Eventos climáticos extremos causaram número recorde de desastres naturais no Brasil em 2023


O ranking das cidades com mais ocorrências é liderado por Manaus, com 23; em seguida vem São Paulo, com 22, e Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, com 18. Os eventos climáticos extremos que assustaram os brasileiros ao longo de 2023 produziram um recorde de ocorrências desastrosas em mais de mil municípios.
Tempestades cada vez mais fortes, deslizamentos que arrastam o que está pela frente; medo e insegurança para quem vive em áreas de risco.
“Só vi a mão da minha filha, gritando assim: ‘Mamãe, mamãe, mamãe. A casa desabou, mamãe. A casa desabou, a gente perdeu tudo'”, contou uma moradora de Manaus, em março de 2023.
Dados divulgados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais confirmam o que os moradores sentiram na pele. Em todo 2023, foram 1.161 eventos climáticos nos 1.038 municípios monitorados pelo Cemaden:
716 foram ocorrências hidrológicas, como transbordamento de rios, por exemplo;
outras 445 foram geológicas, como deslizamentos de terra.
Em todo 2023, foram 1.161 eventos climáticos nos 1.038 municípios monitorados pelo Cemaden
JN
O número é o maior desde que o monitoramento começou nessas áreas em 2019, e isso se deve às mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global e também à influência de fenômenos naturais, como La Niña e El Niño, que mudam a temperatura dos oceanos e aumentam as incidências de chuva em diferentes partes do país.
“As mudanças climáticas, que são principalmente propulsionadas por conta do aquecimento global, podem ser um dos primeiros fatores a mostrar esse aumento no ano passado. A gente também tem que lembrar que 2023 foi o ano mais quente da história já registrado – o que traz mais calor para a atmosfera -, os oceanos estão muito mais quentes do que o normal, e isso também serve de combustível para essas chuvas mais severas e mais intensas”, explica Pedro Camarinha, pesquisador do Cemaden.
O ranking das 10 cidades com maior eventos climáticos
JN
O ranking das 10 cidades com maior eventos é liderado por Manaus, com 23; em seguida vem São Paulo, com 22; e Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, que somou 18 eventos.
“Isso está compatível com os estudos que já tinham sido feitos décadas atrás, que previam de certa forma um aumento desses eventos extremos e que tem se materializado pouco a pouco, conforme a atmosfera vem aquecendo. E essa projeção ela é mantida para as próximas décadas também, o que mostra que a gente tem que se adaptar de forma urgente”, completa o pesquisador.
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