‘Maré vermelha’: entenda como se forma fenômeno que deixa banhistas e moradores intoxicados no litoral


Fenômeno atingiu praias no Litoral Sul de Pernambuco e em Boa Viagem, no Recife. Imagem aérea da praia de Boa Viagem
TV Globo
Um fenômeno conhecido como “maré vermelha” tem causado preocupação devido a uma série de intoxicações registradas em pessoas que entram no mar do Litoral Sul de Pernambuco, em especial nas praias de Tamandaré e Maracaípe, em Ipojuca.
A “maré vermelha” também foi observada na praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Desde a última terça-feira (20), a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) monitora o local e enviou uma equipe de técnicos ao local para coletar amostras da água.
Para entender como acontece a “maré vermelha” e quais são os fatores que colaboram para a formação do fenômeno, o g1 conversou com Múcio Banja, doutor em oceanografia biológica, pesquisador e professor de ecologia na Universidade de Pernambuco (UPE).
O que é a ‘maré vermelha’?
De acordo com o pesquisador, “maré vermelha” é o resultado de um fenômeno natural que acontece quando há um excesso de nutrientes na água do mar. Micro-organismos utilizam esses nutrientes como alimento, crescem, dominam o ambiente e liberam substâncias tóxicas.
“Esses organismos têm uma coloração escura, puxada para um vermelho-arroxeado. A quantidade muito grande desses organismos, mesmo sendo microscópios, terminam mudando a coloração da água”, explicou o professor.
O que são esses micro-organismos?
Em Pernambuco, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) ainda pesquisa quais as espécies de microalgas que estão afetando as praias do estado. Entretanto, de acordo com o professor Múcio Banja, o principal causador do efeito é um grupo de microalgas conhecido como dinoflagelados, a exemplo do gênero Gonyaulax.
“Existem vários grupos de microalgas que podem provocar a maré vermelha. Algumas são microalgas tradicionais e outras são chamadas de dinoflagelados, porque são micro-algas que possuem uma estrutura flagelar que ajuda nos pequenos movimentos. Esses são os causadores principais, os dinoflagelados”, explicou o pesquisador.
Como a ‘maré vermelha’ se forma?
Além do excesso de nutrientes na água, o professor pontuou que outros fatores contribuem para a formação do fenômeno. São eles:
Praias em regiões de baía;
Alta profundidade e alta inclinação do fundo do mar;
Correntes marítimas de águas profundas;
Altas temperaturas;
Despejo de matéria orgânica (seja natural, pelos rios, ou por poluição, como esgotos).
“Por conta do formato da baía, as microalgas se concentram e recebem nutrientes que chegam das águas profundas. Elas não crescem em tamanho, elas se multiplicam, que é a forma de um organismo unicelular crescer e se desenvolver. As populações triplicam em questão de horas, inclusive formando grandes populações”.
O que fazer?
De acordo com a CPRH e a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a orientação é evitar o banho de mar em locais com água de cor e cheiro diferentes. Em caso de sintomas, é preciso procurar uma unidade de saúde.
Quanto tempo dura a ‘maré vermelha’?
Segundo o pesquisador, uma maré vermelha tende a durar cerca de dois dias. Devido a forma de multiplicação rápida das microalgas, elas se alimentam da matéria orgânica disponível no local. Quando os nutrientes acabam, e as condições propícias para a proliferação mudam, as microalgas morrem e a maré vermelha acaba.
Entenda como se forma a “maré vermelha” – fenômeno que tem afetado as praias do Litoral Sul de Pernambuco
Arte/g1
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