Marido de juíza preso suspeito de matar homem é solto após fiança de R$ 10 mil


Decisão diz que suspeito confessou crime e justificou que a vítima teria invadido chácara da família. Defesa diz que a reação do suspeito foi motivada pela necessidade de ‘proteger seus entes queridos’. Local em que homem foi morto por marido de juíza, em Niquelândia, Goiás
Divulgação/Polícia Civil
O marido da juíza que foi preso suspeito de matar um homem em Niquelândia, no norte goiano, foi solto após pagar fiança de R$ 10 mil. A decisão diz que suspeito confessou crime e justificou que a vítima teria invadido chácara da família.
“O custodiado não possui antecedentes criminais [e alegou] ter agido em suposta legítima defesa […]. É certo que foi a vítima quem invadiu a casa do custodiado”, disse a juíza.
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A prisão ocorreu no domingo (15) e a audiência de custódia que determinou que o homem responda o processo em liberdade foi na segunda-feira (16). Neste mesmo dia, a fiança de R$ 10 mil foi paga e ele deixou o presídio em Niquelândia, segundo a Diretoria-Geral de Polícia Penal (DGPP).
Ao g1, o advogado Matheus Moreira Borges, que representa a defesa do suspeito, disse que a reação dele foi “motivada pela necessidade de proteger seus entes queridos, especialmente seu neto, uma vez que ele nunca havia tido qualquer contato anterior com a vítima” (veja a nota completa ao final da reportagem).
Decisão
Na decisão em que determinou a liberdade provisória do suspeito, foi determinado o pagamento de fiança no valor de R$ 10 mil e o cumprimento das seguintes medidas cautelares:
comparecer aos atos processuais que for intimado;
não se ausentar da comarca ou se mudar de endereço sem comunicar o juízo, exceto com autorização judicial;
informar nos autos o endereço atualizado;
proibição de voltar ao condomínio em que ocorreu os fatos.
Relembre o crime
O homem foi morto no dia 15 de setembro, do lado de fora do condomínio de chácaras em que a família da juíza morava.
Ao g1, a polícia explicou que, inicialmente, as equipes policiais foram até o condomínio depois que a juíza acionou a polícia para comunicar que o marido havia desaparecido. Segundo informações dadas pela magistrada aos policiais militares, o esposo dela teria saído com o neto de 9 anos e desaparecido.
No entanto, quando a Polícia Militar chegou na frente do condomínio de chácaras, encontrou um corpo do lado de fora. Testemunhas que estavam no local disseram que ouviram uma discussão e, logo depois, disparos de arma de fogo.
Na decisão da Justiça, a juíza narrou o ocorrido com base no depoimento do suspeito. Na audiência de custódia, ele afirmou que estava no rancho da família quando ouviu o neto gritar. Ao checar o que estava acontecendo, encontrou o menino de 9 anos agarrado à perna do pai, que é filho do suspeito. Ao explicar esse momento no boletim de ocorrência, a Polícia Militar afirma que o suspeito teria encontrado a vítima “arrastando seu neto de 9 anos pelo braço”.
“Quando o autor viu, foi em direção ao homem desconhecido e este pulou o muro de volta e saiu correndo e que o autor correu atrás e o alcançou”, narrou a decisão sobre o relato da PM.
Já à Justiça, o suspeito disse ao ouvir o neto gritando, encontrou o filho falando com a vítima, que teria invadido a chácara.
“A todo tempo este homem, com falas desconexas aparentava dizer “matar”, “matar”, “matar””, disse o suspeito sobre as falas da vítima ao invadir a casa.
O suspeito ainda afirmou que, em seguida, foi ao quarto pegar uma arma. Ele ainda afirmou na audiência que saiu pelo portão do condomínio com o objetivo de tirar a vítima de dentro do local. Disse ainda que “acabou disparando” nela depois que ela avançou para cima dele.
“[Disse que] em determinado momento, quando já tinham andado, cerca de 150 metros, descontrolado, o homem avançou em direção ao interrogado, que não sabe precisar como e nem o momento exato, a arma que tem um gatilho muito leve, acabou disparando, ocasião em que aquele homem veio a cair”, narrou a decisão sobre o relato do suspeito.
O suspeito disse à polícia que, após o disparo, pegou a caminhonete em casa e foi para Anápolis.
Nota da defesa do marido da juíza:
“Ontem, Francisco Canindé foi submetido à audiência de custódia, na qual lhe foi concedida a liberdade provisória, mediante o pagamento de fiança. A decisão levou em consideração o fato de ele ser réu primário, com 58 anos de idade, ressaltando que sua liberdade não representa risco à sociedade.
Além disso, a decisão também considerou que os eventos que resultaram na situação ocorreram quando a vítima, completamente embriagada, invadiu a propriedade de Francisco por volta das 22h e avançou de maneira agressiva em direção ao neto dele.
A defesa de Francisco destaca que sua reação foi motivada pela necessidade de proteger seus entes queridos, especialmente seu neto, uma vez que ele nunca havia tido qualquer contato anterior com a vítima.”
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