelo selo ESG não está inflacionando ativos e criando expectativas irreais.

No final, o romance ESG pode ser real. Mas cabe a cada investidor decidir se está disposto a comprar essa narrativa – com ou sem final feliz. Investir com consciência não deveria ser apenas uma tendência, mas sim um compromisso com o futuro que desejamos construir.

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