Guilherme Boulos e o sonho difícil de se eleger prefeito de São Paulo

Dá-se de barato nas campanhas de todos os candidatos a prefeito de São Paulo que Guilherme Boulos (PSOL), no ritmo que vai, tem lugar garantido no segundo turno. As pesquisas lhe asseguram até aqui um patamar entre 20% a 25% das intenções de voto.

Ricardo Nunes (MDB), apoiado por 12 partidos, e pelas máquinas  da prefeitura e do governo do Estado, disputa a outra vaga com o ex-coach, e candidato dele mesmo, Pablo Marçal (PRTB). Por ora, Nunes avança, Marçal estanca ou recua nas pesquisas.

Não são os acertos que definem uma eleição, quase sempre são a conjuntura e os erros. Todos erram ao longo de uma campanha. Alguns erros são corrigíveis, outros não. O período de campanha é muito curto. Quem erra menos acaba vencendo.

Sem tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, Marçal acertou no início da campanha ao subir o volume de suas falas para chamar atenção sobre si. Errou por não ter baixado o volume antes que sua estridência começasse a lhe causar danos.

Mas não está morto. E, para desespero de Nunes, poderá beneficiar-se do “voto envergonhado” que os eleitores escondem. Paulo Maluf, que foi governador de São Paulo e depois prefeito da capital, era dono de uma cota expressiva de votos envergonhados.

Marçal não tem muito a perder caso não se eleja prefeito. É jovem, filho de uma família nascida pobre, enriqueceu às próprias custas, embora de maneira suspeita, e pretende em 2026 candidatar-se ao Senado por São Paulo ou a presidente da República.

Nunes, entre os candidatos com chances de se eleger, é o que tem mais a perder caso não se reeleja prefeito. Desde o fim da ditadura militar, nenhum prefeito de São Paulo se reelegeu. E nenhum governador de São Paulo se elegeu presidente da República.

Se Boulos, contrariando o que parece escrito, ficasse fora do segundo turno, a esquerda, ou grande parte dela, votará em Nunes para derrotar Marçal.  Se Nunes ficasse fora, a direita e a extrema-direita votarão em peso em Marçal para derrotar Boulos.

É isso que explica o favoritismo de Nunes: em simulações de segundo turno, ele vence Boulos e Marçal. Para Boulos, o menos ruim dos mundos seria enfrentar Marçal.

Amanhã haverá mais um debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo. Nunes já avisou que não irá. Ele não é bom de debates. E sabe que será o alvo principal dos debates que restam.

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