‘Vale Tudo’: diretora diz que não é legal falar mal do Brasil e acende alerta sobre remake

Globo confirma produção de remake da novela ‘Vale Tudo’Mayra Dugaich

Longe de sua estreia, a novela “Vale Tudo” já está dando o que falar. Além das especulações sobre quem protagonizará o folhetim, uma declaração da autora Manuela Dias, pessoa que está por trás da nova versão, acendeu um alerta para os fãs do clássico de Gilberto Braga.

Em uma entrevista à Folha de S.Paulo, Manoela deu detalhes da maneira como está pensando a novela e os temas abordados. Ao ser questionada se a vilã Odete Roitmann continuará dizendo o que hoje seria imperdoável, com ataques a minorias, ela explica que o brasileiro está cansado de ouvir falar mal do Brasil.

Manoela afirma: “‘Vale Tudo’ foi a novela da volta da democracia, e naquele momento falar mal do Brasil, ou poder falar mal, era resistência, era revolucionário, era novo. Hoje não é mais. Estamos saturados. O novo é encontrar maneiras de transformação”

Na novela dos anos 1980, Odete dizia abertamente que o Brasil é “uma mistura de raças que não deu certo”, que a “solução para a violência é a pena de morte” e que “quanto menos ouvir falar português, melhor”.

Agora, para Manoela, o autor também fala pelo texto que escreve e que ela é uma pessoa que “ama o Brasil” e que “falar que o Brasil é uma porcaria não traz nada”. Ela explica que, perto da novela original, o remake trará um viés construtivo e patriótico.

“Gilberto Braga, com Odete, estava extrapolando a válvula de escape de poder criticar o Brasil exacerbadamente. Hoje, provocar os mesmos efeitos não implicam usar os mesmos recursos. Odete era julgada por ser sexualmente ativa aos 60. E hoje? Não estou dizendo que ela vai ser feminista, mas são diferenças”, afirma.

Reação

A internet não gostou muito da forma como a autora defendeu sua visão. A jornalista Larissa Martins, do canal Coisa de TV, escreveu: “No fim eu fico triste de ver alguém escrevendo novela que não entendeu a novela, ou que não busca entender além das próprias convicções. Ela diz que ‘Vale Tudo’ não é sobre sociedade e sim uma aposta entre mãe e filha. Difícil”.

A jornalista continua: “Dez anos atrás, quando eu fiz aulas no mestrado de estudos culturais, existia um tipo muito comum que era o acadêmico que achava que podia dizer tudo sobre as novelas (como elas alienavam, como as discussões eram rasas) sem gostar de novela. Essa entrevista me deu essa sensação. Tem várias ideias equivocadas. A ideia de que precisa pegar na mão do povo e educar e mostrar de maneira muito didática senão eles não vão entender que uma vilã é uma vilã. Também a ideia de que ‘falar mal’ do Brasil não é um jeito de requerer mudanças”.

Outros internautas também questionaram a visão da autora: “Isso porque a querida assistiu à versão original e leu vários estudos sobre a obra. Imagina se não? Odete ia ser representante dos Direitos Humanos no Brasil e Maria de Fátima embaixadora do Criança Esperança 2025. Capaz até de ajudar Raquel vender sanduíche na praia.”

Um terceiro escreveu: “A novela não falava mal do Brasil e sim mostrava o que o país era. As falas da Odete chocavam, mas muita coisa que ela falava era a mais pura verdade, eram críticas sociais, ela assistiu a novela?”

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