Gestão de Salgado: quais promessas foram ou não cumpridas no Vasco

Com a venda do departamento de futebol do Vasco para a 777 Partners, a gestão de Jorge Salgado permitiu que o clube evoluísse no quesito administração e tivesse uma sobrevidaDaniel Ramalho/Vasco

O período de Jorge Salgado como presidente do Vasco chegou ao fim na última segunda-feira (22). O mandatário que geriu o clube no último triênio (2021-2023) deu lugar a Pedrinho, ex-jogador que assumiu a presidência em cerimônia que ocorreu na sede náutica da Lagoa. Durante sua administração, Salgado fez algumas promessas como avanço na reforma de São Januário, aumento do número de sócios entre outros. Veja mudanças que ele se comprometeu a fazer que foram ou não cumpridas.

O último presidente declarou que o principal objetivo era consolidar o futebol do Cruz-Maltino e transformá-lo em vitorioso. Nesta segunda tentativa, Jorge não teve sucesso, já que o clube não conquistou um título sequer durante a sua gestão.

Durante a sua campanha, ele fez promessa que haveria uma reorganização do departamento de futebol. Neste sentido, ele garantiu o grande legado da sua administração, a instauração da SAF e a venda de 70% do departamento de futebol para a 777 Partners. Tal modificação permitiu a regularização dos salários de jogadores e funcionários. A associação quando comandava o futebol tinha tal missão como difícil até pela crise financeira que vivia.

Resultado negativos dentro de campo

Vale relembrar que Salgado assumiu a presidência com o Gigante ainda disputando a reta final da Série A de 2020. Isso porque houve uma paralisação daquela edição devido a pandemia. Na ocasião, a equipe encerrou o torneio na 17ª colocação e pela quarta vez caiu para a Segunda Divisão.

Em 2021, o desempenho foi negativo e pela primeira vez em sua história, o Gigante da Colina permaneceu na Série B. Já sob a administração da SAF a partir do segundo semestre, conquistou o acesso. Enquanto na última temporada teve temporada conturbada e garantiu a permanência na elite apenas na última rodada.

R$ 70 milhões para fazer o Vasco funcionar

O ex-presidente assegurou que iria haveria uma injeção de R$ 70 milhões para aliviar a situação do Cruz-Maltino. O plano, aliás, era conseguir essa quantia através da Cédula de Créditos Bancários (CCB). Contudo, Jorge não teve sucesso em angariar a quanta necessária para o fundo e teve complicações em seu primeiro ano de mandato. A razão para o fracasso no objetivo segundo ele foi o rebaixamento para a Série B em 2021.

Reorganização das dívidas

Cenário que a administração teve mais resultados positivos. Em seu primeiro ano na presidência, Salgado reduziu a dívida do clube de R$ 833 milhões para R$ 723 milhões. Assim, a meta passou a ser entregar o cargo com passivo menor do que R$ 400 milhões. Isso ocorreu graças a implementação da SAF no departamento de futebol, que assumiu o débito.

Com isso, em divulgação de balanço no final de 2023, o clube associativo indicou uma dívida líquida de R$ 25 milhões. No entanto, o passivo que ficou com a 777 Partners estava avaliada em R$ 594,5 milhões, de acordo com o último balanço anunciado pela SAF.

Vasco entre as top 5 receitas no Brasil

O presidente anterior afirmou que a prioridade era que as receitas do Cruz-Maltino alcançassem entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões. A questão é que ainda não houve divulgação do balanço financeiro relativo a 2023, algo que deve ocorrer até abril.

Ao comparar o último relatório cedido pela SAF, o Gigante da Colina terminou a temporada com receita de R$ 47,4 milhões. O documento considerou os cinco primeiros meses de gestão da 777 Partners. Adiciona-se a esta quantia os R$ 72,3 milhões que o clube lucrou no primeiro semestre de 2023.

Portanto, o Vasco não conseguiu ter sucesso em sua missão de ficar entre as cinco maiores receitas do país. De acordo com balancete da SAF, no atual cenário há um desequilíbrio financeiro no departamento de futebol, com mais despesas do que lucros.

Desse modo, a submissão do clube aos aportes da 777 Partners vai seguir pelos próximos dois anos. Vale ressaltar que a empresa norte-americana ainda precisa investir R$ 390 milhões até o término de 2025.

Promover a reforma de São Januário

Salgado deixou claro que tentaria promover a reforma de São Januário desde que houvessem condições financeiras e que não fosse retirado das receitas do clube. O ex-presidente deixa a situação encaminhada para Pedrinho. Isso porque o Cruz-Maltino teve sucesso em negociações com a Prefeitura do Rio de Janeiro e conseguiu a assinatura do potencial construtivo. Atualmente o projeto está em votação na Câmara de Vereadores. Se obtiver o aval, o clube terá condições para dar prosseguimento a obra. Contudo, o projeto de reforma tem de respeitar a Lei.

“Durante esses três anos a gente batalhou muito pela reforma de São Januário. Vocês acompanharam o processo, eu tive várias entrevistas com o Eduardo Paes, ele sempre dizia pra mim que não tinha dinheiro, mas que ia ajudar”, destacou Jorge na cerimônia em que passou o título do presidente para Pedrinho.

“Finalmente, no final do ano, ele mandou o decreto para a Câmara de Vereadores, esse decreto vai viabilizar a reforma de São Januário. Provavelmente o Vasco vai fazer a reforma do estádio sem pegar um centavo no banco, sem se endividar e vai ter um estádio moderno, de ponta”, complementou.

O planejamento era entregar a arena concluída no dia 21 de agosto de 2023, no 125º aniversário do Vasco, fato que não ocorreu. Além disso, a incumbência das reformas dos centros de treinamento da equipe profissional e da base passaram a ser da SAF.

Tentativa do Vasco em recuperar os 150 mil sócios

A intenção de Jorge era atingir a marca de 150 mil sócios, já que os associados despencaram com a pandemia. O presidente idealizou alcançar essa meta com algumas campanhas, mas isso nunca saiu do papel.

Reestruturação do estatuto

O ex-presidente assegurou que a reforma do estatuto “redemocratizaria o Club de Regatas Vasco da Gama e institucionalizaria processos modernos de Governança”. Acreditou-se que o Conselho daria prioridade ao tema no momento que Salgado assumisse. Entretanto, esta situação evoluiu apenas no final da última temporada.

Depois de convocar a Assembleia Geral Extraordinária para avaliar a possibilidade da proposta de reestruturação, a eleição foi vetada por uma decisão judicial. A pauta será uma responsabilidade do próximo mandatário, Pedrinho.

Evolução do futebol feminino do Vasco

Após assumir a presidência, Jorge Salgado na ‘Declaração de Compromissos’ garante que

“Queremos que nossas atletas possam ter uma carreira da mesma forma que os atletas do Futebol masculino tem. Não trataremos a modalidade como um subproduto imposto pelas federações para participação de competições estratégicas. Queremos trazer parceiros para essa modalidade e dar a mesma condição de trabalho que o futebol masculino tem para o melhor desempenho esportivo das nossas atletas”

Neste cenário, não houve cumprimento da promessa, até mesmo da instauração da SAF e venda para a 777 Partners. O time feminino encara dificuldades como a saída de jogadoras, mudança constante de profissionais, além de carência de estrutura e investimento. Nesta categoria, o Cruz-Maltino foi rebaixado para a Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro e não teve sucesso em conquistar o acesso na temporada passada.

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