Chefe de milícia preso, Cara de Ferro foi denunciado pelo MPRJ por extorsão, tortura e sequestro


Segundo denúncia, o sequestrado levou coronhadas na cabeça, chutes, pauladas e queimaduras com a ponta de um cigarro aceso, e criminosos chegaram vestidos de policiais civis. Justiça aceitou a denúncia, mas negou prisão de miliciano. Cara de Ferro responde por extorsão, tortura e sequestro
Reprodução
Um dos chefes de milícia presos na madrugada desta quarta-feira (24) na Zona Oeste do Rio, Claudio Cesar Rocha, o Cara de Ferro, foi denunciado pelo Ministério Público, em março de 2022, por extorsão mediante sequestro e tortura de um homem em uma borracharia em Curicica, Jacarepaguá.
O crime ocorreu em 25 de novembro de 2021. Segundo a denúncia do MPRJ, Cara de Ferro, que segundo as investigações comanda uma milícia em Curicica, participou do sequestro para tentar extorquir da vítima um valor de R$ 300 mil.
O borracheiro reconheceu um dos sequestradores como Walber Demétrius dos Santos Gentil, o Pelé, e disse que os criminosos chegaram vestidos com roupas de policiais civis e gritando:
“Polícia! Já tá tudo dado! Vamos pra delegacia!”, disseram os criminosos. No cativeiro, as exigências continuavam: “Você vai pagar os R$ 300 mil! Se vira! Pega com a sua irmã, com o Carlinhos Cocaína, com o Latão! Eles vão pagar!”, aponta um trecho da denúncia.
Segundo a própria vítima, Cara de Ferro carregava um fuzil.
O homem foi levado, junto com um outro funcionário, para a Colônia Juliano Moreira, onde atuava a milícia da qual Cara de Ferro fazia parte. A vítima só foi solta do cativeiro no dia seguinte, sob promessa de conseguir pagar um resgate de R$ 100 mil.
A vítima foi torturada pelos criminosos, que a todo momento perguntavam se o homem tinha alguma relação com o traficante Carlinhos Cocaína, da Cidade de Deus, morto recentemente.
Mesmo negando qualquer proximidade, o sequestrado levou coronhadas na cabeça, chutes, pauladas e queimaduras com a ponta de um cigarro aceso.
Houve também um momento em que os criminosos simularam decepar a ponta de um de seus dedos.
“Além disso, os denunciados deram sequência à barbárie utilizando a ponta de uma faca, apertando-a contra diversas partes de seu corpo e, ainda, utilizaram um alicate para puxar a sua língua”, diz um trecho da denúncia da 1ª Promotoria de Investigação Penal Especializada.
O homem teve ainda um iPhone e um cordão de ouro roubados pelos criminosos.
O caso foi investigado pela Delegacia Antissequestro. Dois criminosos foram presos e confessaram participação no crime, apontando Cara de Ferro como um dos participantes do sequestro, tortura e extorsão da vítima.
O MP pediu a prisão de Cara de Ferro por esse crime. A Justiça recebeu a denúncia, mas, na ocasião, não aceitou o pedido de prisão, em uma decisão do dia 10 de abril.
Após tiroteio, homens apontados como chefes da milícia de Curicica são presos
Prisão em casa noturna
A Polícia Civil do RJ informou nesta quarta-feira (24) ter prendido 2 chefes da milícia de Curicica, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Houve tiroteio na ação, e 2 “seguranças” dos criminosos acabaram mortos.
Com informações de inteligência, agentes descobriram que Claudio Cesar Rocha, o Cara de Ferro, e Anderson Ferreira de Oliveira, o Andinho, estavam em uma boate em Curicica na madrugada desta quarta.
Um cerco foi montado, mas, segundo a polícia, “homens que faziam a segurança da dupla dispararam contra as equipes”. Os agentes revidaram e mataram 2 seguranças. Os nomes deles não tinham sido divulgados até a última atualização desta reportagem
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A força-tarefa apreendeu 2 pistolas, 2 fuzis, 2 granadas, centenas balas para fuzil e pistolas e dezenas de carregadores.
Segundo as investigações, Cara de Ferro é o chefe da milícia de Curicica, e Andinho, o segundo no comando.
Andinho estava foragido da Justiça e vinha sendo procurado desde 2013, após a fuga em massa do Instituto Penal Vicente Piragibe, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu — pelo menos 30 detentos escaparam pelo esgoto.
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