Homem que imitou Pelicot admite ser um ‘estuprador’ e que merece um ‘castigo severo’

Uma ilustração do momento em que Gisèle Pelicot depor em juízo contra seu ex-marido, que a drogava para estuprá-la e deixava que outros homens fizessem o mesmo, em uma corte de Avignon, no sul da FrançaBenoit PEYRUCQ

Benoit PEYRUCQ

O homem que aprendeu a drogar e estuprar sua mulher imitando a técnica de Dominique Pelicot, acusado de administrar medicamentos em sua esposa para que fosse estuprada por dezenas de desconhecidos, admitiu nesta quarta-feira (18) ante um tribunal na França que era um “estuprador” e merecia um “castigo severo”.

“Estou na prisão e mereço isso”, disse Jean-Pierre M., de 63 anos, ante o tribunal de Avignon onde acontece esse julgamento que comoveu a França e o mundo inteiro.

“Fiz coisas repugnantes. Sou um criminoso e um estuprador”, admitiu esse ex-funcionário de uma cooperativa. “O que fiz é espantoso, quero um castigo severo”, acrescentou.

Esse homem é acusado de ter drogado sua mulher, entre 2015 e 2018, com ansiolíticos fornecidos por Pelicot, de estuprá-la e este último de também ter abusado dela.

O principal acusado do caso, Pelicot, de 71 anos, admitiu na terça-feira drogar sua mulher, Gisèle Pelicot, para adormecê-la e que fosse estuprada por dezenas de desconhecidos contatados pela Internet entre 2011 e 2020.

Outros 49 homens são réus por participarem dessas agressões e podem enfrentar penas de até 20 anos de prisão.

Jean-Pierre M., o único que não é acusado de estuprar Gisèle Pelicot, é acusado de pelo menos 12 atos de estupro, frequentemente filmados, contra sua esposa, dos quais Pelicot participou de pelo menos dez.

Esse homem contou ao tribunal que sua infância foi marcada pelos abusos de seu pai.

“Minha infância foi marcada por vergonha, álcool, sexo e muito silêncio”, disse ele. “Vivemos atos horríveis do meu pai, de violência sexual. Eu nunca chamei meu pai de ‘papai’, eu o chamava de ‘o pai’.

O acusado explicou que uma vez, quando criança, teve que fazer sexo oral em seu pai para que ele e sua irmã pudessem ir pescar com ele.

“Minha irmã chorava, eu preferia que fosse eu. Eu estava mais acostumado”, acrescentou, perguntando-se se não teria sido estuprado pelo próprio cachorro deles, por ordens de seu pai, quando tinham “sete ou oito anos”.

“Nossa mãe tentava nos proteger, mas bebia”, disse. Ele mesmo presenciou como seu pai estuprava a esposa.

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