Com caricatura de Kafka como barata de terno e gravata, artista vence Júri Popular do 51º Salão Internacional de Humor de Piracicaba


Trabalho de Fernando Dizing, uma caricatura de Kafka, como uma barata de terno e gravata e rosto de homem, recebeu 2.366 votos O artista gráfico Fernando L. dos Santos, conhecido como Fernando Dizing, ganhou o primeiro lugar no Prêmio Júri Popular Alceu Marozi Righetto, do 51º Salão Internacional de Humor de Piracicaba. O trabalho, uma caricatura de Kafka, como uma barata de terno e gravata e rosto de homem, recebeu 2.366 votos pelo site da Associação dos Amigos do Salão de Humor de Piracicaba (AHA).
O resultado foi divulgado no dia 24 de setembro pelo Centro Nacional de Documentação, Pesquisa, e Divulgação do Humor Gráfico de Piracicaba (Cedhu). Concorreram ao prêmio todas as obras que receberam Menção Honrosa na edição do Salão.
“Ainda estou absorvendo o resultado da premiação. Participo do Salão desde o ano 2000, mas, até então, só havia sido selecionado para a mostra principal. Quando soube da menção honrosa, já foi uma grande satisfação e agora, conquistar o prêmio me deixou sem palavras, porque o Salão sempre foi um paralelo na minha vida profissional”, conta Fernando Dizing.
Dizing explica que a caricatura foi uma homenagem ao centenário de morte do escritor alemão. “A ideia surgiu como uma faísca quando li, pela segunda vez, o livro Metamorfose, de um autor que fala abertamente sobre o absurdo que foi o século XX e continua sendo o século XXI”, explica.
A votação para o Prêmio Júri Popular começou no dia 31 de agosto, logo que os premiados e as menções honrosas foram revelados. Todos os trabalhos que ganharam menção honrosa foram imediatamente para votação pública no site da
O segundo colocado do Prêmio Júri Popular foi do também brasileiro Eder Santos, com 1.813 votos para o cartum que fala das polêmicas sobre o formato da terra.
Em terceiro ficou Evandro Alves, com 1.610 votos para a charge com crítica em relação ao casamento infantil; em quarto, a tira de Jarbas Domingos de Lira, com um sapo de coroa que finge ser príncipe para ganhar um beijo, mas no lago, haviam outros sapos com coroas, ganhou 362 votos. Em quinto, Rui Miranda, conquistou 356 votos com a escultura de uma caixa onde está escrito
“Rode a manivela e imagine um lugar que a asa branca carece pousar” e em cima, um asa branca e, em sexto, a iraniana Salar Eshratkhah, conquistou 26 votos na categoria Temático Mulher, com o desenho de uma mãe correndo para salvar sua criança que está se afogando e outros super-heróis com ela.
“O prêmio Júri Popular Alceu Marozzi Righeto não só é uma homenagem a um dos fundadores do SIHP, mas uma chance de deixar que o público escolha o seu preferido para ser premiado, garantido assim, que quem visita o Salão faça uso do seu ‘poder de voto’ de forma democrática”, diz Júnior Kadeshi, diretor do Cedhu.
Grande Prêmio
Com mais de meio século de existência, o 51º Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP), um dos maiores do mundo no setor, teve entre os trabalhos vencedores um cartum sobre o desrespeito com os povos originários do Brasil e as florestas e uma escultura do escritor indígena e ativista ambiental Ailton Krenak.
Ao g1, Gilmar, vencedor do Grande Prêmio desta edição do Salão, lista algumas das possíveis interpretações para o desenho e, especialmente, de quem seriam os punhos e as mãos que representam a forma como os povos originários são tratados no Brasil. “Podem ser do capital, de grileiros, de latifundiários”, explica o artista.
Cartunista Gilmar leva o Grande Prêmio e o Prêmio Cartum do 51º Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
Reprodução/Salão Internacional de Humor de Piracicaba
No cartum do Gilmar Machado, duas mãos seguram uma faca afiada para cortar o cordão umbilical de um bebê indígena e o tronco de uma árvore. – Veja no desenho, acima. Na obra, os braços, desproporcionalmente maiores que a criança, vestem terno de botões nas mangas sobre uma camisa branca.
“O engraçado e o interessante do cartum são as várias leituras que o gênero provoca. Uma leitura é aquela a partir da proposta do artista, quando faz o trabalho. As outras leituras são feitas conforme a realidade e contexto social de cada pessoa que vê. Pode ser o capital, pode ser o latifundiário, pode ser grileiros, pode ser governo, pode ser várias coisas que representam o que acontece com a questão indígena, tão importante no Brasil”, comenta ao ser perguntado pelo g1.
O anúncio do trabalho vencedor foi feito durante abertura oficial do evento no Engenho Central no dia 31 de agosto. A mostra fica aberta à visitação gratuita até 3 de novembro de 2024. -👇 Assista no VÍDEO, abaixo, na reportagem.
Gilmar Machado vence o grande prêmio do 51º Salão Internacional de Humor de Piracicaba com cartum sobre desrespeito ao povos originários do Brasil e às florestas.
