Na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula fala sobre desastres climáticos e as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio


Nesta terça-feira (24), o presidente do Brasil voltou a criticar o aumento da concentração de renda no mundo e sugeriu uma padronização global dos impostos. Lula abre discursos na assembleia geral da ONU
Foi aberta nesta terça-feira (24), em Nova York, a Assembleia Geral das Nações Unidas. O presidente Lula fez o primeiro discurso – que é sempre reservado ao representante do Brasil. Ele falou sobre os desastres climáticos no país, criticou as guerras e defendeu mudanças na ONU.
Antes do discurso, Lula se encontrou com o secretário-geral da ONU, António Guterres. No plenário, ao fazer as saudações, destacou a presença do líder da Autoridade Palestina.
“Dirijo-me em particular à delegação palestina, que integra pela primeira vez esta sessão de abertura, mesmo que ainda na condição de membro observador. E quero saudar a presença do presidente Mahmoud Abbas”.
Lula começou o discurso defendendo que o mundo invista mais em resolver crises humanitárias e menos em guerras.
“Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram US$ 2,4 trilhões. Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima”.
Na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula fala sobre desastres climáticos e as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio
Jornal Nacional/ Reprodução
Com Zelensky na plateia, voltou a dizer que a guerra na Ucrânia não vai acabar sem concessões de ambos os lados; colocou o Brasil e a China como potenciais mediadores.
“Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar. O recurso a armamentos cada vez mais destrutivos traz à memória os tempos mais sombrios do confronto estéril da Guerra Fria. Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento. Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das hostilidades”.
Lula classificou a guerra em Gaza como uma das maiores crises humanitárias da história recente.
“Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente e que agora se expande perigosamente para o Líbano. O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo”.
Ao citar os eventos climáticos extremos que o Brasil enfrenta em 2024, admitiu que é preciso fazer mais.
“No sul do Brasil, tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto. O meu governo não terceiriza responsabilidades e nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer muito mais”.
Na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula fala sobre desastres climáticos e as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio
Jornal Nacional/ Reprodução
Lula voltou a criticar o aumento da concentração de renda no mundo e sugeriu uma padronização global dos impostos. Ele associou a desaceleração econômica na América Latina a crises políticas, sem fazer referência à situação da Venezuela.
O presidente defendeu a luta pela democracia, condenou o extremismo e destacou o banimento da rede social X do Brasil – por decisão do STF – Supremo Tribunal Federal, depois de a empresa não cumprir a legislação nacional.
“A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital”.
Na reta final do discurso, Lula criticou as Nações Unidas. Disse que quando a organização foi criada, muitos países ainda estavam colonizados, que o mundo mudou e a ONU precisa mudar para dar mais voz, principalmente, para África e para a América Latina.
“Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada. É hora de reagir com vigor a essa situação, restituindo à organização as prerrogativas que decorrem da sua condição de foro universal”.
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