Sargento dos Bombeiros suspeito de agredir ex-esposa mandou áudio para vítima após denúncia: ‘se eu perder minha farda, eu vou prejudicado e tu vai junto’


A estudante de jornalismo Yara Ataíde denunciou nas redes sociais que sofreu agressões do ex-marido nos sete anos em que foram casados. Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que abriu um procedimento administrativo para apurar a conduta do sargento. Esposa denuncia sargento do Corpo de Bombeiros do Piauí por agressão
O ex-marido da estudante de jornalismo Yara Ataíde, um sargento do Corpo de Bombeiros do Piauí (CBMEPI), enviou para ela um áudio horas depois que a mulher divulgou um vídeo em que aparece sendo agredida por ele.
Na gravação, o sargento diz que, se for expulso da corporação, ela e os filhos serão prejudicados também, já que a família depende dele financeiramente.
“Se por acaso eu perder minha farda, eu vou prejudicado e tu vai junto, teus filhos vão junto. Tu esquece isso aí. Fica à vontade, vai embasada, porque o feitiço pode virar contra o feiticeiro”, afirmou o sargento em áudio cedido ao g1 pela estudante.
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Procurado, o Corpo de Bombeiros informou que o caso está sendo apurado pelo Comando Geral do órgão, e que um procedimento administrativo foi aberto para apurar a conduta do militar, tanto no âmbito de suas funções dentro da corporação quanto em sua vida social. Leia a nota completa ao fim da reportagem.
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Na quarta-feira (18), Yara denunciou que sofreu violência doméstica do ex-marido durante os sete anos em que eles foram casados. Ela divulgou imagens (veja acima) que a mostram sendo atingida por um soco no rosto. Os filhos do casal, um menino de 4 anos e uma menina de 2 anos, presenciaram essa e outras agressões.
Jovem relembra episódios anteriores
Jornalista denuncia agressões do ex-marido durante sete anos; suspeito é bombeiro
Reprodução
Segundo a estudante, o bombeiro não era agressivo na época em que os dois namoravam, mas o ciclo de violência começou assim que se casaram e passaram a morar juntos, em 2017, na cidade de Timon (MA).
Em uma das primeiras agressões, relatou Yara, ele colocou uma arma de fogo na boca da ex-esposa. Ela também já sofreu uma coronhada, que deixou uma cicatriz em sua testa, e foi agredida pelo bombeiro enquanto segurava a filha recém-nascida no colo.
Na época, o sargento chegou a ser preso em flagrante por porte ilegal e teve a arma recolhida. Além da violência física, Yara contou que o ex-marido a agredia verbal e psicologicamente.
“Ele sempre me colocava para baixo, cheguei a pesar 90 kg. Tive depressão e ansiedade por todos esses anos em que vivi com ele. A gente estava separado há duas semanas, justamente no dia em que levei um soco e postei o vídeo nas redes sociais”, lembrou a estudante.
Estudante denuncia agressões do ex-marido durante sete anos; suspeito é bombeiro
Eric Souza/g1
Após o episódio, que aconteceu há cerca de 2 semanas e que lhe deixou com um hematoma no olho, Yara cogitou não expor as agressões que sofria. No entanto, nesta quarta-feira (18) o sargento a enforcou na porta de casa, diante das câmeras de segurança. Por conta disso, ela mudou de ideia e decidiu publicar o vídeo.
Antes de levar a situação às redes sociais, a estudante já havia denunciado o ex-esposo à polícia e conseguido uma medida protetiva, descumprida posteriormente por ele. Yara também procurou o Corpo de Bombeiros, que, segundo ela, foi “completamente omisso”. A corporação teria bloqueado o perfil de Yara.
“Na primeira vez que ele me agrediu, eu também postei nas redes sociais, mas de madrugada. Marquei o [perfil] do CBMEPI e eles me bloquearam. Ele me pressionou psicologicamente e eu apaguei a publicação, não repercutiu como dessa vez”, ressaltou.
Na manhã desta quinta-feira (19), Yara denunciou as agressões na Casa da Mulher Brasileira, em Teresina. Ela também protocolou a denúncia na corregedoria do Corpo de Bombeiros e vai passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML) de Timon. O caso será investigado pela Polícia Civil.
Confira a nota do Corpo de Bombeiros:
NOTA OFICIAL
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí (CBMEPI) vem a público informar que, na manhã desta quinta-feira (19), tomou conhecimento das recentes imagens veiculadas na mídia, supostamente envolvendo um bombeiro militar da corporação em uma lamentável cena de violência doméstica. O CBMEPI esclarece que foi determinada a abertura de um procedimento administrativo para apurar a conduta do militar, tanto no âmbito de suas funções dentro da corporação quanto em sua vida social.
Reiteramos que qualquer comportamento que atente contra a dignidade da pessoa humana não reflete os valores do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí. Não apoiamos, incentivamos ou compactuamos com qualquer tipo de violência. O CBMEPI reafirma seu compromisso com os direitos humanos, com a proteção da integridade das mulheres e com a promoção de uma sociedade segura, baseada no respeito, dignidade e acolhimento, que são deveres de todo agente de segurança pública.
Informamos ainda que o Estado do Piauí dispõe de diversos centros especializados de apoio às mulheres vítimas de violência, onde podem buscar acolhimento, suporte e orientação. Seguem os contatos de referência.
Como denunciar e buscar ajuda?
As mulheres vítimas de violência podem denunciar e buscar ajuda nos seguintes canais:
Disque Direitos Humanos: telefone 100;
Aplicativos: botão de pânico do Salve Maria;
“Ei, mermã! Não se cale!”: protocolo de atendimento emergencial (0800-000-1673);
Guarda Maria da Penha (Guarda Civil Municipal de Teresina): telefone 153 ou mensagem (86 3221-3499);
Central de Atendimento à Mulher: telefone 180;
Polícia Militar: telefone 190, Patrulha 24h (86 99528-3835) e mulheres que possuem medidas protetivas (86 99414-8857);
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM): confira telefones e endereços na matéria;
Qualquer delegacia de Polícia Civil.
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