Com seca severa, Rio Tapajós atinge 1,15 metro e já afeta turismo em Alter do Chão


Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou, pela primeira vez, situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajó nesta segunda-feira (23); recorde de seca foi em 2023, quando rio chegou a 44 centímetros. Na primeira foto, Alter do Chão com volume de água normal; na segunda foto, Alter do Chão em setembro de 2024 com baixo volume de água
Oliver Cam e Claudemiro Rocha
Com o nível do rio Tapajós medindo 1,19m em Itaituba e 1,15m em Santarém, na região oeste do Pará, nesta segunda-feira (23), a Agência Nacional das Águas (ANA) declarou, pela primeira vez, situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós, no trecho compreendido entre os dois municípios.
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De acordo com dados da Defesa Civil Municipal, o nível do Rio Tapajós está 1,33m abaixo da marca registrada na mesma data de 2023. Em 23 de setembro do ano passado, a régua de medição da ANA instalada no porto da Companhia Docas do Pará, em Santarém, marcava 2,48m.
A vila balneária de Alter do Chão, principal destino turístico de quem visita Santarém, também já sente o impacto da estiagem severa. Há duas semanas, os catraieiros, trabalhadores que fazem a travessia de banhistas da Orla da vila até à Ilha do Amor, principal praia de Alter, estacionam as catraias (canoas a remo) devido ao baixo volume de água no canal. A travessia é o principal meio de sustento dos catraieiros.
Com a estiagem, os catraeiros ficam se poder trabalhar
Amarildo Gonçalves/ TV Tapajós
Em relação à cota de alerta de escassez hídrica que é de 2,10m, o nível do rio Tapajós em Santarém já está abaixo 95cm. O recorde histórico de seca no Tapajós foi batido em 2023, quando o nível do rio chegou a 44cm. Antes disso, o recorde havia sido batido em outubro de 2010, quando o manancial chegou a 50 centímetros.
Régua da ANA registra 1,18m do rio Tapajós em Itaituba em 23 de setembro de 2024
Reprodução / Redes sociais
Devido ao baixo volume de água do rio Tapajós que voltou a baixar em média 0,6cm por dia após uma semana sem movimento de subida ou descida, o Governo Federal reconheceu no último dia 19, situação de emergência de cinco municípios do oeste do Pará: Santarém, Juruti, Prainha, Óbidos e Oriximiná.
Em alguns trechos da orla de Santarém, embarcações estão ancorando até 20 metros de distância do cais
Manoel Batista
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Com a publicação da portaria Nº 3.162 do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, as prefeituras dos cinco municípios podem solicitar ao governo federal recursos para ações de Defesa Civil para minimizar os impactos da estiagem nos municípios.
Em Santarém, de acordo com levantamento da Defesa Civil, as regiões mais afetadas pela escassez hídrica são:
Aritapera
Arapixuna
Tapará
Lago Grande
Ituqui
Urucurituba
Resex – Tapajós / Arapiuns
PAE Lago Grande
Distrito de Alter do Chão e Lago do Maicá.
Nessas regiões a navegação está prejudicada, assim como o acesso à água potável e alimentos. Pescadores também tiveram a atividade impactada pela seca. Na comunidade Pau da Letra, região de Boim, em Santarém, uma cena inusitada, que também foi considerada um ato heroico pelos comunitários foi registrada há poucos dias. O responsável pelo transporte fluvial de alunos do ensino fundamental teve a iniciativa de carregar 13 crianças, uma a uma, sobre os ombros, para que elas pudessem chegar à margem e caminhar até à escola para não perderem uma prova.
A embarcação que faz o transporte das crianças precisa parar distante da margem para não correr o risco de encalhar devido ao baixo volume de água em Boim.
Para viabilizar ajuda comunitária às comunidades, a Prefeitura de Santarém decretou situação de emergência no dia 17 de setembro, autorizando a mobilização de todos os órgãos municipais e voluntários, além da realização de campanhas de arrecadação de recursos, assim como dispensa a licitação em contratos de aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 ano.
Nível do rio Tapajós baixou 42cm em julho, 12 cm a mais do que em julho de 2023
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