Empresa fantasma e quadrilha familiar: entenda esquema de imóveis irregulares em Florianópolis

O empresário apontado como responsável por uma série de crimes ambientais, especialmente a construção de imóveis irregulares em Florianópolis, foi indiciado pela polícia civil. Ele é acusado de associação criminosa, lavagem de dinheiro e crimes contra o meio ambiente.

A atuação de Gilvã Guimarães da Silva é exposta, em detalhes, no inquérito remetido nesta sexta-feira (23), pela Polícia Civil de Santa Catarina, ao Ministério Público. A reportagem teve acesso com exclusividade ao documento.

Polícia cumpriu mandados em endereços ligados a Gilvã Guimarães da Silva, apontado como líder de esquema de imóveis irregulares em Florianópolis

Polícia cumpriu mandados em endereços ligados a Gilvã Guimarães da Silva, apontado como líder de esquema de imóveis irregulares em Florianópolis – Foto: PCSC/ Reprodução/ ND

O esquema foi revelado pela PCSC no início de agosto, quando o investigado foi preso pela construção de um loteamento com 231 imóveis irregulares, no bairro Rio Vermelho, no Norte de Florianópolis.

A Operação Acapulco, desencadeada pela delegada da DEIC (Diretoria Estadual de Investigações Criminais), também investiga um ex-servidor da Prefeitura de Florianópolis, que atuaria para facilitar a emissão de documentos.

Polícia indicia empresário e outros quatro da mesma família

Conforme o inquérito policial, remetido ao MPSC, a investigação, iniciada há quatro anos, demonstra que o Gilvã Guimarães da Silva “liderava uma associação criminosa, composta por seus familiares de forma estável, cada um com tarefas específicas”.

Ao todo, cinco pessoas foram indiciadas por parcelamento irregular do solo urbano qualificado, associação criminosa, crime ambiental de corte de vegetação rasteira e lavagem de dinheiro. As penas chegam a 18 anos para cada indiciado. Todos são da mesma família.

Responsável por loteamento irregular no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis, foi preso pela Polícia Civil – Foto: PCSC/ Divulgação/ ND

Como funcionava o esquema de imóveis irregulares

Segundo o inquérito, a organização criminosa operava como uma verdadeira empresa familiar. Gilvã era líder do esquema e utilizava uma imobiliária para revender as glebas de terra — porções ou terrenos que nunca foram loteados ou desmembrada.

Duas pessoas atuavam, diretamente, nas vendas dos imóveis irregulares. Outros dois eram responsáveis por questões administrativas e, conscientemente, eram usados como laranjas conscientes na lavagem de dinheiro.

Para mascarar a origem suja dos valores, Gilvã abriu duas empresas “fantasmas”, que, segundo o inquérito, “nunca tiveram qualquer atividade operacional”. Dados da Receita Federal mostram que a expressiva movimentação bancária não correspondia à realidade fiscal.

O dinheiro recebido com a vendas dos imóveis irregulares era utilizado para o pagamento de novas áreas, mediante contratos fraudulentos, e aquisição de veículos de luxo.

Auxílio emergencial durante a pandemia

A esposa de Gilvã chegou a receber auxílio emergencial no período da pandemia de Covid-19. Naquele mesmo ano, contudo, a indiciada movimentou valores próximos a R$ 1 milhão. Além dos valores na bancária pessoal, ela também adquiriu uma moto aquática, por mais de R$ 100.000,00.

A reportagem tenta contato com a defesa do empresário e seus familiares. O espaço segue aberto para manifestação.

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