Caso Marielle: defesa de Brazão recorre contra cassação na CCJ

A defesa do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) entrou com recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados contra a decisão do Conselho de Ética da Casa que cassou o mandato do parlamentar. Agora, caberá ao colegiado da CCJ validar ou não o processo realizado pelo Conselho de Ética.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tinha aberto o prazo para os advogados apresentarem o recurso na comissão. Em 28 de agosto, por 15 votos a 1, o Conselho de Ética aprovou a cassação do congressista acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, em 2018.

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Chiquinho Brazão prestou depoimento por videoconferência ao Conselho de Ética

Marielle Franco era vereadora do Rio de Janeiro (RJ) pelo PSol
Socióloga e ativista foi assassinada em 14 de março de 2018
Além de Marielle, criminosos assassinaram Anderson Gomes, motorista do carro em que ela estava
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Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ) se defende no Conselho de Ética

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

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Chiquinho Brazão prestou depoimento por videoconferência ao Conselho de Ética

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

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Bruno Spada / Câmara dos Deputados

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Marielle Franco era vereadora do Rio de Janeiro (RJ) pelo PSol

Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro

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Socióloga e ativista foi assassinada em 14 de março de 2018

Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro

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Além de Marielle, criminosos assassinaram Anderson Gomes, motorista do carro em que ela estava

Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro

No pedido endereçado à presidente da CCJ, deputada Caroline de Toni (PL-SC), a defesa de Brazão argumenta que o caso teve parcialidade da relatora no Conselho de Ética, Jack Rocha (PT-ES), que o direito ao contraditório e a ampla defesa não foi respeitado, e que não há justa causa para a representação quando o fato imputado é anterior ao mandato.

Pontos como a parcialidade da relatora e que o fato não poderia ser julgado por ter se dado antes da atual legislatura haviam sido levantados pela defesa do deputado quando o processo ainda corria no Conselho de Ética.

A Câmara vai retomar os trabalhos em outubro, depois do primeiro turno, marcado para o próximo dia 6. Com isso, o recurso da defesa de Brazão deve ser apreciado no próximo mês, A tendência é de que a CCJ recuse a apelação dos advogados do deputado, já que o caso teve repercussão nacional e internacional.

Depois de o recurso passar pela CCJ, o plenário será a última instância da cassação ou não de Brazão. Para o parlamentar perder o mandato, são necessários os votos de pelo menos 257 deputados.

Processo no Conselho de Ética

Na comissão que cassou Brazão, a deputada Jack Rocha apresentou parecer favorável à perda de mandato. No voto, a parlamentar ressaltou que o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) evidencia uma “prática ilícita”. Afirmou também que a acusação fere a imagem da Câmara dos Deputados.

“A análise dos fatos e das evidências sugere fortemente que o representado mantinha relação com as milícias no Rio de Janeiro”, declarou a relatora no parecer.

Jack também disse que a posição contrária de Marielle às milícias foi uma das causas do assassinato.

O pedido de cassação foi apresentado pelo PSol, partido ao qual a vereadora era filiada. A sigla pede que Chiquinho perca o mandato por quebra de decoro parlamentar e suposto envolvimento no crime.

Chiquinho disse ser “inocente”

Chiquinho e o irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), são apontados pela Polícia Federal (PF) como mandantes da execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Ambos estão presos.

De acordo com a PF, a execução da vereadora teria sido motivada em razão da discussão a respeito de grilagem de terras na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ainda segundo a corporação, Chiquinho Brazão defenderia a regularização de áreas dominadas pela milícia carioca.

Da prisão, o deputado Chiquinho Brazão participou da reunião do Conselho de Ética por videoconferência. O congressista voltou a dizer que é inocente e que era amigo da vereadora assassinada.

“Gostaria de iniciar dizendo que sou inocente, completamente inocente. A Marielle era minha amiga. As votações minha e dela coincidem, nós votávamos juntos”, argumentou o parlamentar no discurso de defesa.

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