Teste: Por que o Peugeot 208 Turbo é o melhor hatch zero km à venda?

No geral, modelo é superior que seus concorrentes diretos com motor 1.0 turboLuiz Forelli Santana/iG

A Peugeot lançou o novo 208 no Brasil em 2020. Inicialmente, com motores 1.0 e 1.6, ficava atrás dos concorrentes. A resposta foi rápida: a versão brasileira tomou a vitamina do motor 1.0 turbo da Stellantis, trazendo outras proporções de dirigibilidade, economia e, o melhor, diversão ao dirigir. 

Testamos a versão intermediária com motor turbo, a Style, de R$ 109.990, concorrente mais do que à altura do Hyundai HB20 Platinum (R$ 112.290), Volkswagen Polo Comfortline (R$ 112.290) e Chevrolet Onix LTZ (R$ 111.590), todos 1.0 turbo.

Além da estampa do sobrenome turbo, a ponteira cromada e o nome das versões na lateral ajuda a identificar o hatch vitaminado Luiz Forelli Santana/iG

MELHOR DO QUE NUNCA

Nada melhor do que começar a falar sobre a motorização e sensação ao dirigir. O hatch compacto, agora, compartilha o mesmo motor presente no Fiat Pulse, FastbackStrada e Citroën C3 Aircross. Este não é um motor tímido – aliás, é o 1.0 turbo mais potente do mercado, que gera 125 cv/130 cv (G/E) e torque de 20,4 kgfm.

Era o que realmente faltava no modelo. Agora podemos dizer que o Peugeot 208 encontrou a tampa perfeita para sua panela. As acelerações fizeram o veículo de 1.177 kg cumprir seu dever em cada ultrapassagem, acelerada e retomada. Aliás, outro ponto a destacar é a sonoridade do escapamento – um ronco mais agressivo que os oponentes, lembra, minimamente, um escapamento com difusor.

O câmbio CVT,  que simula até sete marchas, trata o modelo com “carinho’’, sem exageros de ruídos, como um Honda City, por exemplo. Aliás, o casamento foi perfeito entre os dois, como no Fiat Strada, que carrega a mesma transmissão. No entanto, é uma pena que as borboletas para trocas de marchas não foram postas, uma característica que faria jus ao veículo. Porém, há trocas de marchas no câmbio para quem gosta de sentir mais o carro na mão. 

Os 0 a 100 km/h destaca-se como o melhor entre os concorrentes, registrando 9 segundos com gasolina e 9,2 com etanol – o tempo foi o mesmo em nosso teste, com o modo “Sport” ativado – aliás, que péssimo lugar para colocar o botão, que fica posicionado no canto inferior esquerdo ao lado do volante, além de ser pouco intuitivo, sem nenhuma interação visual no painel, indicando sua ativação apenas por uma luz no próprio botão. A velocidade máxima divulgada é de 206 km/h, o mesmo de um Polo GTS

A suspensão (foi recalibrada) McPherson na frente e o eixo de torção atrás são bem ajustados e firmes, sem causar desconforto dentro da cabine ao passar por áreas esburacadas. Já os freios, disco ventilado à frente e tambor atrás, se mostraram progressivos em freadas fortes – passa segurança ao motorista. 

Nas curvas, o 208 é no chão. E mesmo que o motorista faça curvas mais arriscadas, o controle de estabilidade entra em ação junto com controle de tração, podendo ser desativados pelo sistema multimídia, denominado “antiderrapagem”. No momento em que o veículo detecta que está enfrentando uma curva mais desafiadora, o controle é acionado automaticamente. Outro destaque que contribui para a boa estabilidade são as rodas aro 17 com pneus 205/45 (pneus de perfil baixo) e claro, os créditos da plataforma CMP, perfeito para todo o conjunto com ótimo balanceamento.

Traseira é curvada e não possui lanternas em LEDLuiz Forelli Santana/iG

CONSUMO

Quando trata-se de consumo, avalio em três cenários: na cidade sem trânsito, com trânsito e na estrada. Todos os nossos testes foram realizados exclusivamente com gasolina. O Peugeot 208 1.0 turbo com gasolina registrou 11,3 km/l na cidade sem trânsito, 7,5 km/l no trânsito intenso na cidade de São Paulo e 14,8 km/l na estrada.

Apesar dos meus esforços, não consegui atingir as marcas indicadas pelo Inmetro: 12 km/l com gasolina na cidade, já na estrada as médias foram melhores do que o 13,6 km/l divulgados. No etanol, o hatch faz 8,3 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada. 

