
A autoridade eleitoral do país barrou a candidatura de Georgescu meses depois de surgirem acusações de uma campanha online coordenada pela Rússia em apoio ao candidato. Georgescu negou irregularidades. O vice-presidente dos EUA, JD Vance, e Elon Musk, manifestaram críticas à decisão da Romênia de anular a votação. Calin Georgescu, o vencedor do primeiro turno das eleições presidenciais, posteriormente anuladas pelo Tribunal Constitucional, acena para apoiadores durante um protesto em frente à sede do governo
AP Photo/Vadim Ghirda
A autoridade eleitoral central da Romênia proibiu neste domingo (9) o candidato de extrema direita pró-Rússia, Calin Georgescu, de concorrer na nova eleição presidencial de maio.
Georgescu, de 62 anos, apresentou sua candidatura na sexta-feira (7) na capital, Bucareste. O Central Election Bureau, também conhecido pela sigla romena BEC, tinha 48 horas para registrá-la ou rejeitá-la.
Não ficou imediatamente claro em que bases sua candidatura foi rejeitada, mas o BEC disse que um texto completo de sua decisão seria publicado posteriormente em seu site. A decisão pode ser apelada no Tribunal Constitucional dentro de 24 horas.
Georgescu reagiu à decisão no domingo chamando-a de “um golpe direto no coração da democracia mundial!”
“Eu tenho uma mensagem restante! Se a democracia na Romênia cair, todo o mundo democrático cairá! Isso é só o começo. É simples assim!”, ele disse em um post no X. “A Europa agora é uma ditadura, a Romênia está sob tirania!”
Quais são as acusações contra Georgescu?
No final do ano passado, o país teve uma eleição de primeiro turno, ao qual Georgescu saiu vitorioso. No entanto, o resultado foi anulado pelo Tribunal Constitucional da Romênia dois dias antes do então segundo turno em 8 de dezembro, após surgirem alegações de que a Rússia havia realizado uma campanha online coordenada para promover candidaturas.
No mês passado, promotores iniciaram uma investigação criminal contra Georgescu, acusando-o de “incitação a ações contra a ordem constitucional”, apoio a grupos fascistas e declarações falsas de financiamento de campanha eleitoral e divulgação de ativos.
Antes da eleição, Georgescu, que está sob controle judicial e negou repetidamente qualquer irregularidade, havia obtido resultados de um dígito e declarado gastos de campanha zero. Alegações de violações eleitorais e interferência russa surgiram rapidamente. Moscou negou ter interferido na eleição.
Georgescu elogiou o presidente russo Vladimir Putin e questionou a soberania da Ucrânia, mas diz que não é pró-Rússia.
Agora o primeiro turno da repetição está marcado para 4 de maio. Se nenhum candidato ganhar mais de 50% dos votos, um segundo turno será realizado em 18 de maio. O prazo para inscrições de candidatura presidencial é 15 de março à meia-noite.
Reação internacional
A rejeição de sua candidatura, que foi condenada por líderes de partidos de extrema direita como antidemocrática, pode ser contestada no tribunal constitucional.
Dezenas de apoiadores do populista Georgescu se reuniram do lado de fora do escritório eleitoral gritando “Liberdade” e tentaram brevemente forçar a passagem pelo cordão de segurança.
Apoiadores de Calin Georgescu reagem durante um protesto depois que o órgão eleitoral da Romênia rejeitou sua candidatura na repetição da eleição presidencial em Bucareste, Romênia, domingo, 9 de março de 2025.
AP Photo/Andreea Alexandru
Membros do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, chamaram o cancelamento das eleições na Romênia de um exemplo de governos europeus suprimindo a liberdade de expressão e os oponentes políticos.
O bilionário da tecnologia e conselheiro de Trump, Elon Musk, chamou a decisão da autoridade eleitoral de “louca” em sua plataforma de mídia social X.
Com informações das agências Reuters e Associated Press
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