Funeral de Shiri Bibas e dos dois filhos mobiliza Israel


Os corpos da família, que virou símbolo da luta pela volta dos reféns, foram devolvidos pelo Hamas na semana passada. Israelenses acompanharam cerimônia e esperaram em rodovias para acompanhar comboio e prestar última homenagem. Funeral de Shiri Bibas e seus dois filhos em Israel
AP Photo/Ariel Schalit
O funeral de Shiri Bibas e dos dois filhos – Kfir, de 9 meses, e Ariel, de 4 anos – mobilizou Israel nesta quarta-feira (26).
Os corpos da família, que virou símbolo da luta pela volta dos reféns, foram devolvidos pelo Hamas na semana passada. Nesta quarta, os caixões foram levados do centro de Israel até o cemitério em um comboio, que foi acompanhado por milhares de pessoas.
Israelenses se alinharam nas laterais das estradas até onde a vista alcançava, soluçando e se abraçando pelo caminho de cerca de 100 quilômetros.
Centenas de motocicletas, cada uma com uma bandeira israelense e fitas laranja, seguiram solenemente atrás do comboio.
Na capital, Tel Aviv, uma multidão vestida de laranja também se reuniu para assistir à cerimônia de despedida de mãe e filhos.
Corpo devolvido após erro
O novo corpo entregue pelo grupo terrorista Hamas a Israel foi identificado como sendo da refém israelense Shiri Bibas, informou a agência de notícias Reuters, na madrugada deste sábado (22), no horário de Brasília.
A informação foi confirmada pela família da mulher e divulgada pela rádio do exército israelense, de acordo com a Reuters. Segundo a família, o corpo foi identificado pelo Instituto de Medicina Forense de Israel.
“Ontem à noite, nossa Shiri voltou para casa”, disse a família em um comunicado.
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O Hamas entregou o corpo de Shiri Bibas à Cruz Vermelha em um caixão, na sexta (21), um dia após entregar um primeiro corpo que não era o dela.
Esse erro levou o governo de Israel a ameaçar suspender o acordo de cessar-fogo em vigor desde janeiro, que prevê a libertação dos reféns pelo Hamas. O país exigiu a entrega imediata dos restos mortais da mulher.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que essa era uma violação descarada e cruel do acordo e que os terroristas iam pagar pelo que fizeram. O caso gerou revolta e tristeza no país.
Família sequestrada
Shiri Bibas foi sequestrada pelos terroristas junto com os dois filhos pequenos (um garoto de quatro anos e um bebê de apenas nove meses) em 7 de outubro de 2023, quando tinha 32 anos. Os três morreram em cativeiro na Faixa de Gaza. A família se tornou o símbolo da luta pelo retorno dos reféns.
As imagens de Shiri e das crianças sorridentes eram usadas como uma espécie de bandeira de esperança e de cobrança pela devolução dos reféns.
Cartaz mostra Shiri Bibas e os dois filhos; família foi sequestrada pelo Hamas no ataque terrorista de outubro de 2023
AFP
A família foi sequestrada no dia em que os terroristas invadiram o território de Israel, assassinaram 1,2 mil pessoas e levaram outras 250. Foram mais de 500 dias de angústia. A tia dos pequenos Ariel e Kfir leu nesta sexta-feira (21) um comunicado, em nome da família Bibas:
“Meus queridos sobrinhos foram levados vivos de casa e assassinados por uma organização terrorista cruel enquanto estavam em cativeiro. Eles não mereciam esse destino.”
A entrega dos corpos causou comoção nacional em Israel. Netanyahu prometeu eliminar o Hamas e trazer todos os reféns de volta.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que ” retorno a Israel dos corpos dos reféns é um drama nacional e nossos corações estão devastados”.
“Agonia. Sofrimento. Não há palavras”, escreveu o Herzog na rede social X. “Nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão devastados. Em nome do Estado de Israel, inclino minha cabeça e peço perdão. Perdão por não proteger vocês naquele dia terrível. Perdão por não trazê-los para casa com vida.”
A entrega aconteceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza. Os restos mortais foram levados em caixões pretos para integrantes de Cruz Vermelha.
A ONU condenou a forma como o Hamas entregou os corpos. O chefe de Direitos Humanos da entidade, Volker Turk, disse que o desfile de corpos em Gaza foi abominável e vai contra o direito internacional.
O grupo terrorista Hamas diz, sem evidências, que tanto os meninos quanto a mãe deles teriam morrido em um bombardeio israelense que atingiu reféns e palestinos. Por isso, os restos mortais de Shiri teriam se misturado com o de outras pessoas.
Israel nega. Na sexta (21), o porta-voz das Forças Armadas israelenses afirmou que os terroristas assassinaram os meninos Ariel e Kfir.
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