Hacth da Peugeot é o pior em tamaho entre os concorrentes, tanto em porta-malas, como entre-eixosLuiz Forelli Santana/iG

DESIGN E DIMENSÕES

O design do Peugeot 208 é de causar inveja aos concorrentes. A frente bem agressiva, com uma grade grande que incorpora elementos metálicos e efeito tridimensional, proporciona um visual esportivo. Agora, o elemento simbólico são os ousados faróis full LEDs, com projetores, que possuem a simbólica garra de leão da Peugeot com o DRL. À traseira, traz lanternas halógenas e robustas, com o nome da marca escrito em uma parte bandeau em transversal em black piano que se destaca. Para indicar que é um 208 turbo, há estampado o apelido “Turbo 200”, referência ao torque de 200 Nm, além da ponteira cromada.

O maior destaque vai às rodas aro 17, exclusivas desta versão, com pintura preta metálica, trazendo um sentimento de mais esportividade. Esse tom esportivo se repete com o aerofólio pintado em black piano, assim como os retrovisores. Sem esquecer das pedaleiras em cromado. Enfim, a versão Style é a mais esportiva entre as versões do 208 e os hatches compactos, exceto o Polo GTS.

Rodas exclusivas dessa versão é aro 17 e possuem estilo diamantadasLuiz Forelli Santana/iG

Agora, as dimensões são um dos pontos fracos do modelo. Mas antes do meu breve comentário, vamos aos números: são 4,05 m de comprimento; 2,53 m de entre-eixos; 1,96 m de largura; 1,45 m de altura; 265 litros de porta-malas; 400 kg de carga útil; 47 litros de tanque de combustível.

O entre-eixos é um dos menores da categoria, ficando atrás apenas do Hyundai HB20 por 8 milímetros. Claro, considerando que é um hatch compacto, mas o espaço interno é realmente bem apertado, não sobrando nem espaço entre meus joelhos e o banco da primeira filera. Já o porta-malas é o menor entre os concorrentes de longe. Nele, cabe só duas malas, e pronto, já ocupou praticamente todo o espaço disponível. Além disso, o banco traseiro não é bipartido, ou seja, caso queira deitar o banco, não irá ninguém atrás. 

Multimídia é virada ao condutor, facilitando na ergonomia do dia a diaLuiz Forelli Santana/iG

INTERIOR E TECNOLOGIA

Ao abrir a porta do Peugeot 208, é possível se deparar com ótimas borrachas usadas nas portas, e esse é um ponto positivo do 208: o isolamento acústico. Mesmo sendo um motor de três cilindros, a Stellantis trabalhou muito bem para garantir um ambiente silencioso dentro da cabine – destaque maior ainda para a capa de espuma que reduz as vibrações do motor três cilindros, característicos por serem barulhentos – mas o que não transparece dentro do carro. 

O acabamento das portas é razoável, superior ao do Polo e Onix, eu diria. A parte onde apoiamos o braço é revestida em couro sintético, proporcionando conforto em viagens. Contudo, o restante é todo de plástico e imitação de peças em carbono. Não que seja ruim, especialmente considerando que estamos falando de um hatch ‘’de entrada’’. Os plásticos, os retoques e os apliques são de boa qualidade, o que demonstra cuidado por parte da Peugeot. Não há nenhuma saliência desnecessária. Além disso, não percebi nenhum ruído incômodo causado pelo plástico em chão paralelepido.

A falta de um descansa braço com baú faz faltaLuiz Forelli Santana/iG

Os bancos merecem destaque: são bem acabados, combinando tecido, toques de alcântara e couro sintético. Além disso, abraçam bem o condutor. No entanto, o descuido ficou para o apoiador de braço. Colocaram apenas um apoiador para o motorista enquanto o passageiro ‘que se vire’. Valia um apoiador central com baú.  

O volante é pequeno e com formato hexagonal e a direção é do tipo elétrica progressiva, o que proporciona uma ótima sensação ao dirigir. Os botões estão um pouco misturados, característicos dos Peugeot. O piloto automático convencional e o limitador de velocidade, por exemplo, estão em uma haste atrás do volante, comum em carros da montadora francesa, a mudança do odômetro no painel de instrumentos fica em um botão no canto da haste dos limpadores do para-brisa, e os comandos do painel digital e multimídia estão no próprio volante. Nada que cause incômodo, mas para quem entra na família Peugeot pode estranhar de começo.

Algo que não ocorreu comigo, mas pode acontecer com muitos, é a falta de visão do painel de instrumentos devido ao volante. Para alguns, o volante pode ocupar todo campo de visão do cluster, o que faz o motorista não enxergar as informações mais do que necessárias – vale se atentar sobre isso. 

