Como o g1 fez a reportagem sobre os 61 candidatos das eleições 2024 alvos de mandados de prisão em aberto

Apuração usou linguagem de programação para cruzar 302,5 mil mandados de prisão e 461,5 registros de candidaturas. Depois, conferiu, em dados públicos, as informações pessoais de 108 nomes que apareciam nas duas bases e encontrar os casos em que, de fato, a mesma pessoa era candidata e alvo de ordem de prisão. Na última quarta-feira (18), o g1 publicou uma investigação que revelou que 61 candidatos das eleições de 2024 são alvos de mandados de prisão em aberto.
Até a manhã daquele dia, todos esses candidatos apareciam no sistema de divulgação de candidaturas da Justiça Eleitoral como aptos a disputar as eleições. E, ao mesmo tempo, constavam no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) como alvos de ordens de detenção pendentes de cumprimento.
Ser alvo de um mandado de prisão não impede uma pessoa de disputar a eleição, mas ela pode ser presa se encontrada pela polícia – exceto entre sábado (21) e 8 de outubro.
Veja, abaixo, como g1 produziu a reportagem.
1) Coleta de dados de mandados de prisão e de candidaturas
Os dados referentes aos mandados de prisão foram extraídos do BNMP, plataforma mantida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e alimentada pelos tribunais e acessível a qualquer cidadão.
Ao todo, foram obtidas as seguintes informações sobre 302.509 mandados:
Número do mandado
Nome do alvo
Nome da mãe
Nome do pai
Data de nascimento
Situação (se estava pendente de cumprimento ou não)
A data de expedição do mandado
O órgão que expediu o mandado
E se se tratava de um mandado de prisão ou internação
Os dados das candidaturas de 2024 foram obtidos no site de dados abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao todo, foram obtidas as seguintes informações sobre 461.564 candidaturas:
Nome
Data de nascimento
Raça
Partido do candidato
2) Cruzamento dos dados
Como o volume de informações era muito grande, o g1 usou linguagem de programação para cruzar as duas bases de dados e encontrar situações em que o nome e a data de nascimento de uma pessoa eram iguais nas duas bases.
A partir desse cruzamento, foram identificados 108 casos em que as informações coincidiam.
Para excluir eventuais homônimos que tivessem nascido no mesmo dia, o g1 baixou as ordens de prisão do BNMP e comparou os dados existentes nelas, incluindo CPF e RG, com aqueles presentes nas certidões de antecedentes criminais de cada um dos candidatos submetidas à Justiça Eleitoral, e em outros documentos públicos.
Esse processo de checagem, e mudanças ocorridas nas bases de dados do BNMP (alguns mandados foram excluídos durante a apuração) e do TSE (alguns candidatos passaram a ser considerados inaptos) levaram a que o número se reduzisse aos 61 encontrados na quarta (18), quando a reportagem foi publicada.
Pedidos de resposta
Com as informações verificadas, os jornalistas das afiliadas do g1 em todo o país tentaram contato com todos os candidatos e os respectivos partidos.
Veja o que eles disseram aqui.
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