Ex-marxista, líder de coalização de esquerda é eleito no Sri Lanka

Anura Kumara Dissanayaka, o candidato da coalizão de esquerda de um Sri Lanka que passa por medidas de austeridade, venceu a eleição presidencial realizada no sábado (21/9), anunciou a comissão eleitoral do país neste domingo (22/9). O ex-marxista de 55 anos foi declarado vencedor com 42,3% dos votos, à frente do líder da oposição no Parlamento, Sajith Premadasa (32,7%), e do presidente em exercício, Ranil Wickremesinghe (17,2%), que admitiu a derrota.

Aos olhos da comissão eleitoral do Sri Lanka, a vitória é conclusiva para Anura Kumara Dissanayaka. O candidato de esquerda na eleição presidencial do Sri Lanka prometeu facilitar a vida cotidiana dos habitantes do país, que foram chamados às urnas no sábado. Essa eleição foi diferente de todas as outras, pois ocorreu após uma grave crise econômica e uma revolta popular.

Três quartos do eleitorado compareceram às urnas no sábado e votaram esmagadoramente em Dissanayaka, que obteve 42,3% dos votos. Seus dois rivais, o presidente Wickremesinghe, 75 anos, e o opositor Sajith Premadasa, 57 anos, obtiveram apenas 17,2% e 32,7% dos votos, respectivamente, de acordo com a comissão.

O presidente eleito do Sri Lanka já se pronunciou, prometendo que sua vitória era “a de todos” os cidadãos do país, em uma mensagem transmitida na rede social X após o anúncio dos resultados. Juntos”, acrescentou ele, ‘estamos prontos para reescrever a história do Sri Lanka’.

O chefe de Estado que deixa o cargo reconheceu a derrota em uma declaração emitida logo após o anúncio oficial dos resultados. “Com grande amor e respeito por esta nação que tanto prezo, coloco seu futuro nas mãos do novo presidente”, disse Ranil Wickremesinghe.

Na manhã deste domingo, um dos principais aliados do presidente em exercício, o ministro das Relações Exteriores Ali Sabry, reconheceu a provável vitória de Dissanayaka na rede social X. E a comitiva de Premadasa também foi rápida em admitir a derrota, segundo a AFP.

Crise econômica

Segundo Côme Bastin, correspondente da RFI na região, em 2022 “os cingaleses depuseram o ex-presidente Gotabaya Rajapaksa, acusado de ter levado o país à beira da falência, e Wickremesinghe, um de seus amigos íntimos, se manteve no poder desde então”, depois de negociar um plano de resgate econômico para o Sri Lanka com o Fundo Monetário Internacional.

No entanto, após a mais grave crise econômica e financeira da história do país e cenas de raiva entre a população diante da inflação e da escassez, o início da recuperação do Sri Lanka ocorreu aumentando o agravamento da pobreza, que agora afeta mais de um quarto de seus 22 milhões de habitantes, de acordo com o Banco Mundial.

Cansaço da população com medidas de austeridade

O voto reflete o cansaço da população diante da crise econômica, mas também das medidas de austeridade que acompanharam o acordo com o FMI. Ex-marxista, Dissanayaka pretende manter esse plano de recuperação, mas renegociá-lo para aliviar os cingaleses em termos de poder aquisitivo.

“Não cancelaremos o plano do FMI”, confirmou à AFP Bimal Ratnayake, membro do gabinete político da Frente de Libertação Popular (JVP), o partido do presidente eleito. “Nosso desejo é cooperar com o FMI e introduzir algumas emendas.

Os cingaleses também expressaram seu desejo de romper com uma determinada classe política, sendo que ambos os concorrentes são próximos às dinastias políticas que governaram o Sri Lanka. A cerimônia de posse do novo presidente eleito está programada para a manhã de segunda-feira, de acordo com a comissão eleitoral.

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