Brasil acorda para economias verde e azul

BNDES lança financiamentos para proteção e exploração sustentável da economia marinhaRossana Fraga/BNDES

Paralelamente ao lançamento de linhas de crédito e estudos para a área costeira conhecida como Amazônia Azul, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social está disponibilizando recursos também para a chamada restauração verde. Recentemente, foi aprovado um financiamento de R$ 186,7 milhões destinados à recuperação de 14.802 hectares de áreas degradadas nos biomas Mata Atlântica e Amazônia – o equivalente a mais de 13,7 mil campos de futebol.

O suporte inclui R$ 80 milhões provenientes do Fundo Clima, como parte do investimento já anunciado pelo Banco no programa Arco da Restauração, que prevê a alocação de até R$ 1 bilhão para ações de reflorestamento na Amazônia. Esse projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nº 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima) e nº 15 (Vida Terrestre) da ONU.

A re.green, fundada em 2021, se dedica à restauração de florestas nativas em áreas historicamente degradadas, escolhidas com base em inteligência espacial e em seu potencial de regeneração. A iniciativa contemplará aproximadamente 12,8 mil hectares no bioma Amazônia, em propriedades no município de Maracaçumé, no Maranhão, e em cidades a serem definidas no Pará, além de 2 mil hectares no bioma Mata Atlântica, recuperando áreas degradadas nos municípios de Potiraguá e Eunápolis, ambos na Bahia.

Recuperação Florestal

O modelo de restauração adotado combina regeneração natural assistida e restauração ativa, envolvendo tanto pesquisadores internacionalmente reconhecidos como parceiros locais, como coletores de sementes, produtores de mudas e viveiristas.

As áreas plantadas receberão cerca de 100 espécies diferentes de vegetação nativa, contribuindo para a conservação da biodiversidade nas regiões e para a captura de carbono. Estima-se que aproximadamente 4,1 milhões de toneladas de CO2 equivalente sejam removidas da atmosfera ao longo de 25 anos, equivalendo a quase dois anos de emissões dos carros em circulação na cidade de São Paulo.

“O apoio ao projeto sinaliza a prioridade conferida pelo Banco às ações de restauração dos biomas brasileiros, que têm potencial para contribuir decisivamente na captura de carbono, conservação da biodiversidade e promoção do desenvolvimento sustentável em regiões sensíveis”, justifica Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES.

Fundo Clima

O financiamento abrange R$ 80 milhões do Fundo Clima, destinados a projetos de manejo florestal sustentável, e outros R$ 106,7 milhões em recursos próprios do BNDES, direcionados a projetos de recuperação e conservação de ecossistemas e da biodiversidade. A iniciativa terá impactos positivos na regulação do clima, conservação da biodiversidade e inclusão social de comunidades contempladas, mobilizando cerca de 2,2 mil empregos diretos e indiretos durante o período de restauração das áreas.

A iniciativa terá impactos positivos para a regulação climática, conservação da biodiversidade e inclusão social de comunidades contempladas no projeto, que deve mobilizar cerca de 2,2 mil empregos diretos e indiretos durante o período de restauração das áreas. 

BNDES Azul

Para a Amazônia Azul, o Banco estatal de fomento lança um amplo pacote de iniciativas, incluindo os editais de Planejamento Especial Marinho dos litorais do Sul e Sudeste, somando-se a outros programas já em execução, como o Financiamento da energia offshore, da Indústria Naval, do Fundo de Marinha Mercante e o de descarbonização de navios e barcos.

Finalmente, o Brasil desperta para suas Amazônias Verde e Azul, sendo esta última com mais de 4,5 milhões de km², ainda mais negligenciada. Apesar de contribuir com 20% do PIB, 25% dos empregos e ser responsável por 85% da produção de petróleo, 75% do gás natural e metade do pescado sofre com a poluição, pirataria, invasões, exploração canibalizadora da flora, fauna e minerais marinhos. 

O Brasil foi um dos que mais ganhou acréscimo ao seu território original com as mudanças nas regras internacionais sobre fronteiras aquáticas. Pelo novo entendimento, o espaço marinho não começa a ser contado à partir da linha do mar, mas sim de onde terminam as placas territoriais dos países que avançam pelo oceano.

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