Boulos vai usar apagão em horário eleitoral a partir de hoje e deve explorar tema até o fim da campanha


Candidato do PSOL e o prefeito Ricardo Nunes travam guerra de narrativas em torno do blecaute que atingiu mais de 2 milhões de paulistanos. Falta de luz afeta mais de 300 mil casas e comércios
LEANDRO CHEMALLE/ESTADÃO CONTEÚDO
A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) vai usar o apagão que deixou mais de 2 milhões de pessoas sem luz na capital paulista para atacar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) até o dia da votação neste segundo turno, segundo fontes do candidato. A primeira propaganda eleitoral sobre o tema já foi ao ar nesta segunda-feira (14).
Na primeira peça, Boulos usa matérias jornalísticas mostrando os impactos do blecaute para a população. O candidato aparece no escuro e afirma que houve “descaso” e “falta de competência”, acusando o prefeito de ser “omisso”.
Nas redes sociais, Boulos já fez mais de 30 postagens sobre o tema e esse deve ser o principal assunto do debate da Band, na noite desta segunda, o primeiro embate entre os dois no segundo turno.
Desde o início do apagão, na sexta-feira (11), os dois candidatos cancelaram as agendas de campanha previstas para falar da falta de luz. O prefeito foi para a sala de monitoramento da Smart Sampa e rodou alguns pontos com quedas de árvores. Já Boulos mostrou que a sua própria casa, no Campo Limpo, estava no escuro e foi até locais afetados.
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Nunes tem apostado em apontar o papel do governo federal na crise. Ele usou um discurso de Lula em que o presidente afirma que avalia renovar a concessão da Enel. Também mirou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira: “É lamentável! No dia do apagão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, falou durante um evento com o diretor da Enel, em Roma, na Itália, da possibilidade de renovação dos contratos da Enel no Brasil. São Paulo não merece que a Enel continue prestando seus serviços aqui”, criticou.
Nunes também lançou uma hashtag: #ForaJáEnel, defendendo o fim do contrato com a empresa, que chamou de “inimiga de São Paulo”. A Enel tem contrato até 2028. Até lá, a renovação da concessão deve ser tratada.
O ministro respondeu, criticando Nunes ao dizer que a prefeitura da capital paulista precisa “cuidar” da questão urbanística da cidade. “Mais de 50% dos eventos foram causados por árvores caindo no sistema. Hoje, nem as distribuidoras, por força legal, podem cuidar (da queda de árvores)”, disse o ministro cobrando Nunes. “Se eu fosse prefeito de SP, além de cobrar a Enel, dobraria a equipe para podar árvores.”
O prefeito também criticou a atitude de Boulos de falar sobre o apagão nas redes sociais e em peças de campanha. Segundo Nunes, a postura do adversário é “oportunista” e “insensível”.

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