Octavio Guedes: Chefe da PF foi alvo de críticas de servidores da Abin por dizer que agência espionava adversários de Bolsonaro


Em nota de repúdio, União dos Profissionais da Abin refutou declarações de Andrei Passos. Diretor da PF disse que Abin “monitorava pessoas de posição contrária” ao governo Bolsonaro. Operação faz buscas no gabinete de Alexandre Ramagem na Câmara dos Deputados no dia 25 de janeiro de 2023
GloboNews/Reprodução
A operação que investiga se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) espionou governadores e integrantes do Supremo ocorre duas semanas depois que a União dos Profissionais da Abin, entidade que representa servidores da inteligência, divulgou uma nota de repúdio às declarações Andrei Passos, diretor-geral da PF.
A PF cumpriu nesta quinta (25) mandados de busca em endereços suspeitos em Brasília, Juiz de Fora, São João Del Rei e Rio de Janeiro. O ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), está entre os alvos da operação.
Em entrevista ao estúdio I, Andrei Passos afirmou que, durante a gestão de Bolsonaro, a Abin “monitorava pessoas de posição contrária ao governo anterior”.
Em março, o jornal O Globo revelou que o governo Bolsonaro usou a ferramenta de GPS ‘First Mile’ para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.
De acordo com as investigações, entre os alvos estão os ministro Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e o ex-governador Camilo Santana, do Ceará, hoje ministro da Educação de Lula, entre outros.
Na nota de repúdio, a União dos Profissionais da Abin acusou Andrei de dizer inverdades.
“O referido software [First Mile] não possuía qualquer capacidade de invadir celulares, tampouco de obter localizações precisas. Como já noticiado, outros órgãos públicos o utilizam, e podem facilmente atestar sua forma de operação”.
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Na ocasião, Andrei Passos disse que não responderia à nota porque a PF já tinha laudos comprovando que o aparelho da Abin invadia comunicações telefônicas.
Se a ferramenta First Mile efetivamente viola comunicações telefônicas, seria necessário pedir autorização judicial para quebra o sigilo telefônico dos cidadãos monitorados.
Em outras palavras, a agência de inteligência do estado estaria agindo fora da lei, bisbilhotando cidadãos por sua convicção política. Típico de ditaduras, não de democracias.
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