Claudia Assencio/g1
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Gilmar Machado vence o grande prêmio do 51º Salão Internacional de Humor de Piracicaba com cartum sobre desrespeito ao povos originários do Brasil e às florestas.
Claudia Assencio/g1
A obra de Gilmar também venceu o Prêmio Cartum. A mostra principal conta com 453 trabalhos, produzidos por 229 artistas de 23 países.
“Gilmar é cirúrgico com as poucas cores para atrair a atenção de forma sintética e objetiva, uma obra que gera inquietação para refletir como o ser humano trata as florestas e os povos originários. É um desenho que causou unanimidade, é marcante e tem o DNA do Gilmar”, destaca o mineiro radicado em Salvador (BA) Cau Gomes, cartunista, chargista e caricaturista, integrante do júri de seleção da 51ª edição.
Gilmar Machado integrou júri de seleção da edição comemorativa dos 50 anos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba em 2023.
Claudia Assencio/g1
Veterano
Gilmar Machado, conhecido no mundo das artes gráficas há quatro décadas simplesmente como Gilmar, é baiano radicado em São Paulo. A trajetória do artista soma passagens por jornais de abrangência nacional e internacional, como Folha de S. Paulo, Você S/A, OPasquim21 e Vida Económica (este último, de Portugal), entre outros.
Prêmios
Em 2003, foi eleito o melhor cartunista brasileiro pelo Troféu HQ Mix e Prêmio Vladimir Herzog, na categoria Artes. É autor de 10 livros de cartuns e quadrinhos, cinco deles adotados pelo governo para distribuição em bibliotecas públicas.
Gilmar recebe R$ 7,5 mil pela seleção na categoria Cartum e R$ 15 mil pela escolha para o Grande Prêmio. Os prêmios do 51º Salão de Humor totalizam R$ 90 mil, distribuídos entre todas as categorias.
Synnöve Hilkner, de Campinas (SP), com uma obra que retrata O escritor indígena e ativista ambiental Ailton Krenak.
Reprodução/Salão Internacional de Humor de Piracicaba
Os olhos de Krenak
A categoria Escultura, que vem ganhando destaque a cada nova edição do Salão, teve como vencedora Synnove Dahlström Hilkner, de Campinas (SP), com uma obra que retrata o escritor indígena e ativista ambiental Ailton Krenak.
Nascida na Finlândia, a artista plástica Synnöve se apresenta como “brasileira por amor”, se descreve como “cartunista inquieta” e participa ativamente do Salão desde 2013, seja como envio de trabalhos, como jurada ou homenageada em mostras paralelas.
A frase que está na escultura de Krenak ganhadora do prêmio para categoria é ‘Ideias para adiar o fim do mundo’, que é o título do livro do autor homenageado pela artista na 51ª Edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
Nascida na Finlândia, a artista plástica Synnöve Dahlström Hilkner é uma das vencedoras do 51º Salão Internacional de Humor de Piracicaba na categoria escultura.
Claudia Assencio/g1
“Nós somos a natureza. A representação do indígena na natureza é importante porque ele conhece, é o primeiro povo aqui do Brasil, mas nós tomos somos responsáveis e temos interesse nisso”, disse.
A ideia de homenageá-lo surgiu de quando eu estava lendo o livro do Krenak. Essa temática de cuidado com o meio ambiente e de pensar o futuro que estamos deixando. O próprio krenak, por ser indígena e estar na Academia Brasileira de Letras, já está representando uma minoria, mas é uma minoria que está lutando para conseguir um mundo melhor”, relata Synnöve.
Sobre a escultura, a artista fez questão de salientar o detalhe que chama atenção de quem visita a exposição: o olhar de Krenak.
“Foi uma prazer muito grande moldá-lo na massa e fazê-lo olhar para gente como procurei imprimir na escultura. Krenak representa tudo isso. Curiosamente e coincidentemente, a obra conversa com o tema da obra de Gilmar, vencedora do grande prêmio”, revela. “Ele conversava comigo, ele me falou como ele queria ser feito”, brinca.
Synnöve Hilkner, de Campinas (SP), com uma obra que retrata o escritor indígena e ativista ambiental Ailton Krenak.
Claudia Assencio/g1
Mulheres
Na categoria Caricatura, o prêmio foi para Cláudia Kfouri, de Ribeirão Preto, que ainda é a autora do cartaz do 22º Salãozinho de Humor de Piracicaba. A artista fez homenagem ao cantor e compositor Milton Nascimento, com referências a Minas Gerais e suas músicas.
Na categoria Caricatura, o prêmio foi para Cláudia Kfouri, de Ribeirão Preto (SP), que fez homenagem ao cantor e compositor Milton Nascimento.
Reprodução Salão Internacional de Humor de Piracicaba
Prêmio Temático
Na categoria Temático – Mulher, o prêmio foi para Luma Rodrigues, do Rio de Janeiro, com uma crítica contundente, nada engraçada, sobre machismo e abuso à mulher.
Na categoria Temático – Mulher, o prêmio foi para Luma Rodrigues, do Rio de Janeiro (RJ), com uma crítica contundente, nada engraçada, sobre machismo e abuso à mulher.
Reprodução /Salão Internacional de Humor de Piracicaba
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