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O mercado brasileiro encerrou a última semana de fevereiro sob forte pressão, com quedas generalizadas e um ambiente de incerteza tanto no cenário interno quanto no externo. Segundo Marco Prado, apresentador do Pre-Market, a tentativa do governo de recuperar popularidade por meio de medidas fiscais pode agravar ainda mais a situação das contas públicas e ampliar as preocupações em relação ao compromisso fiscal.
Entre os principais pontos de atenção, a curva de juros brasileira apresentou uma alta significativa, colocando o Banco Central em uma posição delicada. A possibilidade de um aumento adicional de 1 ponto percentual nos juros, além do que já havia sido sinalizado, fez com que o dólar subisse para a faixa de R$ 5,90, ampliando a incerteza sobre o curto prazo.
Outro fator que contribuiu para a instabilidade foi a especulação sobre possíveis mudanças em pastas estratégicas do governo. Os nomes ventilados para assumir cargos importantes não foram bem recebidos pelo mercado, que busca um comprometimento mais firme com o ajuste fiscal. Como alternativa, existe a possibilidade de criação de um Ministério da Economia com um nome mais alinhado ao mercado financeiro, na tentativa de dissipar a turbulência econômica.
Apesar das expectativas de uma recuperação rápida no início do ano, o mercado segue desapontado. “Era prematuro imaginar uma retomada forte nos primeiros meses de 2025, especialmente considerando um ano de 2024 tão difícil. Ainda temos dez meses pela frente, mas a cada mês que passa, a conta aumenta e as soluções viáveis parecem se tornar mais escassas“, avalia Prado.
Cenário Externo e Setor de Tecnologia
No exterior, a persistência da inflação nos Estados Unidos também trouxe preocupações. O índice de Preços para Gastos Pessoais (PCE), indicador inflacionário preferido do Federal Reserve (Fed), veio ligeiramente acima das expectativas, reforçando a necessidade de juros elevados por mais tempo.
A retórica de Donald Trump sobre a imposição de tarifas generalizadas para diversos países, incluindo o bloco europeu, gerou receios sobre uma guerra comercial e seus impactos na inflação global. Esse cenário pode dificultar a atuação dos bancos centrais no controle da inflação e comprometer as perspectivas de crescimento econômico.
O setor de tecnologia foi um dos mais afetados, refletindo no índice Nasdaq, que apresentou quedas expressivas. Empresas que dependem de capital recorrente para investimentos em inteligência artificial sofreram com a instabilidade, acompanhando o movimento de desvalorização do Bitcoin, que caiu para a faixa dos US$ 80 mil. A queda foi agravada por um ataque hacker na corretora Bybit, que gerou prejuízos superiores a US$ 1 bilhão.
China e a Reabertura dos Mercados
Enquanto a Faria Lima reduz a liquidez nos primeiros dias da semana devido ao feriado de Carnaval, a atenção do mercado se volta para a China. O país asiático enfrenta uma desaceleração do consumo, o que tem impactado negativamente os preços das commodities. Durante a semana, o petróleo e o minério de ferro registraram quedas acentuadas, refletindo as incertezas em relação às políticas de incentivo que podem ser anunciadas por Pequim.
A quarta-feira deve ser um dia de reprecificação nos mercados brasileiros, após a pausa para o feriado. Com a convergência de fatores internos e externos, o mercado aguarda sinais mais concretos que possam trazer estabilidade e previsibilidade para os próximos meses. “O que esperamos é que não haja mais surpresas negativas, para que possamos construir um ambiente mais favorável ao crescimento econômico“, conclui Prado.
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