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A América Latina vem se consolidando como um dos mercados mais promissores para o venture capital global, e o SoftBank, um dos maiores investidores em tecnologia do mundo, está dobrando sua aposta na região. Desde 2019, o fundo japonês já comprometeu cerca de US$ 8 bilhões em 77 empresas latino-americanas, sendo 54 delas no Brasil, segundo Eduardo Vieira, Chief Marketing & Comms do SoftBank LatAm, em entrevista ao programa Mercado & Beyond.
O impacto dos investimentos do SoftBank tem sido transformador. “O mercado de venture capital na América Latina ainda era incipiente quando chegamos, e o Brasil tem um potencial gigantesco por ter empreendedores talentosos e um ambiente favorável à inovação”, afirmou Vieira. O executivo destacou que, mesmo diante de crises globais, como a pandemia e as tensões geopolíticas recentes, a empresa manteve seu compromisso com o longo prazo, investindo mais US$ 3 bilhões após 2021.
Inteligência Artificial: A nova fronteira das startups
O avanço da Inteligência Artificial (IA) é uma prioridade para o SoftBank, e Vieira foi enfático ao afirmar que startups que não adotarem a tecnologia em seus modelos de negócio terão dificuldade em atrair investimentos. “Estamos chegando a um ponto em que, se a empresa não tiver IA no seu core, dificilmente levaremos a conversa adiante”, explicou.
Segundo ele, a América Latina se destaca na aplicação prática de IA, embora ainda esteja em estágios iniciais nas camadas mais complexas, como a produção de chips e infraestrutura de nuvem. “O maior espaço para as startups latinas está nas aplicações de IA, onde as oportunidades ainda nem começaram”, destacou.
Desafios e oportunidades: Fusões, aquisições e IPOs
As fusões e aquisições (M&A) se tornaram uma estratégia comum para startups que enfrentam dificuldades financeiras ou buscam expansão internacional. Vieira mencionou o exemplo do app de pagamentos Pismo, vendido por mais de US$ 1 bilhão para a Visa, como uma das saídas de sucesso para empresas do portfólio do SoftBank.
Embora o IPO ainda seja o objetivo final de muitas startups, Vieira ressaltou que nem sempre essa é a melhor estratégia. “Existe uma romantização em torno do IPO, mas fusões e aquisições podem ser caminhos mais rápidos e estratégicos para o crescimento”, afirmou.
Brasil, Argentina e o papel do Venture Capital na região
O SoftBank mantém o foco em mercados promissores como Brasil, México e Argentina, com destaque para o potencial inexplorado do setor agrotech no Brasil. “O agronegócio brasileiro investe muito em tecnologia, mas ainda está fora do ecossistema de venture capital”, comentou Vieira.
A Argentina, com sua nova perspectiva econômica, também está no radar do fundo. “Existem desafios estruturais, mas isso cria um terreno fértil para o empreendedorismo”, avaliou.
O futuro do SoftBank na América Latina
Vieira também destacou o diferencial do SoftBank em relação a outros fundos: o capital próprio. Sem a pressão de Limited Partners, o fundo trabalha com prazos de investimento mais longos, focando em transformar startups em líderes globais. “Nosso ciclo de investimento pode durar até 13 anos, o que nos permite apostar em inovações de longo prazo sem a pressão por resultados imediatos”, afirmou.
A aposta na Inteligência Artificial e o foco em negócios de longo prazo consolidam o SoftBank como um dos principais agentes de transformação no mercado de tecnologia da América Latina. Segundo Vieira, “o objetivo é claro: transformar a região em um polo de inovação global, investindo em empreendedores que realmente possam fazer a diferença.”
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