Bolsa sem direção e tecnologia no radar: resumo da semana no mercado

A semana foi mais curta para o mercado brasileiro devido ao feriado de Carnaval, mas isso não impediu que os investidores enfrentassem fortes oscilações e decisões que trouxeram novas incertezas. Segundo Marco Prado, apresentador do BM&C Pre-Market, a volatilidade foi intensa, com destaque para a forte queda do setor de tecnologia nos Estados Unidos, ajustes nos juros da Europa e uma movimentação controversa do governo brasileiro na isenção de impostos para importação de produtos essenciais.

Tecnologia e mercados globais reagem

Um dos maiores destaques da semana foi a forte queda do setor de tecnologia, que afetou não apenas o Nasdaq, mas também os mercados da Ásia e da Europa. A decisão do presidente Donald Trump de postergar tarifas para México e Canadá, mas manter 15% dos produtos chineses taxados, aumentou a cautela dos investidores. Como resultado, as bolsas globais tiveram uma semana negativa, com um cenário ainda mais pressionado pelo discurso pessimista de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), que anunciou um corte de 0,25% na taxa de juros do bloco europeu.

Expectativas para o Fed e os dados do Payroll

Se por um lado o mercado sofreu com o desempenho da tecnologia, por outro, os dados do mercado de trabalho dos EUA trouxeram um alívio parcial. Indicadores como o ADP e o payroll vieram abaixo das expectativas, aumentando a projeção de 90% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual na reunião de setembro do Federal Reserve, segundo a CME.

Os mais otimistas já especulam cortes de até 0,75 ponto percentual ao longo do ano, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, manteve um tom cauteloso, reforçando que a inflação segue monitorada, sem pressa para cortes mais agressivos.

Fluxo estrangeiro fraco e mais incertezas fiscais

O mercado doméstico segue travado. Sem fluxo de capital estrangeiro relevante, a Bolsa brasileira não encontrou razões nem para subir, nem para cair. Segundo Marco Prado, os investidores externos seguem de fora, aguardando os desdobramentos das decisões políticas e fiscais do governo.

A grande polêmica da semana foi a isenção de impostos sobre a importação de produtos como café, açúcar, milho e carne. A medida, interpretada como populista, levanta dúvidas sobre os impactos no médio e longo prazo. “Num primeiro momento, pode até conter a inflação, mas desestimula o produtor nacional a investir, gerando menor arrecadação para o próprio governo”, avaliou Prado.

Além disso, o mercado conheceu os números do PIB do Brasil, que registrou um crescimento de 3,4% em 2024 em relação ao ano anterior. A expansão foi impulsionada pelo setor industrial (3,3%) e pelo setor de serviços (3,7%), enquanto a agropecuária apresentou uma retração de 3,2%. Para Marco Prado, a cautela ainda é necessária “quero ver os de 2025 e 2026, até mesmo porque um dos motivos do crescimento do PIB foi a inflação”.

Mudanças nos ministérios preocupa mercado

A reforma ministerial no governo brasileiro segue no radar dos investidores. O mercado acompanha com apreensão as trocas nos ministérios e as possíveis novas nomeações, temendo impactos na condução da política econômica e fiscal do país. Ainda não há clareza sobre quais cargos serão substituídos, mas a instabilidade política segue como um fator de risco para o Brasil.

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