Churchill, Keynes, Bohr: veja citações de Galípolo em sabatina

Indicado para a presidência do Banco Central (BC), o economista Gabriel Galípolo citou, nesta terça-feira (8/10), em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, uma série de pensadores e políticos internacionais. Veja abaixo os principais destaques:

Churchill

Ao comentar sobre a questão inflacionária no período pandêmico e no pós-pandemia da Covid-19, Galípolo fez referência ao ministro do Reino Unido de 1940 a 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill (1874-1965):

“É um grande debate global o quanto aquele processo inflacionário correspondia a um choque de oferta pela desarticulação das cadeias produtivas e dificuldade de você produzir e quanto correspondia a uma questão de demanda decorrente dos programas de transferência de renda e socorro por causa da pandemia. Existia essa discussão. A minha posição — eu recorro sempre, quando tem este debate a uma fala do Churchill em que ele dizia que a verdade é uma adúltera, nunca está com uma pessoa só. Provavelmente, você consegue encontrar explicações nos dois elementos, não precisa ser em um ou outro, me parece que era um e outro. E aí existiu uma discussão sobre velocidade de reação. O Banco Central brasileiro, por exemplo, foi muito bem reconhecido globalmente por ter sido um dos primeiros a reagir com política monetária, entendendo que existiria um impacto e repercussões que afetariam pelo lado da demanda, o que demandaria justamente a reação da política monetária”.

Keynes

Galípolo citou o economista inglês John Keynes (1883-1946), que costumava ser bastante citado pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes, que alardeava ter lido Keynes na língua original. Keynes defendia a intervenção do Estado para manter o bom funcionamento de uma economia.

“Eu quero dizer que o privilégio de ser indicado para presidir o Banco Central do Brasil exorbita diante da possibilidade de exercer essa função — se as senadoras e os senadores me aprovarem — em condições coerentes com as convicções que me inclinaram, há mais de 25 anos, a estudar economia. Eu sempre encontrei sentido e motivação para estudar economia na afirmação de um economista inglês do começo do século passado, que dizia: ‘A economia é a ciência que cuida de melhorar a vida da mulher e do homem comuns’. Essa é a função, esse é o sentido da economia”.

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Niels Bohr

Outra citação de Galípolo foi ao físico e filósofo dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), que recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1922. É atribuída a Bohr a frase: “Predição é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro”. Disse Galípolo:

“O senador Izalci colocou um tema que tem sido debatido constantemente ali pelos diretores do Banco Central, que é a necessidade de a gente aprofundar em estudos para saber qual é o impacto da reforma tributária nos preços de mercado, especialmente pelo tema que o senhor comentou de como vão se dar essas distribuições entre setores, por exemplo, serviço e indústria, e também entre consumo e investimento. Então, não é simples, até porque a gente não tem a redação final, a gente não sabe qual é a solução final. E, mesmo com a solução final, como disse já um físico, fazer projeções é sempre muito difícil, especialmente sobre o futuro. Então, é um processo de tentar tatear essas mudanças, mas, com certeza, é uma atenção que o Banco Central tem tomado, tem dado a isso, e até provocado para que meios acadêmicos e outras instituições possam fazer estudos para que a gente possa reunir mais informações sobre esse tipo de impacto”.

Jorge Luis Borges

Outro pensador citado por Galípolo foi o escritor e poeta argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), em resposta a pergunta da senadora Soraya Thronicke.

“A senhora me pediu para que eu fizesse uma explicação menos hermética e de ‘economês’ aqui sobre a inflação. Também vou recorrer aqui a uma redução empobrecedora. Como diz a metáfora do Jorge Luís Borges, o mapa só é um mapa porque ele não tem todos os detalhes da realidade; se ele tiver todos os detalhes da realidade, ele não é um mapa. Mas o processo de você ter uma inflação que decorre de demanda se assemelha a um processo de um leilão. Se você, em um leilão, tem muitos compradores para pouca oferta de um bem, o processo de concorrência de quem tem acesso àquele bem ou serviço vai se dar para uma disputa de preços, e esse preço vai escalando”. 

Sabatina

A sabatina é o primeiro passo da análise que o Senado faz do indicado. Galípolo precisa da aprovação dos senadores da CAE e depois do plenário da Casa para ser confirmado como novo presidente do BC.

Se aprovado, ele vai assumiu o BC em 1º de janeiro de 2025 e ficará no cargo até o fim de 2028.

Quem é Gabriel Galípolo

Natural da capital de São Paulo, Gabriel Galípolo, de 42 anos, tem experiência nos setores público e privado. Desde julho do ano passado, ele é diretor de Política Monetária do BC.

Antes de integrar o colegiado do banco, Galípolo foi o braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando foi secretário-executivo da pasta, entre janeiro e junho de 2023.

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