Painel de instrumento oferece visualização 3D, um sistema igual do SUV elétrico e-2008, de R$ 159.990Luiz Forelli Santana/iG

O painel de instrumentos digital do Peugeot 208 é o destaque do interior, com a tecnologia 3D, chamada pela Peugeot de i-Cockpit. É realmente interessante e diferencial de qualquer hatch, mas senti que poderia ser um pouco mais intuitivo ao ajustar configurações, como o modo ‘’Sport’’, por exemplo. A tecnologia funciona com uma tela digital e um refletor que cria a sensação 3D – é um diferencial interessante. Contudo, essa tecnologia ‘’3D’’ apresenta um certo atraso ao exibir as trocas de marchas sequenciais, mas nada absurdo. 

A central multimídia é a mesma presente em modelos como Citroën C3 e C3 Aircross, apenas com grafia em preto. É razoável, nada impressionante. As teclas são grandes, o que dá praticidade e segurança, mas peca por ter o controle do ar-condicionado na tela, tornando o dia a dia menos prático. No entanto, vale destacar a presença do Apple CarPlay e Android Auto sem fio, além das câmeras de 180º que oferecem uma visão, e com renderização do entorno do veículo enquanto o condutor efetua a ré, levando a uma experiência como uma câmera 360º. A câmera de ré possui uma péssima qualidade pela imagem e pelo ângulo dela, que é posicionada para baixo e o campo de visão limitado. 

Já o sistema de som ganhou meus ouvidos pela ótima qualidade de graves e médios.

A versão também oferece carregamento de celular por indução como a Griffe e o de impressionar – a chave tipo presencial que, apenas de se afastar do veículo, ele fecha automaticamente, como uma BMW X1, por exemplo. Faltou, apenas, sensores de chuva no pára-brisa e faróis automáticos para completar o conjunto. 

O diferencial fica por conta de um teto-solar, quase panorâmico. Ele é exclusivo da versão Style e Griffe e não abre, apenas possui uma cortina. Mas gostando ou não, foi uma sacada bem grande da Peugeot contra os concorrentes. 

Dianteira tem cara agressiva, mas facelift do 208 trocará as ‘presas de leão’ por ‘garras’ Luiz Forelli Santana/iG

RESUMO DA ÓPERA:  

O nome Turbo 200, estampado na traseira, eleva o patamar do modelo de muito bom para excelente. Entre os concorrentes, é o mais completo em recursos e, esteticamente mais atraente, na minha particularidade. Mas claro, alguns detalhes os oponentes podem ser superiores – exemplo é a VW Play do Polo que é muito superior à central do 208. Mas no geral, a vitória é do hatch da Peugeot. Por isso, é uma pena ver o 208 apenas na quinta posição de hatchs mais vendidos de 2023. Ele merecia mais. 

A versão Griffe oferece recursos mais avançados, como controle do ADAS, piloto automático adaptativo, alerta de frenagem pré-colisão, reconhecimento de placas entre outros. Mas as rodas e outros itens de design podem decepcionar ao serem iguais às da versão de entrada, a Allure, o que tira a cara mais esportiva.

A opção Style oferece um ótimo custo-benefício, principalmente pelo visual arrojado. No entanto, a segurança peca, já que a versão possui apenas quatro airbags em vez dos seis, oferecido na Griffe.

Concluindo, o Peugeot 208 Turbo 200 é o melhor hatch disponível, com acabamento, modernidade e dirigibilidade superiores – não é à toa que conquistou sete prêmios pela imprensa especializada. A escolha entre Griffe e Style depende do gosto do consumidor. Se você valoriza o visual esportivo, vá de Style. Se prefere mais opcionais, princpalmente de segurança, por R$ 5 mil a mais, escolha a Griffe. Independentemente da versão turbo, o 208 atende bem em diversas questões.

FICHA TÉCNICA 

Motor: 999 cm3, dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, turbo, injeção direta, 130/125 cv a 5.750 rpm, 20,4 kgfm de torque a 1.750 rpm

Câmbio: automático CVT, tração dianteira

Direção: elétrica

Suspensão: McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira

Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira

Pneus: 205/45 R17

Peso: 1.169 kg

Dimensões: 4,05 metros de comprimento; 1,96 m de largura (com espelhos); 1,45 m de altura; 2,54 m de distância entre-eixos; tanque de combustível de 47 litros; porta-malas de 265 litros

ITENS DE SÉRIE:

Ar-condicionado Quatro airbags Controle de estabilidade e tração Alerta sonoro de portas abertas ou cintos não afivelados Assistente de partida em rampa Rádio FM com Bluetooth Central, multimídia de 10,3 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio Faróis full-LED com as DRL de LED no para-choque Teto solar panorâmico Câmera de ré com visão 180º Sensores de estacionamento traseiros Duas entradas USB Retrovisores elétricos Volante multifuncional com ajuste de altura Vidros elétricos nas portas dianteiras Carregador de celulares por indução Logotipo Style na coluna C Detalhes externos em preto brilhante Rodas de liga leve de 16 polegadas

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