
O governo brasileiro anunciou a isenção de impostos de importação sobre nove produtos essenciais, incluindo café, carne, açúcar e óleo de palma. A decisão gerou reações no mercado, com expectativas sobre o impacto nos preços e nas empresas ligadas a esses setores. No entanto, segundo o economista Alex André, entrevistado pelo BM&C News, os efeitos práticos da medida podem ser limitados.
Impacto na Bolsa e reações do mercado
A princípio, havia a expectativa de que empresas como Camil, M Dias Branco e Natura pudessem se beneficiar da isenção. No entanto, os movimentos na Bolsa de Valores mostraram reações mistas. Enquanto Camil operou em baixa, M Dias Branco chegou a se recuperar ao longo do pregão. No setor de frigoríficos, três dos quatro principais players registraram ganhos, com destaque para a alta expressiva da Marfrig.
Apesar dessas variações, Alex André aponta que a precificação das ações não deve sofrer mudanças significativas por conta da medida. “Quando olhamos para a causa raiz, vemos que esses produtos são, em grande parte, exportados pelo Brasil, e não importados. O impacto real no mercado pode ser muito menor do que se imagina“, explicou.
Medida tem efeito limitado nos preços ao consumidor
Um dos argumentos do governo para a isenção do imposto de importação foi a possibilidade de reduzir os preços ao consumidor final. No entanto, segundo Alex André, esse efeito pode ser praticamente nulo. “Se o Brasil importa volumes muito baixos desses produtos, a isenção não resultará em uma grande entrada de importados no mercado, e, consequentemente, os preços nas prateleiras dos supermercados não devem cair significativamente“, avaliou.
Além disso, o economista ressalta que a política pode gerar um desequilíbrio no setor produtivo nacional. “Pode até incentivar a importação no curto prazo, mas, ao mesmo tempo, desestimula a produção local. Esse tipo de intervenção gera uma balança econômica instável“, afirmou.
A verdadeira preocupação: poder de compra e política fiscal
Para Alex André, a principal preocupação do governo deveria ser o poder de compra da população, que tem sido corroído nos últimos anos. “A solução real para essa questão não está em zerar impostos de importação, mas sim em valorizar o real e aumentar o poder de compra dos brasileiros“, explicou.
Ele destaca que uma das formas de fortalecer a moeda nacional é reduzir os gastos públicos e adotar uma política fiscal mais austera. “O governo precisa parar de gastar mais do que arrecada. Quanto mais gastos forem feitos sem controle, maior será a pressão sobre o câmbio e sobre a inflação. No final das contas, quem paga essa conta é o consumidor e o investidor, que enfrentam um cenário de maior aversão ao risco“, concluiu.
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