
Valor é resultado da comparação de janeiro de 2024, quando região teve o registro de apenas um caso para três no mesmo período de 2025. De acordo com os dados da SSP crime cresce ano após ano. Delegacia de Defesa da Mulher de Mogi das Cruzes (DDM)
Vinícius Silva/TV Diário
Neste sábado (8), é comemorado o Dia Internacional da Mulher.
A data que deveria ser apenas para celebrar vitórias e direitos conquistados pelas mulheres ao longo do tempo, também traz um alerta: os casos de feminicídio aumentaram 200% no Alto Tietê.
O valor é resultado da comparação das ocorrência de janeiro de 2025, com o mesmo período de 2024, a partir dos dados mais recentes disponibilizados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP).
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Em janeiro de 2024, foi registrado um caso na região e no mesmo período de 2025, foram três. Na comparação com o mesmo mês de 2023, também houve um aumento, pois nenhum feminicídio foi registrado.
O mês de fevereiro também reflete o crescimento desse tipo de crime na região. Em fevereiro de 2023, não houve registro de feminicídio. Já no mesmo período de 2024, houve um caso e esse ano, somente em Guararema foram três. (confira os detalhes abaixo)
Entretanto, em todo o estado de São Paulo, houve uma queda de 12% neste crime em janeiro. No primeiro mês de 2025, foram 2 e em 2024 foram 25 casos. Já na comparação com 2023, teve um aumento de 22,2%, pois naquele ano foram registradas 18 ocorrências de feminicídio.
O feminicídio é um crime de ódio contra mulheres cometido por homens. Geralmente acontece quando uma mulher encerrou ou deseja terminar um relacionamento. Porém, o feminicídio também pode ser cometido por amigos ou familiares.
Alto Tietê
Em fevereiro de 2025, o g1 noticiou três casos de feminicídio que aconteceram em Guararema. O primeiro foi no dia 11, quando a vítima, que estava grávida e desaparecida há dias, foi encontrada.
Após uma denúncia anônima, os policiais militares prenderam o suspeito. Ele admitiu que o primo, ex-companheiro da vítima, tinha mandado matar a mulher. Ela perdeu o bebê.
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Depois de pouco mais de dez dias houve o registro de outro feminicídio na cidade. Dessa vez, o suspeito fugiu após agredir com uma pá a mulher e duas enteadas, menores de idade.
No dia 24, o g1 publicou o caso de uma vítima de feminicídio, em que o ex-companheiro tentou atear fogo na mulher e fugiu. O crime aconteceu no bairro Chácara Guanabara, em Guararema.
Dor e Revolta
Andreia de Oliveira, tosadora, de Mogi das Cruzes, conhece bem o que é o feminicídio. No dia 30 de março de 2022, a filha dela, Mayara de 22 anos, foi uma das vítimas desse crime.
A jovem, que era fotógrafa e tinha o sonho de ser jornalista, foi esfaqueada dentro da casa do namorado em Ferraz de Vasconcelos. Segundo mãe, a jovem estava com ele há apenas 15 dias.
A mãe contou que o suspeito fugiu e foi encontrado morto dois meses após o crime. Para Andreia, a sensação que fica é um misto de sentimentos.
“Não tenho nem palavras para descrever, é um mix de tristeza com revolta, porque não teve punição. Não soube o porquê ele fez isso”, desabafou.
Mayara foi vítima de feminicídio em 2022
Arquivo pessoal
O que diz a especialista
No dia 9 de março, a lei do feminicídio completa dez anos. A advogada e gestora do Projeto Justiceiras, que oferece apoio às mulheres vítimas de violências, Clicie Carvalho explicou que a lei foi um avanço para combater a violência contra a mulher. E destacou que além de uma pena para quem comete o crime, é necessário educar a sociedade.
“O pacote anti-feminicídio foi promulgado no ano passado. É um pacote muito importante para as mulheres, porque aumentou as penas. Isso ajuda na prevenção e intimidação. Esses homens que praticam o feminicídio não são cidadãos maus perante a sociedade. Eles são trabalhadores, bons pais, mas eles acham que a mulher é inferior e que ela tem que ser submissa”, afirmou Clicie Carvalho.
Segundo a advogada, há boas políticas públicas, mas elas precisam ser aplicadas de forma mais eficaz. “A lei Maria da Penha é muito boa, é a terceira lei mais bem avaliada do mundo, mas ela precisa ser aplicada à risca. Precisa de um apoio multidisciplinar [para as vítimas]. A maioria das delegacias não tem uma psicóloga, uma assistente social e até um médico. Tem centros de referências, tem secretarias da mulher, a casa da mulher brasileira [que ajudam as vítimas]. Essas políticas são muito importantes para que as mulheres consigam ser acolhidas”, explicou Clicie.
Clicie completou ainda dizendo que toda mulher está sujeita a passar por violência de gênero. Inclusive as de classe alta.
“É importante que a gente não julgue, que a gente acolha. É um crime tão complexo que até eu, que trabalho com isso, posso passar [por ele]”.
Combate ao feminicídio
A Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) informou que o enfrentamento ao feminicídio e a violência doméstica é prioridade, e que o monitoramento dos agressores por tornozeleira eletrônica foi ampliado em 60%.
A SSP informou ainda que o Alto Tietê tem cinco Delegacias da Defesa da Mulher (DDM) em Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano, que atendem das 9h às 18h.
Já as cidades de Biritiba-Mirim, Salesópolis, Guararema, Poá, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes possuem sala da Delegacia de Defesa da Mulher que funciona 24 horas.
Além das delegacias, a SSP disponibiliza o Cabine Lilás, um serviço em que policiais mulheres são treinadas para atender os casos de violência doméstica pelo telefone 190.
Assim como o aplicativo SP Mulher Segura, que possui um botão de pânico que oferece ajuda quando acionado e permite o registro de boletins de ocorrência.
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