Câmera ‘espiã’ escondida no banheiro de família é capaz de fazer transmissão ao vivo, diz especialista


Casal mora de aluguel no apartamento há quatro anos e encontrou a câmera escondida no banheiro. Ao g1, especialista analisou o modelo da câmera ‘espiã’. Casal encontra câmera ‘espiã’ escondida em banheiro de apartamento alugado
A câmera encontrada por uma família no banheiro do apartamento onde mora de aluguel em Praia Grande (SP) é capaz de fazer transmissões ao vivo e também armazenar as filmagens. Ao g1, um especialista em segurança analisou o equipamento “espião” e explicou que, apesar de ter sido instalado de maneira amadora, o aparelho pode ter invadido a privacidade dos moradores.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp
A inquilina Angelica Bitu do Carmo contou que mora no apartamento há quatro anos junto com o marido e o filho. Segundo ela, a câmera foi encontrada pelo companheiro durante a troca de uma lâmpada no teto do banheiro, e ainda não é possível afirmar se alguma imagem foi captada no local. Os moradores acionaram a proprietária do imóvel e vão levar o caso às autoridades policiais.
De acordo com Vinicius Vaz, dono de uma empresa de consultoria e treinamento sobre segurança, o modelo da câmera encontrada pela família permite transmissões ao vivo, desde que haja conexão com a internet, ou armazenamento das imagens em cartão de memória.
O especialista complementou que, no caso do armazenamento, é necessário que o dono do aparelho tenha acesso frequente ao local de instalação para que descarregue os arquivos da câmera. O equipamento pode ser adquirido livremente em sites comuns de compras.
“Dentro da área de segurança, consideramos este um modelo ‘caseiro’, pois qualquer cidadão pode ter acesso”, explicou Vaz.
Família encontra câmera ‘espiã’ escondida em banheiro de apartamento no litoral de São Paulo
Arquivo Pessoal e Reprodução/TV Tribuna
Câmera ‘espiã’
O especialista afirmou que este tipo de câmera não é capaz de fazer o “PTZ” [sigla para ‘Pan, Tilt, Zoom’], ou seja, a movimentação a partir do uso de um controle. Sendo assim, a captação das imagens é feita apenas na direção onde o equipamento está apontado.
A inquilina contou ao g1 que a câmera estava conectada a uma fonte de energia, também escondida no teto do apartamento, e tinha “luzes acesas”. Vaz afirmou que casos do tipo mostram a preocupação do dono da câmera em mantê-la no lugar por um longo período.
Angelica enviou à equipe de reportagem vídeos que mostram as reações dela e do marido ao encontrarem a câmera escondida (assista no topo da reportagem).
O caso
Família encontra câmera escondida no teto do banheiro e viraliza na internet
O apartamento alugado pela família fica na Avenida General Marcondes Salgado, no bairro Aviação. A história viralizou no TikTok ao ser compartilhada por Angelica, com o vídeo atingido mais de 280 mil visualizações.
Ao g1, Angelica afirmou que se sentiu “invadida e exposta” ao descobrir o equipamento escondido no banheiro. Segundo ela, o aparelho tinha “luzes acesas” e estava ligado a uma tomada no teto.
“Fiquei com medo porque não sabia se as imagens iriam para algum lugar e se tinha alguém observando a gente”, disse Angelica. “Muitas vezes troquei o meu bebê debaixo daquela lâmpada. Foi bem chocante e muito triste”.
A inquilina disse ter entrado em contato com a proprietária do imóvel após encontrar a câmera. Angelica ressaltou, porém, não acreditar que a mulher tenha culpa na instalação do equipamento.
Família encontra câmera escondida em banheiro de apartamento no litoral de São Paulo
Reprodução/TikTok e TV Tribuna
Análise de advogados
Ao g1, os advogados Mário Badures e João Carlos Pereira Filho explicaram que o caso pode alcançar tanto a área cível quanto a criminal no aspecto jurídico.
Segundo Badures, no âmbito cível, é possível ser interpretada como uma violação clara aos direitos garantidos na Constituição Federal. “Privacidade, intimidade, imagem, tudo passível de indenização por danos sofridos, especialmente o dano moral decorrente do desrespeito”, comentou.
Pereira Filho acrescentou que a situação também pode resultar na violação ao artigo 216-B do Código Penal, ou seja, “produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes”.
A pena pelo crime, ainda de acordo com o advogado, é de seis meses a um ano de prisão, além de multa.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos

Adicionar aos favoritos o Link permanente.